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Saúde

Saúde em foco: médicos explicam tratamentos para Déficit de atenção em adultos

Além dos benefícios relacionados à saúde física, o tratamento de pessoas com TDA melhora a autoestima


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Dificuldades para lembrar onde colocou algo, de seguir instruções, de terminar tarefas domésticas ou profissionais são algumas das situações que adultos com Transtorno de Déficit de Atenção (TDA) passam desde criança, mas só conseguem descobrir  a causa das dificuldades bem mais tarde. 

Com mais informação sobre o transtorno, mais adultos estão percebendo a disfuncionalidade e buscando avaliação médica para diagnóstico e tratamento. O que também contribui para o aumento no uso dos medicamentos psicoestimulantes.

“Há alguns anos, menos pessoas buscavam ajuda quanto  a sintomas como desatenção, impulsividade, dificuldade de organização, que podem caracterizar um quadro de TDAH. Acreditavam que eram características de uma personalidade mais 'desligada'.  Pouco se falava de diagnóstico de TDAH em adultos, focando o mesmo para crianças”, destaca a médica Thaís Silveira, especializada em psiquiatria.

Há alguns anos, lembra a  psiquiatra Karen Vasconcelos, professora do Unesc, as crianças com dificuldade de aprendizagem eram consideradas apenas “mais burrinhas”. 

“O tratamento melhora muito a autoestima e o desempenho acadêmico, seja da criança ou do adulto. Estudos estão sendo realizados para verificar se outras causas podem estar interferindo no aumento da prevalência do transtorno”.

Os profissionais de saúde também estão mais informados sobre o transtorno, segundo o psiquiatra José Luis Leal de Oliveira, da Rede Meridional, e isso também contribui para novos diagnósticos. 

“Os prejuízos cognitivos estão cada vez mais diagnosticados, porque cada vez mais a população e os profissionais estão preocupados em diagnosticar e habilitados para tratar. Hoje em dia utilizamos estes medicamentos não só para tratar TDAH, mas também utilizamos para tratar os prejuízos cognitivos associados e depressão,  para potencializar o efeito dos tratamentos antidepressivos e para tratamento da narcolepsia”, destaca o psiquiatra.

Mas o presidente da Associação Psiquiátrica do Espírito Santo, Valdir Campos, acredita que é possível melhorar ainda mais. 

“Ainda temos um subtratamento de TDAH. Um estudo publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria apontou que apenas 19% dos brasileiros com o transtorno faziam o tratamento com medicação”, ressaltou.

Problemas com efeitos colaterais

 O cantor Leon Gael, 25,  contou que desde criança  sentia que tinha o seu potencial abafado pela desatenção, mas só depois de adulto descobriu que, na verdade, era um Transtorno de Déficit de Atenção. Ele conta que começou a tomar o medicamento para melhorar a atenção e a concentração, o que ajudou muito, mas por um tempo.

Imagem ilustrativa da imagem Saúde em foco: médicos explicam tratamentos para Déficit de atenção em adultos
O cantor Leon Gael, 25 anos, tem TDA e fez tratamento |  Foto: Leone Iglesias/AT

“O medicamento me fez muito bem,  fez com que a minha mente focasse no que realmente interessava no momento, pois inibe os estímulos mentais que desviam a atenção. Mas os efeitos colaterais estavam me fazendo mal e optei por alguns tratamentos alternativos. Utilizei florais e  minha atenção e funções cerebrais melhoraram, mas usei o remédio por  4 meses e a melhora foi gradativa”.

Anvisa usa inteligência artificial para fiscalizar

A venda ilegal e clandestina de medicamentos que melhoram a memória é um desafio para os órgãos de fiscalização. 

Apesar de  ser necessário utilizar  receita médica  especial para comprar o medicamento, que tem tarja preta, há pessoas que conseguem comprar  sem ter o documento, principalmente pela internet. 

Para fiscalizar  e coibir  a venda ilegal, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)  informou que está contando com inteligência artificial. 

Em nota, o órgão disse que para ampliar a capacidade de fiscalização de produtos irregulares na internet,  está testando um projeto-piloto,  em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), denominado Epinet (Exclusão de Produtos Irregulares da internet), que monitora os anúncios de produtos irregulares na rede. 

“Baseia-se na utilização de uma ferramenta de inteligência artificial que realiza busca, identificando os potenciais anúncios irregulares. Após essa identificação, o site irregular é notificado automaticamente para retirar o anúncio do ar  e monitora para verificar se não houve o retorno ao ar desse mesmo anúncio”. 


CONFIRA AS REGRAS

Prescrição

De acordo com as regras da Anvisa, os medicamentos à base de metilfenidato, lisdexanfetamina e modafinila devem ser prescritos por profissionais legalmente habilitados, por meio de Notificações de Receita, ou seja, receita especial.

Tipos de receitas

No caso dos medicamentos à base de metilfenidato e de lisdexanfetamina, deve ser utilizada a Notificação de Receita  A, de cor amarela, fornecida aos profissionais cadastrados pela autoridade sanitária local.

Em relação aos medicamentos à base de modafinila, a prescrição deve ser realizada por meio da Notificação de Receita B, de cor azul. Nesse caso, os profissionais cadastrados recebem uma numeração específica da autoridade sanitária local para a confecção dos talonários.

Retenção da receita

Em qualquer dos casos, o paciente deve se dirigir a uma farmácia ou drogaria onde, a partir da checagem e retenção da devida notificação de receita, respeitadas as quantidades máximas permitidas, fará a dispensação do medicamento. 

Fiscalização 

A Anvisa informou que  mantém um monitoramento para coibir o comércio irregular de medicamentos.

Para ampliar a capacidade de fiscalização de produtos irregulares na internet, a Anvisa dispõe de um projeto-piloto em curso, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), denominado Epinet (Exclusão de Produtos Irregulares da internet), que monitora os anúncios de produtos irregulares comercializados na internet.

Segundo o órgão, a falsificação de prescrição médica é crime a ser investigado pelas instâncias policiais.

| O que diz a lei

FALSIFICAR RECEITA médica pode ter pena de 1 a 5 anos de prisão, pelo artigo 298 do Código Penal.

QUEM VENDE REMÉDIOS de tarja preta sem receita responde pelo crime de falsificação, previsto no artigo 273 do Código Penal.

Fonte: Anvisa.

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