Procura por cursos de Psicologia bate recorde
Nos últimos 10 anos, o número de novos alunos chegou a crescer até 168% em faculdades do Espírito Santo
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País mais ansioso do mundo, com 18,6 milhões de pessoas convivendo com o problema, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil vive um fenômeno de matrículas no curso de Psicologia. Nos últimos 10 anos, o número de novos alunos chegou a crescer até 168% em faculdades do Estado.
É o caso do Centro Universitário Salesiano (UniSales), que registrou um aumento expressivo da procura pelo curso, principalmente com a pandemia. Na Universidade Federal do Espírito Santo, a nota de corte para Psicologia alcançou 745.42 pontos, nota equivalente ao curso de Direito.
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A coordenadora do curso de Psicologia da Ufes, Luciana Bicalho, diz que a área sempre teve a tradição de ser uma das mais concorridas, porém, com a conscientização sobre a importância dos cuidados com saúde mental, ampliaram-se as possibilidades de trabalho.
“Existe uma demanda importante por psicólogos. Hoje, a atuação profissional já não é vista apenas na clínica. Há profissionais nas escolas, nos hospitais, nas empresas, de forma liberal e em outros espaços. Durante a pandemia, pesquisadores falaram em uma quarta onda: o sofrimento psíquico”.
A coordenadora do curso de Psicologia da Faesa Centro Universitário, Caroline Bezerra, diz que há diferentes perfis de estudantes da área.
“Os jovens que saem do ensino médio procuram muito o curso, mas há também pessoas já graduadas que querem adquirir conhecimento. Enquanto sociedade, temos mais liberdade para falar sobre saúde mental e desmistificamos a ideia de que ‘psicólogo é para doidos’”.
O pró-reitor acadêmico do UniSales e doutor em Psicologia, Alexandre Aranzedo, conta que, em um primeiro momento, o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) foi responsável pelo aumento de matrículas no curso. Desde 2020, o principal motivo é a pandemia.
“A pandemia deu visibilidade à dimensão psicológica humana. A Psicologia contribui não apenas para combater o sofrimento psíquico, mas para o suporte ao desenvolvimento. Hoje, o aluno do curso é bem heterogêneo: jovens, pessoas em segunda graduação e na primeira graduação após os 40 anos”.
Ampla atuação profissional na área
A procura pelo curso de Psicologia é tão grande que, a cada semestre, há turmas matutinas e noturnas na Faesa Centro Universitário. Entre 2019 e 2023, o interesse pelo curso cresceu 42%.
A estudante Brenda Kethellyn Oliveira, 23, e todas suas colegas de turma foram algumas das pessoas que optaram pela carreira.
Para a universitária, a escolha se deu pela afinidade de características de sua personalidade com as habilidade da profissão.
Já no sétimo período, ela conta que descobriu a ampla atuação da categoria com o tempo.
“Descobri vários campos de atuação do curso. Pretendo seguir a área clínica, e tenho me identificado muito com a Psicologia Social”.
Especialistas apontam desafios da profissão
Com a pandemia, a saúde mental assumiu o centro das discussões e, mais do que em qualquer momento histórico recente, a psicologia ganhou visibilidade, apontam especialistas. Ainda assim, como em outras carreiras, profissionais da área enfrentam desafios.
A consolidação da relevância do saber psicológico, a acessibilidade das práticas de psicologia à população mais carente, a efetivação de políticas públicas e a expansão do olhar da psicologia sobre a atuação em empresas são os desafios apontados pelo pró-reitor acadêmico do Centro Universitário Salesiano (UniSales) e doutor em Psicologia, Alexandre Aranzedo.
A coordenadora do curso de Psicologia da Faesa, Caroline Bezerra, aponta que há desafios no campo profissional e na formação acadêmica dos estudantes do curso.
“No campo do trabalho, ainda não temos um piso salarial. Há discussões em pauta, mas não foram decididas. Temos, ainda, a luta pela garantia de que todas as escolas tenham um profissional da psicologia. Já na formação profissional, o desafio é construir profissionais atualizados, éticos e com cuidado ao outro”.
De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (CFP), a falta de um piso salarial causa precarização nas condições de trabalho da categoria.
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