“Vou estar com 90 anos aprendendo”, afirma Fernanda Abreu
A conversa é sobre o novo trabalho, lançado em dezembro. E o título “Amor Geral (A)live” dá o recado de Fernanda Abreu. Diante de grandes desafios no último ano, que incluiu a morte de seu pai e um show sem público, a carioca de 59 anos focou no trabalho e no amor e, mais uma vez, aprendeu bastante.
“A vida é um aprendizado até o final. Vou estar com 90 anos, dançando e aprendendo”, contou ela, no lançamento do DVD e CD. “A base do amor é o respeito. A minha mensagem é mais amor. E respeito. O respeito é aceitar como o outro é, é ter mais tolerância”, completou.
No susto, ela fez a primeira live do mundo da música. O público esperava na fila para o show que registraria o final da turnê “Amor Geral” quando as casas de espetáculos no Rio de Janeiro foram fechadas por conta da pandemia.
“Foi um grande desafio fazer um show sem plateia, não imaginando que não teria plateia. Mas eu tive imaginação. E eu via duas mil pessoas gritando na minha frente e aplaudindo”, revelou.
“Nada substitui um show com plateia”
De repente, fazer um show sem público. Fala desse susto. E haverá um DVD físico?
Fernanda Abreu Foi uma loucura, cara, porque a gente não esperava nada disso. A gente chegou no Imperator se abraçando, se beijando, no final do show, uma coisa que é impossível fazer hoje. Então a gente estava sem uma noção geral, sem saber o que era a pandemia. Eu ainda tentei seguir com o show com o público. Um decreto que o Rio de Janeiro vai fechar agora, com o público todo lá fora? E hoje eu acho que eu tomei a decisão certa. Eu não ia mais conseguir fazer o registro dessa turnê. Até pensei: 'quem ainda no mundo tem um aparelho de DVD, um aparelho de CD?'. Mas a Universal topou, então, sim, temos CD físico e temos DVD físico!
O que esse novo trabalho representa para você?
Eu amo o palco. E amo cantar e amo dançar. Então o registro de um show para mim é muito importante, é muito significativo para minha carreira.
Quando acabou o show, fizeram algumas de novo ou fizeram tudo de uma vez mesmo?
Eu senti que foi um baque tão grande para toda a equipe, para a banda, porque tem aquela adrenalina de que tudo tem que dar certo. E quando você não tem plateia, se não der certo, a gente faz depois, ou então grava novamente. Mas eu falei desde o início que não tenho condição de fazer um show hoje e parar, fazer mais duas músicas, parar novamente. E a gente repetiu duas músicas, porque tivemos alguns problemas técnicos.
A performance nesse cenário foi um dos maiores desafios da sua carreira?
Acho que sim, porque quando a gente monta um show, tem uma estrutura muito sólida. Depois da estreia passa uns 4 ou 5 shows ajustando o roteiro. E a partir dali, cada show é diferente por causa da plateia. Eu sempre entro dando 100% de mim, estou sempre ali para dar sempre o melhor de mim. Eu tive imaginação de acreditar e eu via duas mil pessoas gritando na minha frente e aplaudindo.
Qual a orientação para as novas gerações do pop?
Acho que ficar correndo atrás de uma fórmula é um pouco temerário, especialmente em termos de longevidade de carreira. Porque aí é mais fácil você cair no descartável.
As lives foram uma solução viável para os artistas. Como vê o formato? Veio para ficar?
Nada substitui um show com plateia. Um show é muito mais do que ver um artista. É o encontro entre as pessoas. Antes do dia 13, esse registro ia chamar “Amor Geral Ao Vivo”. Quando aconteceu tudo isso, eu fiquei pensando em qual título dar. Pensei que poderia batizar de live, mas não achei tão legal. Então tive essa ideia de colocar um “A” no início. De “a live”, a primeira live. E de “alive”, por estarmos vivos. A live, para mim, foi o formato que foi possível fazer. No começo foi todo mundo com muita sede ao pote. Depois deu uma cansada. Mas era o único formato possível.
Como tem lidado com a quarentena? O que te deu força para não desistir desse projeto?
O show foi no dia 13 de março. E no dia 22 de março eu perdi o meu pai. Ele morava em frente a minha casa. Foi muito difícil entender tudo o estava acontecendo. A gravação do DVD, a morte do meu pai, viver tudo isso foi muito difícil. Então, o que eu fiz foi focar 100% no trabalho. Focar no trabalho foi a maneira que eu tive de lidar com toda essa tristeza. Era uma situação em que as pessoas estavam perdendo o emprego, uma falta de perspectiva geral, e eu sem o meu pai… Eu trabalhava mais de 10 horas por dia. Mas essa é a vida. Mostrou que a gente não tem controle de nada. Tem que ter jogo de cintura para vencer os obstáculos.
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