É preciso falar sobre parentalidade nas empresas
Leitores do Jornal A Tribuna
A pandemia acelerou algumas transformações na relação entre empresas e colaboradores. Uma delas foi a normalização do home office, que, por sua vez, evidenciou a necessidade de falar sobre parentalidade nas organizações. Mas o que é parentalidade?
O conceito de parentalidade está relacionado ao cuidado de pais e mâes com seus filhos. E o trabalho em casa praticamente obrigou as corporações a verem com mais naturalidade essa relação, afinal, os lares viraram escritórios, extensões das empresas, e as reuniões de trabalho on-line passaram a ter, com frequência, alguns pequenos participantes ilustres dando um “oi”.
Agora, estamos vivenciando o retorno dos colaboradores ao ambiente de trabalho, o que não quer dizer, de forma alguma, que as empresas devem se esquecer desse papel tão importante que seus funcionários desempenham em casa e que, inclusive, influencia diretamente no desempenho deles. O conceito de parentalidade deve fazer parte da cultura de cuidado das organizações para com os colaboradores.
Quando se tornam pais e mães, é natural que homens e mulheres mudem a relação que mantêm com o trabalho. E isso inclui, sim, a valorização do emprego e dos resultados como meio de sobrevivência da família, mas também impacta no planejamento da carreira, na sobrecarga emocional e nas relações interpessoais. E as organizações precisam se adaptar a isso e adotar iniciativas para que seja uma relação saudável para ambas as partes.
Todos se prepararam, durante anos, para desempenhar com eficiência as competências necessárias para exercer suas funções nas empresas. E muitos recebem, depois de empregados, o apoio delas, com investimento em treinamentos para que possam se aperfeiçoar.
Como educadora parental, faço alguns questionamentos. O que acontece na vida desse profissional, após a chegada de um bebê na família? Será que esses pais sabem lidar, com a mesma presteza, com a nova rotina de desafios de sono, alimentação, desenvolvimento e educação que virão pela frente? Como as empresas participam desse período de adaptação?
As empresas preparadas para o futuro são aquelas em que mulheres não têm medo de informar que estão grávidas ou que estão participando de um processo de adoção. Onde homens não passem nove meses estressados, deixando o medo e a ansiedade refletirem no desempenho no trabalho, por não terem liberdade e confiança para compartilhar com gestores e equipe a jornada que estão vivendo rumo à paternidade. São empresas em que as mulheres podem voltar tranquilas da licença-maternidade, sem achar que serão logo demitidas porque passaram a ter filho.
Parentalidade nas empresas envolve compromisso com o futuro, porque, a partir do momento em que pais e mães são cuidados, eles se sentem mais preparados para cuidar de seus filhos e criá-los de forma saudável.
Conciliar com sabedoria, serenidade e leveza os ambientes familiar e empresarial nos permite viver uma rotina mais engajada, saudável e menos desgastante.
MONIQUE DUARTE MARTINS é engenheira de Projetos e Planejamento e educadora parental.
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