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Tribuna Livre

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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

Sebastião Salgado e sua capacidade de nos inspirar

| 25/06/2020, 08:23 08:23 h | Atualizado em 25/06/2020, 08:26

O fotógrafo Sebastião Salgado, ao lançar a Carta Aberta ao Governo Brasileiro, subscrita por personalidades nacionais e internacionais, traduziu a preocupação planetária frente ao risco da entrada do coronavírus nas tribos indígenas da Amazônia.

Essa população de nativos, vulnerável às tais “doenças de brancos”, tem sido pressionada por garimpeiros, madeireiros, grileiros e, agora, corre sério risco de novo genocídio pela pandemia do coronavírus.

Sebastião Salgado, mineiro de Aimorés/MG, tem forte ligação com o Espírito Santo. Além de ter feito os cursos secundário e superior de Economia, na Ufes, em Vitória, é casado com a capixaba Lélia Wanick, há mais de 50 anos.

No final dos anos 1960, tiveram rápida passagem por São Paulo até buscarem o autoexílio, em Paris, onde conquistaram a cidadania francesa.

Em 1970, deixou seu emprego de economista na Organização Mundial do Café/OIC, para se tornar fotógrafo, consolidando duas fortes marcas: retratos em preto e branco e fotos carregadas de sentimentos.

Na fotografia, desenvolveu projetos grandiosos, em 140 países, com exposições de fotos marcantes e livros, nas temáticas de deslocamento de populações; reforma agrária; garimpo de Serra Pelada; refugiados de guerra; projetos Êxodos e Gênesis; dentre outros.

Em 1998, voltou para Aimorés e comprou a fazenda Bulcão, de 700 hectares, herdada do pai, determinado em reverter o processo de derrubadas das árvores para formação de pastagens.
Ele tinha como referência, quando saiu de lá, uma fazenda com mais 50% de Mata Atlântica, e, na volta, encontrou menos de 5% da área coberta.

Portanto, foi com o propósito de fazer o caminho de volta, substituindo a pata do gado por novas árvores, que ele criou o Instituto Terra.

Primeiro, traçou o projeto de recuperação de áreas degradadas, no vale do Rio Doce, que cobre 238 municípios de MG e ES, com área equivalente à de Portugal.

Depois, estruturado o instituto, ele voltou a fazer novo giro pelo mundo, tendo passado mais 8 anos fotografando a natureza de povos isolados, no Projeto Gênesis e no seu convívio intenso com as comunidades indígenas da Amazônia.

Como agrônomo, tive o privilégio de visitar o Instituto Terra, com técnicos do Incaper, quando tivemos clara noção da grandeza daquela vitrine agroambiental para o Estado e para o Brasil, como centro gerador de conhecimento e formação profissional na área ambiental.

Ao retornar, lembrei-me da frase do Bertolt Brecht: “Há aqueles que lutam um dia e são bons; há os que lutam muitos dias e são muito bons; há os que lutam anos e são melhores ainda; porém, há aqueles que lutam toda a vida e, por isso, são imprescindíveis.”

De fato, Sebastião Salgado é um desses homens imprescindíveis, sobretudo pela sua capacidade de nos inspirar nesse momento dramático de muita dor, incerteza e reflexão no enfrentamento da maior pandemia do século.

Cleber Guerra é engenheiro agrônomo e diretor do Incaper.

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