Celular é recuperado em montanha de lixo
Após jogar o aparelho no lixo por engano, Alda Maria, 67, pediu ajuda a garis. Luiz Felipe Leitão, 23, achou no meio de toneladas de entulho
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A solidariedade e a honestidade de um gari trouxeram esperança para a aposentada Alda Maria da Silva Rodrigues, de 67 anos. Sem querer, ela jogou o celular na lixeira do condomínio e ele foi levado para uma montanha de toneladas de lixo em Vila Nova de Colares, na Serra.
O aparelho acabou sendo recuperado pelo gari Luiz Felipe de Souza Leitão, de 23 anos.
Alda Maria conta que estava com duas bolsas, que jogaria fora, e outras sacolas com roupas para doação.
Na pressa do dia a dia, ela fez confusão com os objetos e jogou o celular com as bolsas na lixeira do condomínio onde mora, em Valparaíso, também na Serra. Tudo aconteceu por volta das19h30 do último dia 2.
“Quando voltei ao apartamento, ouvi o telefone do meu marido tocar. Na hora, eu me toquei que joguei o celular fora e corri para pegar no lixo. Já era tarde, pois já tinham recolhido e colocado na caçamba. Fiquei desesperada”, contou.
O condomínio dela era um dos últimos do bairro a ter o lixo coletado. Ao perceber o erro, Alda foi rapidamente atrás dos coletores da Corpus, empresa que faz o serviço na Serra, e pediu para que procurassem pelo aparelho quando pudessem.
“Pedi para procurarem e o Luiz Felipe explicou que, naquela hora, não poderiam, mas somente após chegarem à base onde jogam todo o lixo recolhido”, relatou.
Sentido pelo desespero da mulher, Luiz Felipe prometeu que tentaria encontrar o objeto, mas não deu muitas esperanças. A capacidade do caminhão onde foram parar os resíduos da casa dela e de todo o bairro é de sete toneladas de lixo, ou seja, seria uma busca difícil.
Para surpresa de Alda, ela acordou no dia seguinte com a boa notícia dada pelo seu marido: o jovem havia encontrado seu aparelho celular, que foi presente de Natal do companheiro.
A aposentada disse que chegou a ter dúvidas quando o gari disse que procuraria o celular, mas que ficou feliz com o final da história.
“Ele encontrou o telefone ainda na madrugada. Conseguiu desbloquear e ligar para o meu filho, que não conseguiu acreditar no início, mas, depois, foi buscar na casa de Luiz. Foi uma grata surpresa. Fiquei encantada com a honestidade dele”, disse Alda Maria.
ENTREVISTA | Luiz Felipe De Souza Leitão, gari
“Foi uma grande felicidade por ela”
Trabalhando como gari há dois anos, o jovem Luiz Felipe de Souza Leitão, de 23 anos, já chegou a encontrar pertences de outras pessoas em meio a toneladas de lixo, mas nunca teve a oportunidade de devolver, pois os donos não procuraram.
No último dia 2, ele se preparava para continuar os trabalhos de coleta, após recolher o lixo em um condomínio do bairro Valparaíso, na Serra, quando foi abordado por uma mulher que estava desesperada à procura de seu celular.
A aposentada Alda Maria da Silva Rodrigues, de 67 anos, havia jogado o celular na lixeira, por engano. Com a ajuda de Luiz Felipe e três colegas de trabalho dele, ela conseguiu recuperar o aparelho.
A Tribuna – O que aconteceu no dia?
Luiz Felipe de Souza Leitão – Ela veio desesperada, dizendo que havia jogado o celular fora e procurou no lixo da caçamba do caminhão, mas já não era possível encontrar.
Ela ficou chorando e fiquei comovido. Disse que assim que chegasse à base, em Vila Nova de Colares, eu iria procurar. Fiquei pensando nela, procurando desesperada pelo aparelho, e senti que precisava ajudar.
Já cheguei a encontrar muitos objetos no meu trabalho e as pessoas não vinham procurar, mesmo a gente deixando guardado. Com ela, eu sabia exatamente para quem devolver.
Como foi a busca?
Chegamos já de madrugada, umas 2 horas, e na hora em que o caminhão jogou o lixo recolhido, já começamos a busca. Eu, David e Ralf, que somos garis, e o motorista do caminhão. Foi mais ou menos meia hora de busca, reviramos o lixo, até encontrarmos a bolsa, como ela tinha descrito, em que estava o celular.
Na hora em que achamos, foi uma grande felicidade por ela. Quando encontrei, lembrei da cena dela, desesperada, querendo revirar o lixo atrás do celular.
E depois de encontrar?
Consegui desbloquear o celular dela, procurei nos contatos dela e consegui chegar ao seu filho. Imediatamente, liguei. No início, ele achou que era trote. Depois, ele foi à minha casa, de madrugada mesmo, e entreguei o aparelho. Ele estava intacto, mesmo depois de revirado no lixo.
Deus abençoou ela, para que fosse encontrado, porque estava debaixo de muito lixo. Ela ficou muito grata. Se não tivesse achado o filho ou outra pessoa, eu iria entregar quando voltasse ao condomínio dela.
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