Craques no estudo e no esporte
Estudantes se dedicam para ter boas notas na escola e também se destacarem nas atividades físicas que mais gostam
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O foco e a dedicação não estão apenas voltados aos esportes. Craques em jogos escolares de diversas modalidades também são destaques nas boas notas.
O estudante e jogador de handebol João Pedro do Carmo Bispo, de 15 anos, é um dos integrantes da equipe de handebol masculino da escola municipal Irmã Feliciana Garcia, de Vila Velha.
A equipe foi campeã dos Jogos Escolares Brasileiros, de 2022, na faixa etária de 12 a 14 anos, e participou do Sul-Americano, em dezembro, no Paraguai. “Foi uma sensação e uma experiência incrível participar. Ficamos em 4º lugar”.
Para este ano, em uma nova categoria, a equipe já está na preparação para mais um campeonato, já que as seletivas acontecem no final do mês. Para isso, os treinos na escola serão feitos três vezes na semana, com ajuda do professor de Educação Física e técnico Alex Sandro de Souza Chaves.
A família, segundo ele, é só orgulho. “Eles torcem muito e ficam felizes com cada conquista”.
Mas não é apenas no handebol que ele se dá bem. Aluno aplicado, no 9º ano do ensino fundamental, João Pedro faz questão de frisar que sempre manteve notas boas. “O esporte ajudou com que eu me esforçasse ainda mais nos estudos”, contou.
Outra atleta de destaque, mas no atletismo, é a estudante Luana Soares Aguilar, de 17 anos. Aluna da escola estadual Nova Carapina, Luana começou no atletismo aos 13 anos de idade, em seu colégio.
“O professor Marcio Bercali me incentivou e comecei correndo 75 e até 1.000 metros. Em 2021, comecei a levar mais a sério, participando de campeonatos nacionais”.
Em setembro do ano passado, ela também foi convidada a participar da corrida internacional She Runs, que aconteceu na Bélgica.
A competição, exclusivamente para mulheres, tem o objetivo de promover o bem-estar e a liderança feminina por meio do esporte escolar. “Foi ótima a experiência. Conheci pessoas de outros países e culturas.”
Agora, o foco é participar do campeonato brasileiro escolar, que acontece em março, em Brasília.
Ela revelou ainda que, desde que começou a participar ativamente das competições, as notas também melhoraram na escola.
“Sou boa aluna, mas o esporte me deu mais motivação. Quero fazer Enem para tentar uma vaga no curso de Educação Física”.
Bolsa de estudos
Foi um professor de Educação Física que viu em Rayanne Cavalcanti, 17, o potencial para o futebol. “Ele me indicou para uma equipe e, em 2017, consegui a vaga”.
Segundo ela, o esporte ainda garantiu uma bolsa no Centro Educacional Mundo Moderno.
“Procuro ter um bom desempenho na escola. No esporte, nossa equipe foi medalhista em dois campeonatos brasileiros. Este ano, garantimos vaga para o brasileiro, no Tocantins”.
Fera nos tatames em competição internacional
Aos 15 anos, Enzo Antonio dos Anjos Pegorette já exibe com orgulho centenas de medalhas e até cinturões de campeonatos de nível nacional e internacional.
Ele é atleta de judô, jiu-jítsu, mas é na modalidade de luta olímpica (wrestling) que ele sonha em conseguir uma vaga para competir nas Olimpíadas de Los Angeles, em 2028.
Mas, muito além de ser fera nos esportes, nos estudos ele também é medalhista em competições de conhecimento. São diversas medalhas em Olimpíadas como de Física, Matemática, Ciências e até na Olimpíada Brasileira do Oceano.
Aluno do curso técnico de Automação Industrial do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Enzo recebeu neste semestre uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para pesquisa.
Para os próximos anos, ele já pensa em conciliar os treinos nos esportes com o foco nos estudos para uma boa pontuação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), já que quer tentar uma vaga para o curso de Medicina. “Penso em atuar na área da Medicina Esportiva”, revelou.
Para ele, o foco e a dedicação nos estudos têm relação direta com o esporte em sua vida. “Tentei jogar futebol, mas não me encaixei. Então comecei a fazer aulas de lutas e nunca mais parei”.
Conhecido por ser muito calmo, Enzo relatou que o esporte garantiu muitas experiências boas durante campeonatos, além de oportunidades.
Como resultado, ele foi medalhista nos Jogos Escolares Brasileiros, nos Jogos da Juventude, além de outros campeonatos brasileiros.
No ano passado, ele ainda participou dos campeonatos Naga Fight e Gaman, de jiu-jítsu, nos Estados Unidos.
Em março, ele irá participar da seletiva valendo vaga para a seleção brasileira de luta olímpica, que vai representar o País no campeonato pan-americano, em junho.
