Casos de HIV crescem em pessoas com mais de 50 anos
No Estado, número de pacientes nesta faixa etária passou de 191 para 229 nos últimos 5 anos, mas jovens são maioria das vítimas
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No mês dedicado à prevenção e garantia dos direitos de pessoas que vivem com o vírus HIV/Aids – o Dezembro Vermelho –, o número de novos casos entre pessoas com mais de 50 anos cresceu nos últimos cinco anos no Estado. Apesar dos mais jovens ainda representarem a maior parcela entre as pessoas diagnosticadas, entre 2019 e 2023, os novos casos entre pessoas mais maduras passaram de 191 para 229.
No País, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia chamou a atenção para o crescimento do número de idosos diagnosticados, que quadruplicou em 10 anos – entre 2011 e 2021.
A referência da Coordenação Estadual de IST/Aids da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Bettina Moulin, explicou que, hoje, uma pessoa que vive com HIV, faz o tratamento correto com antirretroviral e mantém sua carga viral não detectada, além de não adoecer devido à imunossupressão, não transmite vírus nas relações sexuais.
A gestante que também segue o tratamento dificilmente passará o vírus para o bebê. “Diferentemente do que muitos pensam, viver com HIV não é o mesmo que ter Aids (estágio mais avançado da doença)”, alerta Bettina.
Segundo a médica, apesar de pessoas detectando o vírus após os 50 anos, a faixa etária dos mais jovens ainda é a que mais tem apresentado a transmissão.
“Nessa faixa etária, temos uma população hoje mais sexualmente ativa. Homens usam comprimidos para aumentar potência sexual. Mulheres fazem reposição hormonal. Então, apesar de não ser a faixa em que mais se detecta, vem aumentando”.
A médica infectologista e mestre em Doenças Infecciosas Rúbia Miossi destacou que outro fator que contribui para o aumento de pessoas mais maduras diagnosticadas está na dificuldade que muitos idosos têm de usar o preservativo.
“Esse grupo não foi habituado a usar preservativo. Além disso, muitos podem ter problemas fisiológicos como dificuldade de ereção ou manter a ereção quando estiver com preservativo.”
Para essas pessoas, ela ressalta que também há outras formas de prevenção. “Uma delas é a PrEP, que no caso é tomar uma medicação para evitar a infecção”.
SAIBA MAIS
HIV/Aids
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) é causada pelo HIV (vírus da imunodeficiência humana). A transmissão ocorre por contato sexual desprotegido, transfusão de sangue e compartilhamento de objetos cortantes. A gestante infectada pode transmitir para o bebê.
Formas de prevenção
Teste
Pode ser realizado gratuitamente nas unidades básicas de saúde. O resultado sai em até 30 minutos.
Tratamento
A pessoa que tem o diagnóstico deve procurar um serviço para realizar o tratamento.
Ele mantém o sistema imunológico eficiente e impede a transmissão para outras pessoas.
O Estado oferece Serviços de Atenção Especializadas (SAE), onde a medicação antirretroviral é fornecida.
PEP
Destinado a pessoas que tiveram exposição a material de risco de infecção pelo HIV (caso de contato sexual sem preservativos ou por acidente com material cortante).
Nesse caso, é preciso procurar o serviço em até 72 horas para iniciar a medicação antirretroviral.
PrEP
A pessoa também pode realizar as medidas de prevenção pré-exposição de risco à infecção pelo HIV.
Indicado para pessoas que têm alto risco de entrar em contato com o vírus.
Os antirretrovirais impedem que o vírus se multiplique. É fornecido pelo SUS, desde que indicado.
Preservativos
São distribuídos gratuitamente nos serviços públicos de saúde os preservativos internos (vaginais), os externos (penianos) e o gel lubrificante.
Fonte: Sesa.
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