“Tive de reaprender a falar por causa de cigarro eletrônico”, diz ex-BBB
A ex-BBB Vanessa Lopes revelou em uma publicação nas redes sociais os efeitos que sofreu pelo uso de cigarros eletrônicos

Imagina perder a voz por causa de um vício? Foi o que quase aconteceu com a influenciadora e ex-BBB Vanessa Lopes por causa do cigarro eletrônico, popularmente conhecido como vape. O vídeo dela contando sua história viralizou nas redes sociais no final de agosto.
“Um certo dia meu médico virou para mim e falou assim ‘você vai perder a sua voz’. E eu falei ‘oi?’. E ele ‘não é só a cantada, é a falada também’. E eu ‘não vou, não’”, explicou Vanessa no vídeo postado no TikTok.
Ela contou que teve um “calo na prega vocal que inflamou pelo uso do vape, além de ter tido pneumonia e bronquite. Piorou minha asma e afins”.
Com mais de 450 mil curtidas na postagem, publicada originalmente no final de julho, ela continuou o relato contando que mesmo cortando o uso, ainda precisou fazer uma cirurgia.
“Tive que reaprender a cantar e falar, e até hoje estou nesse processo. Já se passaram dois anos da cirurgia e ainda faço fonoaudiologia e aulas de canto para cicatrizar a prega vocal”.
Presidente da Associação de Otorrinolaringologia do Espírito Santo, Flavia Gomes explicou que os calos na corda vocal normalmente são mais comuns em mulheres e provocados pelo abuso vocal.
“São pessoas que costumam usar muito a voz, como professores e isso acaba levando a um calinho nas cordas vocais. O vape e suas inúmeras substâncias nocivas podem lesionar ainda mais e isso, nos piores casos, pode levar à perda de voz permanente”.
O conselho da profissional é que a população não deve dar nem a primeira tragada no cigarro eletrônico.
“Os problemas que o vape traz são piores que o cigarro branco e mais rápidos. Estamos observando muitos jovens com o pulmão destruído. Em um a dois anos, já é possível ter problemas”.
A pneumologista Carla Bulian concorda que o melhor é nunca começar. Ela explica que o cigarro eletrônico provoca inflamação brônquica que pode exacerbar problemas respiratórios e levar a insuficiência respiratória.
No vídeo, Vanessa ainda compartilhou que abandonar o vape foi “muito difícil, mas cortei. Dói muito (a abstinência). Psicologicamente e fisicamente”.
O psiquiatra João Paulo Cirqueira destaca que parar um vício é um processo desafiador, principalmente, do vape, por ter altas concentrações de nicotina.
Outros casos
Morte de jovem
Uma adolescente de 15 anos morreu no Distrito Federal após desenvolver uma inflamação pulmonar grave associada ao uso de vape. Segundo informações apuradas pelo jornal Metrópoles, a jovem deu entrada no hospital com diagnóstico de pneumonia comunitária e por Influenza A, além de lesão pulmonar associada ao uso de cigarro eletrônico.
Perda de dentes
Especialistas no Estado já atenderam jovens que perderam parte do pulmão e dentes por causa do uso de vape.
Por exemplo, Marlei Bonella, que é especialista em periodontia, mestre em Implantodontia e diretora clínica do IOS Instituto Odontológico, contou para a reportagem de A Tribuna que já atendeu três casos de perda óssea por cigarros vapes.
“Evitem usar. É muito difícil parar”, diz estudante
Em fevereiro, A Tribuna contou a história de um estudante de Medicina enfrentando a abstinência após decidir parar de fumar vape.
Aos 16 anos, ele deu o primeiro “trago”. Cerca de quatro anos depois, começou a sentir as complicações, como falta de ar, dificuldade de subir escada e queda no rendimento. Por esse motivo, decidiu parar.
“Eu tenho muitas crises de abstinência. Na verdade, a abstinência te deixa mais ansioso do que era antes de começar a fumar, te dá aquela sensação de estresse. Às vezes, eu tenho picos de estresse que, com certeza, são provocados pela abstinência”.
Na época, ele contou à reportagem que parando por uma semana já se sentia melhor, sem cansaço.
“Evitem usar. É muito difícil parar. Procure fazer outra coisa”.
Entenda
É difícil abandonar o vape?
O psiquiatra João Paulo Cirqueira confirma. “É um processo desafiador”. Isso ocorre, explica, pois o abandono envolve tanto a quebra da dependência física quanto a mudança de hábitos.
Primeiro o cigarro eletrônico contém nicotina em altas concentrações, o que gera forte dependência.
Além do efeito químico, há o componente comportamental: a associação do vape a momentos de lazer, socialização ou alívio de estresse.
Por que é difícil abandonar o vape ou outros vícios?
O vício, ou dependência, está ligado a mecanismos de recompensa do cérebro. Substâncias como a nicotina liberam dopamina em áreas responsáveis pela sensação de prazer e motivação.
Com o uso repetido, o cérebro passa a associar a substância a alívio e bem-estar, criando um ciclo de busca constante.
Fatores genéticos, emocionais e sociais também aumentam a vulnerabilidade para o desenvolvimento de vícios.
O que fazer?
Reconheça que o vape não é inofensivo e informe-se sobre os riscos. Segundo o psiquiatra João Paulo, isso já ajuda na motivação para parar.
Estabelecer metas realistas, buscar apoio profissional e compartilhar o objetivo com familiares ou amigos aumenta as chances de sucesso.
Técnicas de manejo do estresse, atividade física e rotinas saudáveis também reduzem a necessidade de recorrer ao dispositivo.
Qual o tratamento?
É individualizado.
Pode incluir psicoterapia, programas de cessação do tabagismo e, em alguns casos, medicação para reduzir a fissura e controlar sintomas de abstinência.
Estratégias cognitivas e comportamentais ajudam a lidar com situações de risco e a substituir o vape por alternativas mais saudáveis.
Acompanhamento médico regular é fundamental para avaliar progresso e ajustar a abordagem.
Quais os riscos de continuar usando o vape?
São vários. Entre as doenças respiratórias causadas pelos cigarros eletrônicos estão pneumonias, bronquites crônicas, bronquiolite obliterante e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), além da piora de quadros de asma. Também pode causar perda de voz ou câncer.
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