Faculdade de Cariacica amplia número de cursos
Odontologia e Medicina Veterinária passarão a ser oferecidos pela Multivix Cariacica, que começou como Faculdade São Geraldo
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A Multivix Cariacica passará a oferecer novos cursos de graduação, em Odontologia e Medicina Veterinária. Foi o que revelou Moacir Lellis, fundador da Escola São Geraldo, tradicional em Cariacica e que virou faculdade, sendo hoje a Multivix Cariacica.
Lellis também é presidente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES) e falou ao jornalista Rafael Guzzo, para o quadro Histórias Empresariais, sobre sua trajetória, do trabalho como engenheiro de telecomunicações à Escola São Geraldo e, depois, com a faculdade em Cariacica.
A Tribuna - Vamos começar falando sobre a fundação da Escola São Geraldo e também da Faculdade de São Geraldo. O senhor começou já na educação?
Moacir Lellis - Sou engenheiro de telecomunicações. Trabalhei quase 30 anos na Escelsa, hoje EDP, e num dia, quando o (Fernando) Collor (de Mello) se tornou presidente, ele disse que ia privatizar o setor elétrico. E a primeira empresa seria a Escelsa.
Cheguei um belo dia em casa e, depois do serviço, falei com minha esposa: “temos de arranjar alguma coisa, não esperar para depois tomar providência”. Minha mãe foi alfabetizadora por muito tempo.
Falamos de uma área boa e que era do meu pai, em Campo Grande, próximo à (avenida) Expedito Garcia, e que estava para ser desapropriada. Convidei meu pai e meu irmão e decidimos fazer uma escola.
Meu pai era do bairro São Geraldo 1, em Cariacica, e aí disse: “Vamos colocar o nome Escola São Geraldo”. Começamos a idealizar a escola lá por 1992, 1993 e 1994. Entramos com educação infantil e ensino fundamental. E, no ano seguinte, ensino médio.
Eu trabalhava, em média, 17 horas por dia, porque tinha duas atividades. Tinha que ir para a Escelsa, saindo às 6h30 de casa. Na época da faculdade, por exemplo, só saía de lá às 23 horas. Trabalhei nesse ritmo por 23 anos. Férias era o Carnaval e outubro, dia do meu aniversário e o de Nossa Senhora Aparecida. E o dia dos professores. Uns 10 dias no total.
E a Faculdade São Geraldo?
Ela foi criada em 2000. E a criamos porque os pais dos alunos da escola diziam que queriam que os filhos estudassem lá depois do ensino médio. Demos a entrada lá no MEC (Ministério da Educação) em 2000, com todas as dificuldades.
Naquela época, não tinha o e-MEC, onde você entra com todos os processos no MEC hoje. Tinha de pegar o processo e levar lá em Brasília, lá no SISU e protocolar. Hoje não, você põe o PDF, entra lá e manda a documentação.
Como foi a transição da Faculdade São Geraldo para a Multivix?
Em 2012, 2013, perdia noites de sono ao ver que o EAD (ensino a distância) estava chegando. Fiquei pensando: “para onde vou caminhar?”. Como eu tinha os conceitos e era muito bem avaliado pelo MEC, tiveram três empresas interessadas em comprar.
Uma era maior do Brasil, outra que era de Minas e a Multivix, que é nossa de origem. E conversamos, estive em São Paulo e, em 2015, como a sociedade lá na faculdade era do meu irmão, minha e do meu pai — cada um tinha 33% —, eu falei: olha, temos uma proposta significativa e acho que devemos fazer essa cisão com a Multivix.
E nisso o CEO da Multivix disse: “O senhor fica como mantenedor”. Digo para você que depois senti mais ainda, porque entreguei o filho para o outro. Mas sabia que a Multivix é uma grande empresa, tem uma gestão profissional e que seria sucesso. E agora já começa a primeira turma de Medicina em Cariacica. Os prédios ainda são nossos, alugados à Multivix.
