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TRIBUNA LIVRE

Projetos que atravessam gerações deixam obras inacabadas

Edézio Caldeira | 25/03/2022, 10:55 h | Atualizado em 25/03/2022, 10:56
Tribuna Livre

Leitores do Jornal A Tribuna


As catedrais góticas europeias são mundialmente admiradas como exemplos da engenhosidade e da capacidade humana de realizar projetos que, de tão ousados, tiveram que atravessar gerações para serem concluídos.

Todas as grandes catedrais europeias levaram séculos para ficar prontas. Somente para citar algumas, a catedral de Notre Dame de Paris levou 182 anos. A catedral de Milão, mais de 400 anos, e a de Colônia demorou mais de 600 anos para ser finalizada.

Os mestres construtores da época tinham plena consciência de que uma vida inteira era pouco para executar estruturas tão grandiosas e, por isso, preparavam filhos e netos para dar sequência ao trabalho por eles iniciados.

É importante lembrar que, na Idade Média, não existiam caminhões nem guindastes hidráulicos. Atualmente, nós podemos contar com máquinas potentes e equipamentos sofisticados que nos permitem projetar e construir com segurança e muita rapidez.

Também é verdade que a sociedade não concebe mais iniciar projetos que atravessam gerações.

No Brasil de hoje, tudo precisa ser realizado em um horizonte máximo de quatro anos. É grande o risco de que o governante não conclua a obra iniciada por seu antecessor. Para comprovar essa triste realidade, não faltam obras inacabadas em todo o País.

Em terras capixabas, isso não tem sido diferente. Obras que deveriam ser entregues à população dentro de um mandato, tais como a Terceira Ponte e o Aeroporto de Vitória, prolongaram-se para mais de uma década e custaram bem mais do que o orçamento inicial.

Tudo indica que, no Espírito Santo, nós continuamos não aprendendo com os erros cometidos no passado e mais uma vez nos deparamos com uma importante obra inacabada. Falo do Cais das Artes, o maior complexo cultural já projetado para o Estado, que está com as obras paralisadas desde 2015.

O governante que idealizou o projeto do Cais das Artes para que fosse concluído em três anos não logrou êxito e, mesmo tendo tido um novo mandato de governador, não concluiu a obra. O sucessor, por sua vez, não o fez no primeiro mandato e também não o fará neste segundo.

O resultado é conhecido de todos: prejuízo para os cofres públicos e para nós que pagamos impostos; prejuízo para a cultura capixaba, privada de utilizar um equipamento de excelência e que pode colocar o Estado na rota dos grandes eventos, para não falar do incentivo que poderá dar para a arte e a cultura local; prejuízo para o turismo e a hotelaria que já poderiam estar recebendo turistas de todas as partes do Brasil e do mundo, atraídos pela notável qualidade arquitetônica e urbanística do projeto de um dos grandes mestres da arquitetura mundial que é capixaba.

Falecido em maio do ano passado, o autor do projeto, o arquiteto Paulo Mendes da Rocha, apesar de ter vivido 92 anos, não pôde ver concluída a sua “magnum opus” em solo capixaba.

E eu, que também sou capixaba e arquiteto, espero ser tão longevo quanto o mestre e, assim, ter mais chance de no futuro, quem sabe, ver o Cais das Artes concluído e entregue ao público.

Edézio Caldeira é membro do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-ES).


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