Vamos conversar sobre saúde mental nas organizações?
O importante é sempre se comunicar com cuidado e compaixão, proteger a privacidade da pessoa doente e dar todo apoio
Leitores do Jornal A Tribuna
A saúde mental no trabalho é um assunto que não pode ficar para amanhã. Deve ser uma das prioridades nas empresas, afinal, a maioria das pessoas ativas passa a maior parte de suas horas trabalhando.
Estudos nas áreas da saúde e das organizações apontam que 1/5 da população apresenta crise de ansiedade, 32% dos trabalhadores possuem sintomas de burnout, e depressão já é a segunda maior causa de afastamento do trabalho (para além de acidentes). Cuidar da saúde da mente e das emoções tornou-se uma agenda essencial para a qualidade de vida das equipes e para reter talentos de qualidade nas organizações.
Em tempos pós-pandêmicos, em que passamos por uma série de transformações emocionais, relacionais, econômicas, entre outras, enfrentamos um aumento do adoecimento psíquico, com destaque para o estresse, a ansiedade e a depressão.
Precisamos ter conversas significativas – ainda que muitas vezes difíceis – no local de trabalho sobre o suicídio, por exemplo, pois conversar sobre o tema já é um passo para sua prevenção. Ao contrário do que muitos pensam, falar sobre suicídio não estimula o ato, é a forma como fazemos isto que pode acarretar consequências negativas. Por isso, quanto mais informação e conhecimento sobre o assunto, melhor.
Para tanto, é necessário uma liderança forte e humana que compreenda que a promoção da saúde mental beneficia a todos, quer a pessoa esteja saudável, esteja em risco de desenvolver dificuldades (como a dependência de substâncias) ou tenha um problema de saúde existente (como a depressão ou distúrbios do sono).
Além disso, é essencial compreender os custos humanos e financeiros das doenças mentais no ambiente de trabalho. Este entendimento ajuda os empregadores a desenvolverem planos de ação para melhorar tanto o bem-estar dos empregados quanto o resultado final de seus negócios.
Então, ficam aqui algumas ideias para que lideranças possam contribuir para a saúde mental no ambiente de trabalho: desenvolver um programa abrangente de saúde e segurança que trate de fatores organizacionais que possam impactar a saúde mental; incorporar a prevenção ao suicídio na estratégia de saúde mental; realizar campanhas de sensibilização e psicoeducação em saúde mental anti-estigmas e disponibilizar treinamento de prevenção a suicídios no local de trabalho; assédio, intimidação, discriminação e linguagem estigmatizante aumentam o risco de doenças mentais; e preocupações financeiras, medo de perder o emprego e outras fontes de estresse podem resultar em pensamentos suicidas.
É preciso, ainda, observar se algum funcionário exibe mudança de comportamento, demonstrando aumento de ansiedade, irritabilidade e estresse, ou se falou sobre suicídio.
O mais importante é sempre se comunicar com cuidado e compaixão, proteger a privacidade da pessoa doente e dar todo apoio e recursos necessários. Praticar a escuta ativa, perguntando aos membros da equipe de que forma pode apoiá-los, é o melhor caminho e um bom começo.
MÁRCIO MERÇONI é psicólogo executivo e coordenador estadual da CDL Jovem Nacional.
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