Festa da Penha, passos de fé
Leitores do Jornal A Tribuna
A Festa da Penha, maior evento religioso do estado, este ano na sua 452ª edição, terá de volta a sua tradicional programação totalmente presencial, no período de 17 a 25 de abril, após dois anos de pandemia. Além do significado religioso que tem para o Estado, é uma das mais importantes festas para o movimento turístico capixaba, crescendo a cada ano, devido a data ser feriado estadual.
É a terceira maior festividade mariana do Brasil, e neste ano os organizadores têm a expectativa de ser a maior Festa da Penha de todos os tempos, recebendo recorde de participantes, acreditam em mais de 1,2 milhão de fiéis, reforçados pelo feriado nacional de Tiradentes, 21 de abril, e sem contar que as festividades iniciam no domingo de Páscoa.
O crescimento da população e o incentivo nas igrejas contribuíram para o sucesso ininterrupto da Festa da Penha. Fiéis de vários pontos do estado chegam para as festividades, além das caravanas: dezenas de ônibus saem de cidades do interior do estado em direção a Vila Velha, lotados de católicos que desejam participar do evento, que hoje voltou a ser feriado estadual.
Segundo alguns historiadores o Convento propriamente dito, foi fundado em 1651 praticamente 80 anos depois da morte do irmão leigo franciscano Pedro Palácios, que havia chegado em Vila Velha em 1558, e construiu no alto da Penha um oratório (ermida), onde colocou a estampa de Nossa Senhora das Alegrias, e escultura em madeira de Nossa Senhora da Penha, que mandara vir de Portugal.
A festa teve um início muito simples em 1571 com pequenos grupos de fiéis organizando e realizando as missas em homenagem a Nossa Senhora. A primeira romaria organizada foi a dos Homens, que começou em 1958. Nessa época, os romeiros seguiam desde a Catedral Metropolitana de Vitória até o Campinho do Convento, um percurso exclusivo masculino.
No final do século XVI a então governadora da Capitania do Estado do Espírito Santo, Dona Luísa Grinalda (ou Grimaldi), fez a doação do Outeiro da Ermida das Palmeiras (Monte da Penha) para os religiosos, através de Título Colonial de Doação.
Importante lembrar que não foi frei Pedro Palácios que construiu o Convento, mesmo porque não tinha atribuição para decidir por essa fundação, e aqui estava sozinho, tendo chegado já um ancião para a época, com cerca de 58 anos de idade.
A obra do Convento contou com trabalho de devotos, de indígenas e de escravos africanos, existindo lá inclusive uma senzala que chegou a ter 60 serviçais, que atuavam também na manutenção.
Foi a partir de 1639 que o então Guardião do Convento da Penha Frei Paulo de Santo Antônio, transformou a então ermida em altar-mor e começou a construir a igreja que, com o passar dos anos foi se ampliando com a construção do Convento, e em 1750 tomou a forma arquitetônica de Cidadela Medieval, única construção desse tipo no Brasil.
Após a fase crítica da pandemia, o cenário atual é otimista devido a ampla cobertura vacinal, o que permitirá o alto da Penha ser tomado por romeiros e devotos, em demonstração de fé.
Manoel Goes Neto é escritor e diretor no Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo.
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