O envelhecimento populacional e seus enfrentamentos
O envelhecimento da população é uma realidade cada vez mais vivenciada na sociedade atual
O envelhecimento da população é uma realidade cada vez mais vivenciada na sociedade atual. Segundo dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, divulgada pelo recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a parcela de pessoas com 60 anos ou mais no Brasil aumentou de 22,3 milhões para 31,2 milhões entre os anos de 2012 e 2021.
Os indivíduos de 65 anos ou mais atingiram 10,2% da população total. Já o número de brasileiros com menos de 30 anos caiu 5,4%, no período.
O envelhecimento populacional, que tem acontecido em escala global, pode ser justificado por alguns fatores determinantes, como a queda da fecundidade e o aumento da perspectiva de vida da população (que aumentou nos últimos anos, média atual de 76,7 anos), além do maior acesso aos serviços de saúde e serviços sanitários ao longo das décadas.
À medida que o mundo vive essa perspectiva de aumento da população idosa, é importante atentar-se para algumas necessidades que se fazem um tanto urgentes, para garantir que esse envelhecimento seja positivo e saudável.
Para isso, é fundamental a atuação em várias frentes. Por parte dos governos, é preciso que se priorizem políticas públicas eficientes, capazes de garantir os direitos básicos da terceira idade, que também cresce em carências que não se pode ignorar.
Além de suprir as demandas assistenciais, tais políticas precisam garantir direitos coletivos que dignificam a vida dos idosos, como acesso à justiça, à previdência, ao atendimento preferencial, ao lazer, a uma urbanização adequada, a boas condições sanitárias e nutricionais, entre outros benefícios de caráter protetivo que preservam a qualidade de vida desse público, possibilitando que esses indivíduos exerçam sua cidadania.
O envelhecimento aumenta diretamente demandas sociais e econômicas de um país e é fundamental que os governos se organizem e priorizem essa importante parcela da população com iniciativas funcionais e eficazes.
No entanto, podemos dizer que o envelhecimento da população traz muitos desafios. Segundo um estudo da universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), houve um crescimento de idosos obesos no País entre os anos de 2006 e 2019. A pesquisa revelou que a prevalência de sobrepeso aumentou de 53% para 61,4%, e a prevalência de obesidade, de 16,1% para 23%, o que significa crescimento de 2,8% ao ano.
Estudos apontam que a depressão atinge cerca de 13% da população entre 60 e 64 anos. Esses são apenas exemplos dos problemas que precisam ser enfrentados, não apenas com políticas públicas, mas com a união de forças entre familiares e responsáveis pelos entes queridos da terceira idade.
É fundamental priorizar as necessidades e promover, dentro da realidade de cada um, o enfrentamento às adversidades que contribuem para uma terceira idade adoecida e sem esperança.
GUSTAVO GENELHU é médico geriatra.