Natal do Pix
Uma coisa é dar dinheiro e outra, muito diferente, é pedir. Isso em nenhuma cultura é aceitável ou bem-visto
Adoro dinheiro. E adoro o fato de que, em algumas culturas, como as orientais, não há problema algum em dar dinheiro de presente em grandes celebrações como casamentos e até mesmo no Natal.
Mas uma coisa é dar dinheiro e outra, muito diferente, é pedir. Isso em nenhuma cultura (que eu saiba) é aceitável ou bem-visto. E não importa quão modernos e práticos sejam os novos expedientes de transferência.
Não, não é elegante. Nem com jeitinho. Nem mesmo se o pedido vier detalhado e impresso em um lindo convite de casamento com letras douradas.
Sim, está tudo tão difícil que dá muita vontade de pedir dinheiro. Mas presente de Natal não se pede. Começa por aí. Só em cartinha para Papai Noel - e ele ainda não faz Pix.
Tenho recebido enxurradas de perguntas com teor parecido e reproduzo aqui algumas delas.
Amigo secreto. Posso pedir dinheiro? Claro que não. A boa notícia é que pode pedir um “vale” . E os vales hoje variam: vale-livro e vale-DVD são os básicos. Mas tem vale-massagem, vale-day spa, vale-drinque, vale-fim de semana, vale-tratamento de cabelo, pele, vale-desconto (esse último em loja de roupas, e acessórios é super comum) - e por aí vai. De modo que indicar qual a área do vale que gostaria de ganhar pode ser uma boa ideia. E não é feio…
Não tenho grana, o que fazer? Difícil, mas não é o fim do mundo. Avise desde o início que não vai participar pois esse ano “não vai dar pra mim” e se alguém ousar insistir diga que realmente prefere pular essa e que vai se sentir melhor assim. Ok, você quer participar e tem algum talento oculto como cozinhar, pintar ou algo assim. Pois nem pisque e dê de presente o fruto do seu talento: um bolo delicioso, uma bonita pintura, o que for. Deveria ser apreciado pelo que é: sua dedicação e tempo para agradar àquela pessoa com algo único feito especialmente para ela.
Preciso dar/ levar presente para todos? De jeito nenhum. Em geral, leva-se alguma coisa para os donos da casa e para as crianças da casa (menores de 14 anos) se houver. Isso se não tiver sido combinado diferente...
Natal beneficente. Há quem peça brinquedos e material escolar para determinadas instituições - em geral em casas sem crianças. Acho, além de elegante, muito mais dentro do verdadeiro espírito de Natal. Prática que deveria ser encorajada por aqui onde ostentação e desperdício andam na mesma proporção da necessidade. Tudo chega devidamente embrulhado e fica debaixo da árvore, assim todos veem o poder da união de forças e, em geral, no dia 26 de dezembro, com calma, é encaminhado ao seu destino final.
Festa da empresa é chato não participar? Uma coisa é o amigo secreto, outra a festa em si. Do primeiro você até pode escapar mas, da confraternização, é mais difícil e desaconselhável. Fique bem pouco se for o caso, saia de fininho e pronto. Ninguém vai te cobrar isso. E se fizerem, sempre dá para dizer que “passei mal”.
Pois é: quem disse que era fácil? Ando pedindo para Papai Noel uma viagem solo do dia 23 a 3 de janeiro. Quem sabe ele atende com um vale-passagem que seria adequado e pra lá de útil…