Remédios para melhorar o sexo viram moda e Anvisa faz alerta
Uso exagerado da substância pode causar infarto, AVC, pressão baixa, perda de visão ou audição, além de dependência

Um dos remédios mais vendidos para disfunção erétil, o tadalafila ganhou fama nos últimos meses também como “pré-treino” nas redes sociais – apesar de não haver qualquer embasamento científico para este fim. Até em formato de balinhas, a medicação passou a ser comercializada na internet.
Por conta do uso indiscriminado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta para os riscos que medicamentos como sildenafila, tadalafila, vardenafila, udenafila e lodenafila podem causar à saúde.
Segundo a agência, o uso recreativo ou estético dessas substâncias pode causar efeitos graves, como infarto, acidente vascular cerebral (AVC), hipotensão (pressão baixa), perda de visão ou audição, além de dependência psicológica.
A Anvisa alerta ainda para a comercialização irregular de produtos contendo essas substâncias, como gomas e suplementos. A agência reforça que tais formulações não têm aprovação para uso em atividades físicas, ganho de massa muscular ou aumento de desempenho sexual.
Essas substâncias são aprovadas como medicamentos de venda sob prescrição médica e não podem constar da lista de composição de produtos enquadrados em outras categorias, como os suplementos alimentares, destaca.
Dados da Anvisa, divulgados pelo Conselho Federal de Farmácia, apontam ainda que as vendas de tadalafila, por exemplo, saltaram de 3,2 milhões de unidades em 2015 para 64,7 milhões em 2024, um crescimento de quase 2.000%.
Em 2024, o genérico foi o quinto mais vendido no País, com 61,2 milhões de unidades comercializadas, segundo dados da pesquisa Pharmaceutical Market Brasil (PMB), da IQVIA, divulgada pela PróGenéricos.
A farmacêutica Mariana Piassaroli, da Rede Mônica, destaca que algumas pessoas idosas fazem uso da medicação com prescrição médica, porém, tem aumentado a busca por jovens querendo fazer o uso desses remédios sem indicação. “É justamente nesse cenário que o farmacêutico entra, para dar a devida orientação”.
Para o urologista Camilo Milanez, a saída para “frear” o uso indiscriminado desses medicamentos seria a adesão da receita controlada, como é feita, por exemplo, em remédios psicotrópicos.

Doença pode ter relação com hipertensão e diabetes
Muito além de um problema sexual, a disfunção erétil pode estar relacionada à hipertensão, diabetes e colesterol alto.
“Muitas vezes, a dificuldade de ereção é um dos primeiros sinais de que há comprometimento da circulação. Os vasos do pênis são finos e podem manifestar sinais da doença aterosclerótica, obstrução, antes das artérias do coração. Por isso, a disfunção erétil pode surgir anos antes de um infarto ou derrame. Homens que apresentam esse sintoma devem procurar avaliação médica”, alerta a cardiologista Tatiane Emerich.
Quanto ao risco de desfechos graves que os medicamentos para a disfunção erétil podem causar se usados sem indicação médica, o cardiologista Diogo Barreto explica que esses remédios são vasodilatadoras potentes, aumentando a circulação sistêmica da região do pênis.
“Como eles fazem a vasodilatação, se o paciente for saudável, às vezes não vai ter maiores problemas, mas se o paciente tiver doenças vasculares ou mesmo coronarianas, ele pode ter uma diminuição do fluxo sanguíneo, por exemplo, na coronária e pode levar a um infarto ou AVC”.
Fique por dentro
Medicamentos com prescrição médica
Alerta da Anvisa
A Anvisa emitiu um alerta sobre os riscos do uso indiscriminado de medicamentos para disfunção erétil, como sildenafila, tadalafila, vardenafila, udenafila e lodenafila.
Esses medicamentos só devem ser usados com prescrição médica e não podem ser vendidos em forma de suplementos, gomas ou outros produtos não autorizados.
Os riscos do uso sem orientação médica
O uso recreativo ou estético dessas substâncias – em gomas, suplementos e até em preparações manipuladas irregulares – não tem aprovação da Agência e pode trazer riscos graves:
- Infarto.
- Acidente vascular cerebral (AVC).
- Queda brusca de pressão arterial (hipotensão).
- Perda súbita de visão ou audição.
- Dependência psicológica.
Por que esses remédios podem ser perigosos?
Esses medicamentos são vasodilatadores potentes: dilatam os vasos sanguíneos para aumentar o fluxo de sangue no pênis, o que facilita a ereção. Mas esse efeito também pode impactar a circulação em outras regiões do corpo.
Quando usados junto com outros medicamentos vasodilatadores – como os nitratos, comuns em pacientes cardíacos –, os riscos aumentam ainda mais. A associação pode levar a quedas bruscas de pressão e reduzir o fluxo de sangue para o coração ou o cérebro, favorecendo infartos e AVCs.
O ato sexual exige gasto energético. Para quem tem doenças coronarianas silenciosas, o esforço somado ao efeito do medicamento pode desencadear mal súbito durante a relação, aumentando o risco de eventos cardiovasculares graves.
Sinal de outras doenças
A dificuldade de ereção nem sempre é apenas um problema sexual. Muitas vezes, ela é o primeiro sinal de doenças vasculares. Os vasos do pênis são mais finos e podem mostrar sinais de obstrução antes mesmo das artérias do coração.
Por isso, a disfunção erétil pode aparecer anos antes de um infarto ou derrame. Doenças como diabetes, hipertensão, colesterol alto e tabagismo estão diretamente ligadas à disfunção erétil e devem ser investigadas precocemente.
Fonte: Anvisa e especialistas consultados pela reportagem.
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