“Só estamos aqui a passeio”, afirma Zeeba, o autor de “Hear Me Now"
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Não é de hoje que Marcos Lobo Zeballos, o Zeeba, leva um olhar otimista sobre o mundo para o seu som. A própria “Hear Me Now”, seu maior sucesso, nasceu para incentivá-lo a continuar na carreira, num momento de muitas incertezas.
“Tinha acabado de sair de uma banda que acreditava muito. Quando ela acabou, falei: 'Meu, e agora, o que vou fazer da minha vida?'. E essa letra era até pra me motivar, falar: 'Vai dar tudo certo'”, lembra o cantor, de 28 anos, ao AT2.
Cinco anos após estourar com a canção remixada por Alok e Bruno Martini, ele lança “Passeio”. A nova composição traz uma reflexão sobre a finitude da vida e foi feita após a perda de seus avós.

“É uma música feliz. Vamos celebrar o tempo que a gente tem aqui, porque vai acabar, passa rápido. Então, vamos viver da forma mais intensa possível. Não vamos mais perder a paz, perder a vida com bobagens. É isso, só estamos aqui a passeio!”, afirma.
Assim como a canção, o clipe é solar e foi gravado no jardim da casa de seus avós, de onde o cantor conversou com o AT2, pelo Zoom. Aliás, todos os vídeos de seu novo CD, previsto para novembro, estão sendo filmados na residência.
“A escolha do jardim foi por ser um lugar mais solar, que eu pudesse olhar para o céu. Às vezes, a gente nem repara nas pequenas coisas da vida, que são as mais legais e fazem a vida fazer sentido. E fazem falta. Na pandemia, acho que a gente percebeu muita coisa”.
Zeeba adianta que o próximo lançamento será uma parceria com o duo OutroEu e o disco vem logo na sequência. “Tem músicas mais nessa onda da 'Passeio' e, para quem curte elementos eletrônicos, como em 'Hear Me Now'. E um feat irado com uma cantora australiana que ainda não vou revelar. Está um álbum bem eclético”.
“Acho que a vida tem que ser leve”
AT2 Após duas parcerias, você chega com uma música em que canta sozinho. “Passeio” é uma canção mais pessoal?
Zeeba Com certeza! Ela veio de reflexão depois de um último papo com meu avô, antes de ele partir. Um dia depois do Natal, a família toda estava reunida na sala da casa dos meus pais e ele falou assim: 'Como passou rápido, sou a mesma pessoa, e se passaram 90 anos. E agora já está chegando no fim'. E, logo que ele disse isso, nós falamos: 'Está chegando o fim nada, para com isso, vô!'. Mas ele faleceu duas semanas depois. Foi bem louco, e foi bom porque foi um adeus, um momento legal de despedida.
Quando fui escrever “Passeio”, pensei muito nessa conversa que tive com meu avô e ela é isso: uma música que fala sobre a gente estar aqui nesta vida a passeio.
Seu avô já estava enfrentando algum problema?
Ele tinha Parkinson, já estava bem fraquinho. No último ano de vida, ele estava mais triste por conta da perda da minha avó. Depois que ela partiu, ele ficou bem sozinho. Então, foi piorando bem rápido e aí pegou uma pneumonia. Mas ele já estava querendo partir, já estava prevendo. Ele já sabia. A relação dos dois era muito de amor e ódio. Ele era mais de boa, minha avó era bem mandona! (Risos)
Como surgiu a ideia de gravar os clipes na casa deles?
A casa estava meio vazia, parada, meu pai não quis alugar, e todas as coisas deles ainda estavam aqui. Quis trazer uma alegria, um movimento. E quero usar as coisas que estão aqui ainda. Tem uma prateleira de livros que quero usar num clipe. Tem também o leque da minha avó que eu dei. Trouxe da China quando fui fazer turnê.
As coisas que ficam são as que representam a gente de certa forma, né? E aí, a gente está usando os ambientes até como uma homenagem. “Passeio” coincidiu de ser em um lugar em que eles tomavam um solzinho.
Eles te viram cantar?
Meu avô foi a um show meu de cadeira de rodas, assistiu e falou que foi muito legal, um dos dias mais felizes da vida dele. Minha avó me via na TV e pedia para meu pai gravar. Eles adoravam me ver! Alguém os ensinou a mexer no YouTube, então também ficavam vendo meus vídeos. Era bem legal.
Sempre teve essa visão otimista sobre a finitude da vida?
Acho que, quando você perde um ente querido, você reflete mais sobre isso. E todos nós vamos chegar lá. A única certeza que a gente tem da vida é que ela acaba. Então, acho que a perda dos dois me trouxe mais essa reflexão, mas eu sempre tive uma cabeça otimista sobre a vida. Sempre quero experienciar as coisas da melhor forma possível.
Sou um cara que vive intensamente, adoro viajar, explorar as coisas de uma forma diferente. Não gosto de mesmice, gosto de sempre mudar e inovar. Então, acho que já faz parte de mim.
Meu pai tem um livro de física quântica, então a minha religião é muito sobre acreditar, visualizar, materializar. O lance de ter uma troca de energia, de sempre estar num negócio otimista, positivo, e se juntar com pessoas que têm essa mesma energia. Acho que a vida tem que ser assim: leve.
Tem músicas em inglês e português no novo disco?
Estou falando muito português, então quero expressar da forma que me comunico no dia a dia também. Mas o inglês ainda faz sentido. Escrevo em inglês desde os meus 15 anos, até tenho uma facilidade maior.
É um álbum de faixas inéditas, sem nenhuma antiga. Até pensei em colocar uma versão indie de “Hear Me Now”, mas depois falei: “Já deu um pouco”. (Risos) Não é que eu esteja enjoado, mas quero uma virada de página.
É o novo apresentador do canal “Pipocando Música” no YouTube.
Estou com tempo livre, já que não estou tendo shows. Estamos fazendo essa temporada, está sendo bem legal, porque eu aprendo muito para falar sobre os assuntos. Estou sempre ocupando o tempo com projetos que eu amo.
Eu preciso focar um pouco na dança, porque danço muito mal. Falei zoando, mas estou querendo fazer umas aulas de dança para o palco. Você viu o Vitão? Já está dançando, dando mortal! (Risos)
Tenho estudado bastante piano na pandemia. Quero tocar nos shows, pelo menos ter um momento de piano e voz. Acho muito bonito. Estou nesse foco!
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