Transcol já tem 100 mulheres motoristas
Elas contam que conquistaram sua independência com a profissão, mas relatam também casos de preconceito
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Mulheres no volante? O Sistema Transcol tem. A profissão de motorista de ônibus pode ser vista como masculina, mas isso não desanima algumas mulheres que trabalham nesse cargo tão importante para o dia a dia das pessoas.
Segundo o GVBus, Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória, que representa as empresas operadoras do Sistema Transcol, existe uma média de 2.800 homens na função de motorista e cerca de 100 mulheres.
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Juliana Do Monte, Raquel Suim, Jandira Emeterio e Vanessa Santana são algumas delas.
“Amo minha profissão. Tenho um salário bom, minha independência, conquistei meu apartamento… Sou feliz no que faço”, contou Raquel, 42, que é motorista de ônibus há 11 anos.
Ela disse que quando teve a oportunidade de trabalhar, aproveitou ao máximo, e disse que está vendo um crescimento no número de mulheres nesse cargo.
“Oportunidades estão surgindo e elas também procuram ser mais independentes”.
Jandira, de 64 anos, é motorista de ônibus desde 2006 e, assim como Raquel, notou aumento de mulheres na profissão.
Ela afirmou também que o preconceito diminuiu com os anos. “Já ouvi comentários de ‘já vem aquela mulher’ e recebi olhares negativos. Mas isso tem diminuído muito. Porém, é claro que o preconceito ainda existe, principalmente por parte de outras mulheres”, falou.
No caso de Raquel, o preconceito chegou a um nível tão absurdo que uma mulher desceu do ônibus ao avistar quem era a motorista. “Isso aconteceu há sete anos, mas ficou marcado em mim. Não esqueço nunca”.
Machismo
Edilamara Rangel, advogada trabalhista e militante dos direitos das mulheres, afirmou que o número de mulheres como motoristas de ônibus é uma evolução com o passado mas, no entanto, ainda há o que melhorar.
“É preciso evoluir muito para desconstruir o machismo que está em nossa sociedade. Mais informação e processos educativos são necessários para que a população compreenda que a mulher ocupa os espaços”, comentou.
“Acredito que vai avançar mais”
“Vejo que há uma evolução no número de mulheres como motoristas de ônibus porque no passado nós não víamos nenhuma. Acredito que vai avançar mais, estamos caminhando para os veículos automáticos.
Na minha opinião, não houve tanto avanço nessa profissão para as mulheres por conta do veículo ser muito grande. Isso impactou muito no processo, é igual ao número de mulheres caminhoneiras, que é pequeno também.
Para que profissões consideradas “de homens” sejam cada vez mais ocupadas pelas mulheres, acredito que é necessário o trabalho de conscientização de cada um.
Nós, enquanto mães e pais, devemos levar para nossas filhas que elas devem acreditar em seus potenciais. Isso também deve ser trabalhado nas organizações, escolas e faculdades”.
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