Evolução nas terapias para reverter os danos do AVC
Leitores do Jornal A Tribuna
As estatísticas para os pacientes acometidos por um Acidente Vascular Cerebral (AVC) são bastante desfavoráveis: 70% deles não conseguem retornar ao trabalho. O AVC é a segunda principal causa de morte no Brasil e no mundo, e a principal causa de incapacidade no mundo. Proporcionar um atendimento rápido e eficaz aos pacientes com AVC é uma importante política de saúde pública.
Existe atualmente a possibilidade de reverter as consequências dos danos do AVC no cérebro. Esse tipo de terapia ficou consolidada a partir de 1995, e, a partir de então, foi possível evitar a progressão da doença viabilizando a chegada de sangue no tecido cerebral lesionado. O tratamento em questão chama-se trombólise venosa e consiste em utilizar um medicamento que dissolve o coágulo que antes impedia o fluxo adequado de sangue nas artérias do cérebro.
Desde então as terapias evoluíram de forma progressiva e, cada vez mais, tornou-se possível melhorar o desfecho final para os pacientes. Outra terapia revolucionária que também é realizada na fase aguda do AVC é a trombectomia. Por meio de um cateterismo cerebral é possível chegar no local exato da obstrução e retirar o coágulo de forma mecânica, puxando ou aspirando o trombo da artéria que impede a passagem de sangue para uma determinada área do cérebro.
Essas terapias modificam a evolução do paciente com AVC e dão a chance de tratar pacientes com até 24 horas do início dos sintomas, algo que até pouco tempo atrás não era possível. No entanto, é importante pontuar que, embora todas essas terapias sejam fundamentais e de fato modifiquem a evolução da doença, o centro do atendimento ao paciente com doença cerebrovascular é o direcionamento desses pacientes a uma unidade de AVC, que consiste em uma especializada dentro do hospital dedicada e preparada para atender esses grupos de pacientes.
O paciente deve ter acesso a uma equipe multidisciplinar composta por neurologistas, enfermeiros, fisioterapeutas e outros profissionais especializados no cuidado ao paciente com AVC. As rotinas desse cuidado são traçadas diariamente e, dessa forma, é possível proporcionar um atendimento integral e especializado às vítimas de doenças cerebrovasculares. É importante que a assistência especializada esteja cada vez mais disponível para o tratamento dessa emergência.
No dia 29 de outubro, nos mobilizamos para promover a conscientização no Dia Mundial do AVC. Neste ano o tema da campanha é “Minutos podem salvar vidas”. Sabemos que para o paciente ter a chance de receber uma terapia que modifique a evolução da doença e ganhar tempo precioso em sua vida, é necessário que uma sequência de eventos sincronizados seja colocada em ação. Dessa forma, conscientizar sobre o assunto é imprescindível para que vidas sejam poupadas.
DANIEL ESCOBAR é médico e coordenador do serviço de Neurologia do Hospital Unimed Vitória.
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