A terapêutica Copa do Mundo
Após os jogos, surgem as reações. Caso sejam gratificantes, o cérebro é inundado pela dopamina, gerando alegria e êxtase
Dr. João Evangelista
Começa o jogo do Brasil. Coloco um sorriso nos lábios, antes que uma lágrima deslize pelo meu rosto. Ao temperar razões com emoções, a vida se torna mais palatável.
Diferentes tipos de sentimentos comandam nosso dia a dia. Tomamos decisões baseadas em nossa alegria, tristeza, raiva, tédio ou frustração.
Entender emoções pode nos ajudar a navegar pela vida com mais estabilidade. Para quem aprecia, a Copa do Mundo é um momento mágico, em que costuramos vestimentas para nossos sonhos.
Indiferente ao fato do motivo ser uma bola, a emoção trabalha com os caprichosos trajetos desse artefato rumo ao gol, produzindo um estado psicológico complexo, que envolve experiência subjetiva, resposta fisiológica e reação comportamental.
Neurônios, vestindo a camisa do cérebro, correm de um lado para outro, gerando felicidade ou tristeza, raiva ou medo, confiança ou aversão e surpresa ou antecipação, esse estado em que o sonho é despertado com o alarido da expectativa.
Durante 90 minutos, nosso excitado ser experimenta sensações subjetivas, apresentando tanto entusiasmo, quanto nervosismo. Essas reações podem aparecer ao mesmo tempo, ou mescladas uma com a outra.
Além do emocional, surgem manifestações fisiológicas. Nesse momento, sentimos frio na barriga e palpitação no peito.
Algumas dessas respostas fisiológicas deixam as mãos suando ou o coração acelerado, sendo reguladas pelo sistema simpático, parte do sistema nervoso autônomo, que administra respostas corporais involuntárias, como a circulação sanguínea e a digestão.
O sistema nervoso simpático é encarregado de controlar as reações de luta ou fuga do corpo. Ao enfrentar uma ameaça, mesmo que seja uma bola na trave, essa resposta prepara o corpo para se afastar do temor ou enfrentar o perigo de frente.
Reações comportamentais podem surgir imediatamente após o jogo. Nesse momento, expressamos nossos afetos, seja um sorriso para indicar felicidade ou uma carranca para demonstrar descontentamento.
Serotonina, adrenalina e dopamina são os regentes dessa orquestra emocional. Antes dos jogos, analisamos as possibilidades, interpretamos os treinamentos e validamos a esperança. É a serotonina, esse neurotransmissor da cognição, posta em ação.
Durante as partidas, o corpo é inundado de adrenalina, esse combustível da ação. Para manter a situação de estresse, o organismo consome grande quantidade de energia. Por esse motivo, passado esse momento, surge o cansaço.
Após os jogos, surgem as reações boas ou ruins. Caso sejam gratificantes, o cérebro é inundado pela dopamina, gerando alegria e êxtase.
Caso sejam decepcionantes, o organismo reage com desânimo ou raiva, voltando a descarregar adrenalina, que reacende a chama das contestações.
Quando a emoção governa sozinha, ela torna-se um fogo que arde até sua própria destruição. Não somos responsáveis pelas nossas emoções, mas sim do que fazemos com elas. Emoções são sempre tortas, fossem retas, seriam razões.
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