Telômeros são depósitos de vida
Dr. João Evangelista
Cromossomos são corpúsculos carregados de informação genética. Cada um deles é constituído por uma longa molécula de DNA associada a proteínas, que são responsáveis por manter a estrutura do cromossomo e auxiliar no controle das atividades dos genes presentes.
Na extremidade dos cromossomos existem fileiras de DNA. Essa região é denominada telômero, tendo como função proteger o cromossomo contra danos, permitindo que a duplicação do DNA ocorra corretamente, sem desgastar os genes, durante ciclos de replicação.
Telômero significa “parte final”, ou seja, as extremidades dos cromossomos. Eles são partes do DNA, repetitivas e não codificantes. A função dos telômeros é proteger o material genético que o cromossomo transporta.
Na medida em que as células se dividem para multiplicar e regenerar os tecidos e órgãos do corpo, a tamanho dos telômeros vai se reduzindo e, por isso, com o passar do tempo, eles vão ficando mais curtos.
Quando, finalmente, os telômeros tornam-se tão pequenos que já não são mais capazes de proteger o DNA, as células param de se reproduzir, alcançando o estado de velhice.
A longitude dos telômeros é considerada um biomarcador de envelhecimento-chave no nível molecular.
Começamos a existência como uma única célula, que se multiplica por dois, dois se tornam quatro, quatro se tornam oito e por aí vai, até formar a totalidade de células que formam o corpo adulto. Algumas delas precisam se dividir milhares de vezes.
Nossas células continuam se renovando para nos manter vivos. Cada vez que uma célula se divide, todo o seu DNA é copiado, porque ele carrega instruções vitais que mantêm o corpo funcionando.
Células cardíacas mantêm sua batida constante, células imunológicas podem combater as bactérias e os vírus, células cerebrais conseguem manter a lembrança de uma grande paixão, por exemplo.
Entretanto, existe um problema na forma como o DNA é copiado. Toda vez que a célula se divide e o DNA é copiado, um pouco desse DNA das extremidades fica desgastado e menor.
Quando a ponta do DNA diminui, ela cai e o telômero corroído envia um sinal para as células, avisando que o DNA não está mais protegido.
Mas, se esse desgaste é inevitável, como a natureza faz para manter os cromossomos intactos?
A medida que envelhecemos, nossos telômeros ficam menores, e é isso o que nos envelhece. Quanto mais compridos forem os telômeros, melhor para o indivíduo. É o encurtamento deles que nos leva a perceber os sinais de envelhecimento.
Os cromossomos contam com a telomerase, enzima com a característica única de possuir no seu interior uma fita de RNA, que serve de molde para a extensão dos telômeros.
A telomerase faz uma transcrição reversa, pois, a partir do molde de RNA, ela constrói um novo segmento de DNA na extremidade do cromossomo.
Enquanto o tempo corrói o telômero, a telomerase fornece tempo ao tempo. A esperança contempla a longevidade, mas não elimina o horror ao envelhecimento.
SUGERIMOS PARA VOCÊ: