Sexo sem segurança e abuso de álcool e drogas entre adolescentes
Estudo com pessoas de idades entre 13 e 15 anos acendeu alerta para comportamentos que afetam a saúde física e mental
Uso de álcool e outras drogas mais cedo e mais sexo sem proteção. Uma pesquisa com adolescentes entre 13 e 15 anos acendeu o alerta para o aumento de comportamentos de risco em um período de 10 anos.
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), do IBGE, apontam retrocessos na vida de estudantes do 9º ano do ensino fundamental das redes pública e privada nas capitais.
As informações de 2009 a 2019 apontam que o percentual de estudantes de Vitória, que já tiveram relações sexuais, passou de 22,3% em 2009, para 27,3% em 2019.
Em contrapartida, em 10 anos, o percentual de alunos que usaram camisinha na última relação sexual caiu de 65,6% para 46%.
A pesquisa ainda destacou que o percentual de adolescentes que já tinham feito uso de bebida alcoólica passou de 53,3%, em 2012, para 60,5% em 2019.
Já o número de jovens que já tinham experimentado drogas ilícitas, passou de 7,9% em 2009 para 16,6% em 2019, ou seja, um crescimento de mais de 100%.
O gerente da pesquisa, Marco Andreazzi, ressaltou que a tendência está decrescente para meninos das escolas privadas e crescente para meninos de escolas públicas e meninas de ambas as redes.
A psicóloga especialista em Terapia Cognitiva Comportamental na Infância e Adolescência, Lana Francischetto, afirmou que os dados são motivos de preocupação.
“A adolescência é uma etapa da vida que requer atenção, diálogo e observação, por ser um momento em que passamos por alterações fisiológicas, psíquicas e comportamentais importantes”.
O médico psiquiatra Valber Dias enfatizou os riscos de uso precoce de substâncias como álcool e drogas. “O cérebro está em formação até os 25 a 30 anos. A exposição a substâncias psicoativas na faixa etária, principalmente de forma recorrente, leva à modificações que podem ser permanentes”.
Episódios de agressão e mais casos de bullying
Além de aumento do uso precoce de bebida alcoólica e de drogas, no período de 10 anos também cresceu o número de adolescentes que sofreram humilhações.
Em 2009, na capital, 32,2% dos adolescentes entre 13 e 15 anos afirmaram já ter sofrido bullying. Já em 2019, a taxa passou para 38,7%.
Investigou-se, ainda, a quantidade de episódios de agressão. Assim, em 2019, 11,4% dos alunos disseram que se envolveram em brigas com luta física nos últimos 30 dias.
Quanto aos dados em geral revelados pela pesquisa, o psicólogo e professor do Unesc, Alexandre Brito, frisou que a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente preveem que é dever do Estado, das famílias e da sociedade cuidar e dar prioridade para as crianças e adolescentes.
“É preciso implementar políticas públicas, é preciso que as famílias tenham orientação, bem como consigam dar orientação aos jovens. A sociedade também tem que criar espaços para que crianças e jovens possam se sentir acolhidos em sua singularidade”.
SAIBA MAIS
Pesquisa
A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com os Ministérios da Saúde e da Educação, investiga informações que permitem conhecer fatores de risco e proteção à saúde dos alunos.
Na edição, foram feitos comparativos entre 2009 e 2019 de estudantes do 9º ano (13 a 15 anos).
Resultados em Vitória
1) Bebida alcoólica
Já experimentaram bebidas alcoólicas:
2012 53,3%
2015 48,9%
2019 60,5%
- Na rede pública: 64% tomaram, pelo menos, uma dose de álcool em algum momento em 2019.
- Na rede particular: 54,1% já tinham ingerido bebidas alcoólicas.
- 22,9% dos estudantes tomaram, pelo menos, um copo de bebida nos 30 dias anteriores à pesquisa.
2) Drogas ilícitas
Experimentação de drogas
2009 7,9%
2019 16,6%
Exposição precoce
- 3,3% dos alunos tinham experimentado drogas ilícitas em 2009 antes dos 13 anos.
- 7,1% dos alunos passou a ser o percentual de uso precoce 10 anos depois (2019).
- 110% foi o aumento da exposição precoce a drogas.
3) Cigarro
- 20% dos estudantes do 9º ano já fizeram uso de cigarro.
- 19,1% tinham experimentado em 2009.
4) Sexo
Adolescentes que já tiveram relações sexuais
2009 22,3%
2019 27,3%
Meninas
- A taxa de início das relações entre as meninas aumentou de 14,1% entre as meninas para 22,7% para os meninos.
Uso de camisinha na última relação
2009 65,6%
2019 46%
- Vitória é a 2ª no ranking de capitais com maior taxa de estudantes que não usaram a proteção
- 90,6% dos estudantes disseram que receberam orientações da escola sobre formas de prevenção de gravidez.
Fonte: IBGE
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