Foi um investimento alto. Para receber não só o curso de Medicina, mas Enfermagem, Nutrição, e agora está vindo Odontologia e Veterinária. E instituição de ensino só traz benefício ao município. É mão de obra qualificada sem poluir.
E oferece um serviço positivo e necessário à cidade.
A Multivix, quando dá entrada nos processos, põe que 10% do faturamento vai para melhoria nas áreas da saúde do município.
Por exigência do MEC, 5% das vagas vão para as pessoas carentes, que não têm condições de pagar. Então veja o quanto esse curso vai trazer de benefício para Cariacica: 5% das vagas em Medicina também. É uma alegria contribuir, ainda mais com a cidade que, até anos atrás, era o “patinho feio”, mas que hoje já tem outra imagem.
O senhor é crítico do CNU, do “Enem dos Concursos”. Por que essa posição?
Critico porque acho que o jovem tem potencial. Tem de arriscar, ser aventureiro. Por que quer fazer concurso? Porque tem estabilidade, um salário ali... que depois também não muda, só tem reajustes.
Quando você é um empreendedor, não tem aquele salário fixo no final do mês, mas vai correr atrás, vai lutar. Hoje você ganha R$ 1.000, mês que vem quer ganhar mais um pouquinho e vai. No concurso já sabe o quanto vai ter de reajuste no ano que vem. O empreendedorismo é algo que pode trazer muito mais, em termos de realização, satisfação e remuneração.
Temos um cenário de envelhecimento da população. Para o mercado da educação, isso muda a maneira como fazer a gestão e o público- alvo?
Temos muitas pessoas que não tiveram oportunidade de estudar na época certa. Por isso tem o EJA (Educação de Jovens e Adultos). Mas a maioria ainda continua sendo o jovem, o adolescente. Ele tem pensamento de ter uma profissão.
Sobre o evento Summit, no dia 12 de novembro. Como será?
O Summit é um evento do Sinepe-ES. É um almoço para os nossos mantenedores. E, neste ano, um palestrante vai falar para nós, para as escolas particulares, sobre as tendências e a parte financeira.
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QUEM É
Moacir Lelis
É presidente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES). Está no terceiro mandato. É fundador da Escola São Geraldo e da Multivix Cariacica.
Formado em engenharia de telecomunicações, trabalhou por mais de 30 anos na Escelsa, atual EDP.
É de Itarana, na região Centro Serrana do Estado. Tem 72 anos, gosta da leitura e de ensinar.
Casado com Luciana, tem dois filhos, Marcelo e Gustavo, e três netos: Pedro, Laura e Catarina. “Digo o seguinte: a família é a base de tudo. Se você tiver uma família estruturada, o resto você consegue. Então tenho orgulho e alegria dessa família”.
Sobre a educação: “Transforma as pessoas. A educação é a base de tudo. Se você tiver as pessoas educadas, você resolve o problema da saúde, do meio ambiente e da segurança”.
CURIOSIDADES
17 horas de trabalho
Moacir Lellis contou que, por 23 anos, teve uma rotina de muito trabalho, que contabilizavam a antiga Escelsa, a Escola São Geraldo e, depois, com a faculdade. Ele relembrou que saía de casa bem cedo, por volta de 6h30, e chegava por volta das 23 horas.
“Trabalhei nesse ritmo por 23 anos. Férias, eu tirava da Escelsa para poder dar mais tempo lá na minha instituição”, contou.
Incentivo à leitura
Um grande desafio é estimular a leitura entre os jovens, destacou Moacir Lellis. “Nós já fazemos nas escolas. Mas você não pode jogar tudo só para a escola. A escola, a função dela é ensinar. E aí você tem o lado da família”.
Lellis disse que seus três netos só dormem fazendo uma leitura. “Meus filhos sempre viam que eu lia e passava esse exemplo para eles. Educar pelo exemplo é fundamental”.
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