Registro digital de anestesia traz mais segurança aos pacientes
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Leitores do Jornal A Tribuna
No dia 16 de outubro de 1846 foi feita a primeira demonstração de um procedimento cirúrgico sob anestesia geral. Na ocasião, o agente utilizado foi o éter, e durante estes 176 anos pudemos observar como a tecnologia disponível de cada época trabalhou em favor dos anestesiologistas e de seus pacientes.
Uma das ferramentas mais recentes que vem aperfeiçoando o exercício desta especialidade médica é o registro digital das anestesias, pois, além de trazer mais segurança para o procedimento em si, favorece a exploração de importantes dados relacionados às cirurgias. Assim, além de contribuir para uma das principais funções do anestesiologista, que é a proteção dos pacientes cirúrgicos, a ferramenta também propicia grandes avanços para a área administrativa.
Com o registro digital, o procedimento fica mais transparente, sem a interferência do papel ou da caligrafia, que em muitas vezes pode causar equívocos. A tecnologia também assessora a administração dos fármacos utilizados durante o procedimento operatório, o que dá mais segurança aos pacientes. Outra funcionalidade relacionada a segurança consiste no apoio e na confirmação do cumprimento dos indispensáveis checklists (listas de verificação), o que traz mais tranquilidade para todos aqueles que estão envolvidos no processo.
Com relação às vantagens associadas à gestão hospitalar, é possível citar a eficiência como um dos parâmetros: a se depender do procedimento, a coleta manual de um registro em papel pode durar mais de uma hora, e com possibilidade de erros. Na modalidade digital, a coleta é imediata e automática. Além disso, as informações logísticas e financeiras decorrentes dos atos cirúrgicos agora podem ser tabulados e analisados, o que promove o desenvolvimento e a construção de melhores práticas administrativas para o segmento da saúde.
De todo modo, a transformação digital na saúde não é uma novidade. Os primeiros prontuários digitais no Brasil apareceram há mais de duas décadas, e hoje representam o atual paradigma. O problema, na verdade, envolve o fato de que as informações decorrentes de cirurgias não eram totalmente inseridas aos demais dados digitais, isto porque a tecnologia disponível não era suficiente para abranger as informações provenientes dos atos anestésicos, o que representava importante pendência neste sentido. Ocorre que o anestesiologista, além de ser responsável pelo conforto e segurança, faz o acompanhamento da evolução da cirurgia, e os dados obtidos desta prática podem realmente fazer a diferença.
O momento é de evolução. Em nosso Estado, pioneiramente a Cooperativa de Anestesiologia do Espírito Santo (COOPANEST-ES) disponibiliza um sistema de registro digital para todos os seus quase quatrocentos cooperados, que podem utilizar a funcionalidade em qualquer unidade de saúde que trabalham. Assim, desta forma fica praticamente garantida a plena abrangência desta recente tecnologia aqui no Espírito Santo.
ANDRÉ CARNEVALI é médico anestesiologista e presidente da Coopanestes.
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