Evento “childfree” é uma iniciativa ou um preconceito?
Leitores do Jornal A Tribuna
O movimento Childfree, como o próprio nome expõe, traduzido do inglês, quer dizer “livre de crianças”. O grupo era inicialmente representado por entusiastas que não desejavam ser pais e hoje se expande para aqueles que não desejam ter contato com crianças em ambientes adultos e alguns espaços públicos.
De acordo com uma pesquisa realizada pela empresa farmacêutica Bayer, com o apoio da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e do TANCO (Think about Needs in Contraceptation), 72% das mulheres no mundo não querem ter filhos, enquanto no Brasil esse número é de 37%.
Com o crescimento do movimento, surgiu um nicho de mercado onde algumas empresas têm se adequado aos pensamentos do grupo e restringido a presença de crianças em seus ambientes.
Os adeptos vão desde hotéis, restaurantes à companhias aéreas. Ressalta-se que esta decisão acontece para além das leis existentes, sobre censura em obras cinematográficas e eventos que são realmente proibidos para menores de idade.
Apoiadores da causa afirmam que preferem estar em ambientes que não hajam menores por considerarem que os mesmos não sabem se comportar e atrapalham os momentos de convívio social. Em contrapartida, essa tendência de separar crianças de adultos, na verdade tem um efeito contrário ao esperado.
Quanto menos existir o convívio social, menos a criança será exposta a regras culturais e consequentemente seus responsáveis terão menores oportunidades de educá-las. E uma criança que tem sua locomoção restrita, terá dificuldade de desenvolver habilidades essenciais para o convívio humano.
É muito importante que os adultos desenvolvam a capacidade de lidar com as diferenças, que comandam, inclusive, seu relacionamento com o próximo. As pessoas podem escolher não ter filhos, porém, restringir o convívio das crianças com os adultos é uma forma de normalizar a intolerância.
O debate sobre este tema é extenso e gera muitas reflexões, pois opositores acreditam que o movimento seja preconceituoso, intolerante e até mesmo ilegal, já que ao limitar as crianças de frequentarem alguns ambientes, seus direitos estão sendo violados, como previsto no artigo 4 do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Além disso, questiona-se quais comportamentos são esses que incomodam tanto a ponto de quererem excluir as crianças de um lugar.
É importante lembrar que, acima de tudo, os menores devem ser respeitados, ter seus direitos preservados e independente de gosto ou de diferenças, crianças só aprendem vivendo e convivendo, assim como todos fomos um dia.
Camilla Viana é psicóloga, especialista em relação interpessoal e dinâmicas familiares.
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