Quando Jesus nasceu?
Leitores do Jornal A Tribuna
Os evangelistas Mateus e Lucas não fornecem indicações cronológicas a respeito do nascimento de Jesus Cristo: a festa do dia 25 de dezembro deve-se ao Papa São Leão Magno (440-461). Durante uma audiência em preparação do Natal, o Papa São João Paulo II disse: “A data 25 de dezembro – como se sabe – é uma data convencional”.
A tradição, porém, é muito antiga: um documento do ano 354 atesta a existência em Roma da festa cristã do Natal, que era celebrado no dia 25 de dezembro.
Ela correspondia à tradição pagã, muito participada pelo povo, do solstício do inverno do Hemisfério Norte. No “Natalis Solis Invicti” era celebrado o nascimento do novo sol, após a noite mais comprida do ano.
Esta data foi escolhida para celebrar o nascimento do “Sol verdadeiro, que nos veio visitar”, para afugentar as trevas do paganismo e da descrença. Celebrar o Natal significa, portanto, celebrar um evento de fé, acontecido em um momento histórico, mas, não cronologicamente exato.
Na noite de Natal somos todos convidados a fazer uma experiência espiritual única e extraordinária: participar da celebração natalina para adorar, comovidos, o Verbo do Pai, que, encarnando-se, nos participou sua condição divina, elevou nossa condição humana e fez da humanidade uma família de irmãos.
Celebrar o Natal do Senhor é saborear, também, o evento, que sinaliza o nascimento do povo cristão: “O Natal da Cabeça é o Natal do Corpo” (São Leão Magno). Evento tão grande, que dividiu em duas partes a história humana: antes de Cristo e depois de Cristo.
No Sermão da noite de Natal, disse ainda Papa São Leão Magno: “Nasceu nosso Senhor: alegremo-nos! Nada de tristeza no dia em que nasceu a Vida! Ninguém deve se sentir excluído em participar desta grande alegria. O Filho de Deus, na plenitude dos tempos, assumiu a nossa natureza humana para reconciliar o homem com o seu Criador, consigo mesmo e com os outros”.
Os anjos anunciaram aos pastores: “Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vocês um Salvador, que é o Messias e Senhor!” (Lc 2,10-12). O “sinal” do Messias é a pobreza, a humildade, a simplicidade e o silêncio:
“Debaixo de um pano simples se esconde o maior tesouro do mundo: o próprio Filho de Deus que, por nosso amor se revestiu de nossa pobreza e, maravilhas das maravilhas, optou por entrar a fazer parte da categoria dos pobres e descartados, a fim de comungar conosco, especialmente, com a sorte daqueles que pertencem à mesma categoria” (Papa Francisco).
O Deus da nossa fé não é, assim, um “Deus aniquilante, mas um Deus aconchegante”: veio até nós para nos ensinar o valor da pequenez, da humildade e da simplicidade e da grandeza de nossa condição humana, sobretudo, se for humilhada e marginalizada.
É esta a riqueza inesgotável do Natal, a alegria genuína que somos chamados a saborear: a revelação carinhosa de um Deus que, no seu Filho predileto, nos tornou seus filhos, herdeiros de seu Reino e construtores de um mundo de liberdade, justiça, fraternidade e paz.
ERNESTO ASCIONE é padre.
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