Meditação é eficaz contra ansiedade, afirma ciência
Pesquisa mostrou que participar de um programa de redução de estresse foi tão eficaz quanto usar antidepressivo
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“Mens sana in corpore sano”. A citação de origem latina significa o que muitas pessoas buscam diante de uma vida cada vez mais agitada e das pressões do dia a dia: uma mente sã num corpo são.
Uma das formas já consagradas de reduzir o estresse e a ansiedade como terapia complementar aos tratamentos de saúde mental é a meditação. Agora, surge o primeiro estudo clínico randomizado que constatou que meditar seria tão eficaz quanto um antidepressivo para a ansiedade.
O estudo da Universidade de Georgetown (EUA) acompanhou 276 pessoas e foi publicado na revista Jama Psychiatry.
A pesquisa constatou que participar de um programa de redução de estresse baseado em mindfulness (atenção plena) foi tão eficaz quanto usar o antidepressivo Escitalopran para o transtorno de ansiedade.
“A pesquisa, em si, ela de fato revela altos índices de melhora em quadros de ansiedade. No caso da ansiedade, os resultados com a meditação foram muito favoráveis, chegam a ter uma melhora de 40%”, observa o psicólogo Gerson Abarca.
A professora de ioga Ingrid Gabriella da Hora Carriço, 29 anos, explica que há duas formas de meditação: a ativa e a passiva.
“A meditação passiva é você simplesmente sentar, ficar imóvel e observar os seus pensamentos na sua tela mental. Pode ser em silêncio ou guiada”, afirma.
Já a meditação ativa é a mindfuldness, onde insere-se a ioga. “A prática de ioga exige que você esteja 100% presente no seu corpo para realizar as posturas, em sincronia com a respiração, e conseguir o equilíbrio necessário”.
A estudante Kamilly Pazulini, 19, conta que descobriu a meditação por meio da ioga. “Com a pandemia, fiquei muito ansiosa. E a prática meditativa ajuda nos sintomas”.
Tratamento não pode ser ignorado, dizem médicos
A meditação é uma aliada importante na prevenção do estresse, segundo especialistas. “Quando o estresse é muito intenso, busca-se psicólogo e técnicas de relaxamento, como meditação, porque isso ajuda no trabalho de prevenção”.
A afirmação é do psiquiatra Valdir Ribeiro Campos, que diz que as alterações neuroquímicas causadoras dos transtornos como a depressão e a ansiedade são corrigidas com a medicação.
O psiquiatra Jairo Navarro observa que toda pesquisa deve ser analisada de maneira criteriosa. “É um estudo isolado, você não tem tantos outros estudos, não vi tantos outros detalhes, mas 276 pessoas é grupo pequeno. Sugere, assim como a gente vê na prática, que a meditação pode ser usada como coadjuvante”.
Ele destaca que os transtornos de ansiedade são muito diferentes entre si e que a meditação em hipótese alguma vai substituir o uso de medicamento e psicoterapia.
O psiquiatra Rodrigo Eustáquio diz que meditação é para agregar ao tratamento psiquiátrico ou manter como atividade, após retirar a medicação.
“Jamais deve-se iniciar ou suspender medicação sem acompanhamento do psiquiatra”.
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