Apetite é a fome com tempero
Dr. João Evangelista
Algumas manifestações digestivas guardam nítida relação com os hábitos alimentares, sendo uma delas a doença do refluxo gastroesofágico. Além do fator alimentar, somam-se, nessa enfermidade, as questões hereditárias e emocionais.
São três condições difíceis de serem controladas. Ninguém consegue fazer com que um seu ancestral deixe de sê-lo, evitando, com isso, a transmissão de caracteres genéticos. Alterar condições emocionais de uma pessoa é um trabalho hercúleo (gigantesco. Modificar hábitos alimentares, culturalmente sedimentados, é quase impossível.
Antigamente, comia-se pela fome, essa ferramenta de sobrevivência. Hoje, o prazer foi incorporado ao ato de comer, transformando fome em apetite.
O paladar uniu a fome com a vontade de comer. Fome é a necessidade fisiológica de se alimentar e não está relacionada a alimentos determinados. Apetite é o desejo de comer algum alimento específico, exaltado pelo sabor, cor, textura e aroma.
Fome é um mecanismo de sobrevivência do organismo, que sinaliza a carência de alimentos. Quando se está faminto, qualquer comida supre essa necessidade. A fome surge de maneira gradativa, sendo saciada após a ingestão de comida.
Apetite, ou “comer com os olhos”, é o desejo de ingerir algo, normalmente peculiar, que aparece de forma súbita, podendo gerar culpa e arrependimento. A sensação de saciedade surge quando o alimento desejado é consumido. A vontade de comer está diretamente relacionada ao desejo, ao emocional e não à necessidade do organismo.
Fome orgânica é a fome verdadeira, fisiológica, para o corpo recarregar os estoques de energia. Ela surge de forma gradual, não repentina, e normalmente dá vontade de ingerir uma refeição completa, não um alimento específico.
No momento em que está comendo, o indivíduo se sente bem, pois está suprindo suas necessidades fisiológicas.
Fome emocional aparece quando a pessoa está estressada ou entediada. Normalmente vem de uma forma urgente e está ligada a um alimento confortante, como um salgado, um sorvete ou um chocolate, por exemplo.
Quem come com emoção não consegue parar facilmente, mesmo estando saciado.
Existe também a fome do hábito, que é programada. Se o indivíduo, por exemplo, come sempre ao meio-dia, vai reclamar se passar um pouco desse horário.
Outra modalidade de apetite aparece quando associamos o lazer com a satisfação da comida. Por exemplo, aquela pipoca que não pode faltar quando se assiste a um filme, ou a pizza que acompanha reuniões familiares.
Sendo o apetite da mente, a emoção exalta o paladar do prazer.
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