Tecnologia ajuda a controlar doenças e viver melhor
Sensor que faz a leitura da glicemia pelo celular, relógio inteligente e eletrodo são algumas opções de monitoramento
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No Brasil, as doenças crônicas não transmissíveis são a maior causa de morte da população, segundo o Ministério da Saúde, constituindo-se em uma epidemia. Estimativas do ministério apontam que 50% da população, cerca de 108 milhões de pessoas, tem alguma doença crônica diagnosticada. Apesar de não ter cura, tecnologias têm auxiliado os pacientes no controle de doenças como diabetes, hipertensão e Parkinson a viverem melhor.
Aproximadamente 20 milhões de pessoas no País têm diabetes e precisam fazer o controle constante da glicemia. Muitos pacientes realizam o monitoramento por meio de furos nos dedos. Mas já é possível, por meio de sensor que gera dados na tela do celular, acompanhar as taxas de glicose no sangue.
“O paciente instala o sensor na região posterior do braço e faz a leitura pelo aplicativo do celular ou aparelho de leitura. Temos um novo sensor em que a leitura é feita apenas pelo celular”, explica a endocrinologista Sabrina França.
A médica chama a atenção para o fato do controle de um diabético tipo 1 ser mais difícil quando não há um monitoramento correto da glicose.
Para os pacientes que sofrem com a bexiga hiperativa (necessidade súbita e urgente de urinar) – o problema atinge 35% das mulheres com mais de 40 anos – está disponível o neuromodulador sacral Interstim.
Segundo o urologista José Tadeu Carvalho Martins, responsável pelo ambulatório de disfunções miccionais do serviço de urologia do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam), essa tecnologia permite que pacientes com bexiga hiperativa e retenção urinária idiopática refratárias ao tratamento clínico possam ser submetidos a uma cirurgia minimamente invasiva com resultados satisfatórios a curto e a longo prazo.
No tratamento, é implantado, cirurgicamente, um eletrodo e gerador de pulso no paciente. “O uso é contínuo e as programações devem ser realizadas conjuntamente com o paciente e o médico implantador. A bateria pode durar até 10 anos, dependendo da programação”.
Qualidade de vida
A técnica em planejamento e controle da manutenção Milene Rebuli, 24, descobriu o diabetes tipo I aos 19 anos após uma série de sintomas: sede e fome excessiva, urinação frequente e perda de peso. Ela conta que chegou a perder 10 quilos em um mês. Milene conheceu o sensor de glicemia (Libre 1) em 2020, mas foi em 2023 que ela conseguiu ter acesso pela Farmácia Cidadã. Hoje, usa o sensor e a caneta de insulina.
“O sensor permite melhor compreensão do padrão de glicemia e os impactos de cada alimento da minha rotina, devido aos gráficos gerados, auxiliando nos ajustes de doses. Ele auxilia também na prevenção de hipoglicemias graves, principalmente à noite. É possível compartilhar os resultados com os profissionais de saúde que me atendem e com familiares. Vejo claramente a mudança do meu tratamento e a qualidade de vida que ele proporciona”.
Relógio “salva” homem da morte
Nos últimos anos, o uso de relógios inteligentes, com funções que checam batimentos cardíacos e até pressão arterial, tem caído no gosto popular.
Neste ano, um personal trainer da cidade de Palmas, no Tocantins, foi “avisado” pelo seu relógio inteligente, que sinalizou na tela o princípio de uma parada cardíaca, levando Tyago Cursinol, de 32 anos, a buscar atendimento médico. Com um laudo de eletrocardiograma enviado ao aplicativo de seu celular, Tyago entrou em contato com um amigo cardiologista, que o orientou a buscar um hospital, onde ele foi atendido.
No início do mês, uma marca lançou no País o primeiro relógio inteligente com monitoramento contínuo da pressão arterial, certificado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Para a cardiologista Daniella Motta, o uso de tecnologias digitais no manejo da hipertensão demonstra um potencial transformador, permitindo maior engajamento do paciente e melhor entendimento dos padrões de pressão arterial.
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DIABETES
Sensor de glicemia
- O Freestyle Libre é um sensor de monitorização contínua da glicose que o paciente instala na região posterior do braço, conforme explicou a endocrinologista Sabrina França.
- O paciente faz a leitura desse sensor por meio de aplicativo de celular ou aparelho de leitura. O aparelho pode ser usado para o diabetes tipo 1 e 2.
- O sensor, que tem um fio de silicone pequeno, faz a leitura da glicose do líquido intersticial ( líquido entre as células). A leitura da glicose é feita durante 24 horas. O aparelho dura 14 dias.
- Recentemente chegou ao Brasil o Libre 2. Nesse, a leitura é feita apenas pelo celular e ele tem duração de 15 dias. A grande diferença do aparelho 1 para o 2 é que no novo sensor há alarmes de hipoglicemia, de hiperglicemia e desconexão (quando sensor se desconecta do Bluetooth do celular).
- Com as tecnologias não há necessidade que a medição ocorra com o teste capilar (furo no dedo).
- O custo, porém, é um impeditivo para muitos pacientes. Os valores, em média, variam entre R$ 270 a R$ 350.
- Geralmente essa terapia é utilizada para pessoas com diabetes tipo 1, mas também pode ser utilizada para diabetes tipo 2, em insulinoterapia.
- A Bomba de Infusão (BI) é um dispositivo eletrônico, que fica conectado ao corpo através de um cateter, ligado a um reservatório com insulina, e uma cânula flexível inserida no tecido subcutâneo, geralmente no abdômen.
- A bomba vai dispensando insulina ao longo do dia, de acordo com a programação dessa bomba. Essa programação é feita conforme os cálculos que o médico faz junto ao nutricionista e ao paciente.
- A orientação é que todo o conjunto de infusão seja trocado a cada 3 ou 4 dias para evitar inflamação ou infecção local. A bomba não dispensa o paciente de fazer o monitoramento de glicemia. Algumas bombas, mais modernas, já têm um dispositivo de leitura de glicose que faz a leitura automática.
- Não são todos os pacientes que têm indicação de uso.
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