Aos poucos, ele vem colhendo alguns frutos da dedicação. É um dos 33 bolsistas da categoria estudantil no Bolsa Atleta, da Secretaria de Esportes e Lazer (Sesport), além de ter bolsa de estudos para estudar Inglês na CNA de Linhares, onde mora.
O pai de Enzo, o advogado Josemar Pegorette, 54 anos, é só orgulho das conquistas do filho, tanto nos esportes quanto nos estudos. Para acompanhar, hoje ele ainda pratica lutas e participa ativamente do treinamento de Enzo.
“Ele é um menino muito tranquilo e dedicado a tudo o que faz. Sonhamos juntos em chegar em 2028 às Olimpíadas de Los Angeles. Ele vai conseguir”.
Dos jogos escolares às Olimpíadas
De atleta de escola da rede estadual a atleta olímpica, Geovanna Santos, de 21 anos, nunca deixou de ter como prioridade os estudos.
Na trajetória nos esportes como ginasta rítmica, entre as principais conquistas, ela tem a participação nas Olimpíadas de Tóquio, em 2021, além de títulos de campeã pan-americana de conjuntos (2021), finalista na Copa do Mundo de 2021, campeã pan-americana em 2022 e vice-campeã geral dos jogos sul-americanos em 2022.
Cursando Fisioterapia, ela contou que, apesar da dedicação aos esportes, os pais sempre fizeram questão de incentivar os estudos. “Sempre tive em mente que os estudos tinham de estar em 1º lugar. Sem eles, eu não serei nada depois que me aposentar do esporte”.
Ela ressaltou que o esporte ajuda até hoje na disciplina necessária para conciliar às duas atividades: a ginástica e as aulas.
“O esporte me proporcionou tudo que tenho hoje. Me deu oportunidade de crescer na vida. Eu morava no interior do Estado e, em 2010, vim para Vila Velha. São 15 anos dedicados a esse esporte que amo”.
Foram muitas viagens. “Foram diversas conquistas até chegar no meu grande sonho que era participar de uma olimpíada, e eu consegui. Participei das olimpíadas pelo conjunto. Hoje sou atleta do individual, e pretendo tentar vaga para as Olimpíadas de Paris 2024”.
O QUE A ESCOLA FEZ POR MIM
Aprendizado de valores
“Minha vida escolar foi, sem dúvida alguma, uma fase extremamente importante. Do 5º ao 8º ano, especialmente, tenho lembranças maravilhosas do Colégio Salesiano, que tinha à época como diretor o Padre Antídio, um ser humano único, com quem aprendi valores inegociáveis.
Uma pessoa íntegra, humana que tinha como premissa o diálogo e o atendimento a todos de forma igual. Além de pregar a fé, também focava na disciplina e na boa conduta.
Ele acreditava numa educação de qualidade para que nós pudéssemos alçar voos altos no futuro. Por experiência própria, foi isso que aconteceu comigo. Foi ele um dos que, à época, já defendia o ensino integral e o esporte como instrumento da formação humana.
Sempre me dediquei demais aos estudos. Ainda no meu último ano da Faculdade de Direito, aos 23 anos, fui aprovado no concurso para auditor de Controle Externo do Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCE-ES).
Depois, passei no concurso público para delegado da Polícia Civil. Tenho certeza de que todos os ensinamentos que aprendi na escola me fizeram chegar onde cheguei. Sou grato por cada funcionário, cada professor e pessoas que trabalharam e trabalham muito, dia após dia, para garantir uma vida de qualidade aos alunos.”
Lorenzo Pazolini, prefeito de Vitória
Hino às quartas-feiras
“Passei minha infância em Vila Velha, onde estudei por alguns anos na escola Vasco Coutinho. Me lembro da merenda escolar que era praticamente um almoço, pois tinha sopa e macarrão com carne moída. Para alguns dos meus colegas, era a refeição principal. Algo que sempre me lembro era do respeito mútuo entre todos na escola e o hino nacional, às quartas-feiras.
No ensino médio, passei a estudar no colégio das irmãs, como era conhecido o colégio São José, e terminei o 3º ano na escola estadual Godofredo Schneider, na Prainha, em Vila Velha.
Depois, passei a trabalhar durante o dia para fazer pré-vestibular no Colégio Nacional à noite. Isso me possibilitou passar no curso de Agronomia, na Ufes, em Alegre. Essa foi uma época especial da vida, pois quem estudava no campus formava uma verdadeira família.
Foi essa formação que também me permitiu, mesmo sem experiência, conseguir uma bolsa para estudar gestão agrícola por 10 meses na Itália. Hoje entendo porque meu pai sempre diz que o 'melhor patrimônio que se pode deixar para um filho é saúde, alimentação e educação'.”
Edimar Binotti Junior, 60, engenheiro agrônomo, corretor rural e assinante de A Tribuna
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