Diferença salarial entre gêneros é um soco no estômago!
Artigo escrito pela empresária Ana Paula França
Leitores do Jornal A Tribuna
Um soco no estômago! Que a diferença salarial entre gêneros existe, todos nós sabemos, mas que Vitória é a capital com maior diferença salarial entre homens e mulheres, isso, sem dúvida, é um soco no estômago de qualquer capixaba.
Em recente pesquisa publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi apontada não só essa estatística, mas também que, no Espírito Santo, mulheres recebem, em geral, cerca de 30% menos que homens em mesma posição, só ficando melhor posicionado no ranking que Mato Grosso do Sul (32,3%), Mato Grosso (28,6%) e Rio Grande do Sul (27,2%).
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A disparidade não é de se estranhar já que, no Brasil, as mulheres só passaram a ter direitos trabalhistas e a poder trabalhar sem autorização do marido há algumas poucas décadas. Além disso, o nosso Estado é notoriamente conhecido pelos altos índices de feminicídio.
E como resolver essa situação? A resposta está longe de ser simples. Trata-se de uma cultura enraizada há séculos, na verdade, milênios, desde que migramos para o modelo de sociedade patriarcal. De toda forma, vou discorrer sobre algumas ações que coordenadas, podem sim reduzir ou até eliminar essas diferenças a longo prazo.
A começar, cito a conscientização. Há quase 20 anos, a consultoria estratégica McKinsey realiza pesquisas no mundo corporativo relacionadas à diversidade e mulheres. Segundo o relatório Women in the Workplace 2022, líderes mulheres entregam 48% mais resultado operacional e 70% mais faturamento, o que por si só já deveria dar ponto final a essa discussão, concordam?
Pois bem, mas enquanto isso não acontece, a ONU – Organização das Nações Unidas – criou a ONU Mulher com foco em garantir os direitos humanos das mulheres com três áreas prioritárias de atuação: liderança e participação política, governança e normas globais; empoderamento econômico; prevenção e eliminação da violência contra mulheres e meninas, paz e segurança e ação humanitária.
Além disso, leis que incentivem a diversidade e inclusão podem tocar o bolso do empresariado e assim sensibilizá-los já que sanções, neste país, nem sempre parecem ser a melhor opção. Afinal, apesar da discriminação ser crime segundo a legislação, vemos casos corriqueiramente.
Outra ação que pode ser tomada pela iniciativa pública seria a inclusão da temática empoderamento feminino na formação escolar. Assuntos como negociação, liberdade financeira, empreendedorismo, carreira e história da mulher, sem dúvidas, podem ser trabalhados e desenvolvidos ao longo da vida escolar de nossas meninas. Quanto maior a consciência dos desafios e das ferramentas que existem, maior a chance de êxito das novas gerações.
Na iniciativa privada, por sua vez, as empresas poderiam iniciar a jornada de igualdade implementando alguns desses itens:
- plano de cargos e salários estabelecido sem distinção de gênero ou qualquer outra que não a performance e/ou complexidade de atuação da função;
- programa de mentoria para orientar homens e mulheres ao longo de sua carreira em como progredir e respeitar os colegas e suas especificidades;
- políticas que coloquem mulheres e homens em mesmas condições de trabalho, por exemplo, estimulando que os pais alternem com as mães as idas ao médico ou à escola;
- grupos de mulheres em diferentes níveis de carreira para desenvolvê-las, discutir suas experiências e apoiar umas às outras; apoio psicológico para qualquer pessoa que sofreu ou sofre qualquer tipo de abuso;
- treinamento para o time de recrutamento e seleção, bem como os líderes de forma a prepará-los para lidar com as diferenças; promover a escuta ativa e buscar a melhoria contínua.
E para fechar esse artigo, trago minha última reflexão e sugestão de ação: nós mulheres precisamos nos apoiar! Empoderamento feminino é respeitar as outras mulheres, independentemente do estilo de vida que elas levam. É encorajá-las, apoiá-las e ajudá-las a descobrirem o seu poder como mulher porque só seremos livres quando todas as mulheres forem. Portanto, a transformação começa com você!
Ana Paula França é empresária
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