As comunicações do governo Jair Bolsonaro nesta segunda-feira (16) foram consideradas desastrosas por governadores e parlamentares. A avaliação é que o país está sem comando e que os ministérios estão, agora, passando mensagens contraditórias.

Enquanto a Saúde fala em diminuir a circulação, a Economia anuncia medidas que ainda contam com o trânsito de pessoas. O ministro Paulo Guedes chegou a sugerir que apenas idosos adotassem o isolamento contra a doença.

Redução - Mesmo após críticas, o presidente seguiu defendendo sua ida à manifestação no domingo (15), contrariando orientação do ministro da Saúde.

Cabine - Os sinais trocados aumentam a pressão sobre Bolsonaro. A cobrança é para que o presidente não deixe o barco andar sem rumo, sem dizer claramente quais são as medidas que o país deve adotar.

Tenso - O nervosismo de Paulo Guedes (Economia) na apresentação das medidas para atenuar os efeitos da crise provocada pelo coronavírus chamou a atenção de parlamentares, que especularam se o ministro não havia recebido cobranças de Bolsonaro.

Homeopático - A avaliação no meio político é que a iniciativa do pacote de Guedes ainda é pequena perto dos alertas de quebradeira que estão chegando do setor privado, principalmente das companhias aéreas, até agora não atendidas.

De novo - Participantes da Líder, que administra o DPVAT, viram no pacote de Guedes uma dose de revanche. É a segunda vez que o governo tenta usar o dinheiro da reserva de acidentes no trânsito. A primeira foi no início do ano, quando Bolsonaro tentou zerar o DPVAT, mas foi brecado pelo Congresso.

Cancela - Prefeitos das maiores cidades do país, representados na Frente Nacional dos Prefeitos, enviaram nesta segunda (16) ofício ao presidente Jair Bolsonaro, pedindo que as fronteiras aéreas do Brasil com a Europa sejam fechadas e os voos, cancelados. O pedido atende municípios que têm aeroportos internacionais.

Abre a torneira - Os prefeitos querem também a edição de uma medida provisória autorizando as cidades a usar o saldo remanescente de anos anteriores dos fundos de saúde, dinheiro repassado pelo Ministério da Saúde e não gasto. A reserva teria R$ 11,5 bilhões, segundo a FNP.

Escafandro - Um preso da penitenciária de Franca, no interior de São Paulo, está isolado dos demais após ter passado por testes para saber se foi contaminado pelo coronavírus. Ele está na enfermaria, sem contato com os demais internos.

Espera - Ele terá que aguardar até 15 dias para ter o resultado. Outro preso que passou pelo mesmo procedimento –eles foram os dois primeiros testados para coronavírus na rede penitenciária de SP– recebeu diagnóstico de tuberculose e já foi reintegrado.

Erguei as mãos - Espaços de concentração de milhares, as igrejas evangélicas neopentecostais têm adotado estratégias para acolher os fiéis sem piorar a crise do coronavírus: cultos on-line, orações sem dar as mãos, aumento do número de encontros no dia (para dispersas as pessoas).

Deus te crie - "Pedimos que não saiam de casa aqueles que viajaram recentemente, idosos e qualquer pessoa com sintomas de gripe. Assistam à transmissão on-line do culto", diz o apóstolo César Augusto, da igreja Fonte da Vida, na qual as bênçãos serão dadas sem as mãos na cabeça dos fiéis, mas só com um agitar dos braços no ar.

Mea culpa - Líder do PSL na Câmara, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) disse a membros da bancada que chegou a pensar que havia gente que não valia nada em alguns partidos porque discordava deles, mas se enganou. Com o PSL, desiludiu-se e agora vê pessoas boas e ruins na sigla, segundo relato dos presentes.

Alvo - Desde que elegeram Joice como líder, em dezembro, parlamentares do PSL começaram a receber ligações diárias em seus gabinetes acusando-os de traidores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), com quem a deputada entrou em rota de colisão no final do ano passado. Ela não respondeu aos contatos da coluna.

TIROTEIO

"A depender do impacto e da duração da crise, todos os estados poderão estar quebrados em pouco tempo"

Do governador Renato Casagrande (PSB-ES) sobre os efeitos do coronavírus na arrecadação e nas finanças dos estados.