Professor faz apelo por doação de fígado
Desde que entrou para a fila do transplante de fígado, Heleno da Silva tenta conscientizar as pessoas sobre o tema
Atualmente, a fila de pacientes que precisam de transplante de algum órgão no Espírito Santo é de 1.895 pessoas. O professor da área de Direito Heleno Florindo da Silva, 33 anos, faz parte desse dado e tem feito um apelo para que as pessoas se conscientizem a respeito da doação de órgãos.
Ele sofreu uma trombose no principal sistema de irrigação de sangue do fígado. Isso fez com que, com o passar do tempo, a doença se transformasse em cirrose.
“Apesar de ser considerado cirrose, o problema não é devido à bebida, medicamento ou nada disso. Foi o problema de funcionamento mecânico do órgão”, explicou.
Heleno descobriu a necessidade de realizar um transplante de fígado após notar sintomas diferentes no corpo.
Os principais foram o embranquecimento das fezes e a transformação do tom da pele na cor amarela.
O professor está na fila do transplante há cerca de 20 dias. De acordo com ele, desde que descobriu que precisava de um novo órgão, tem conversado com muitas pessoas sobre a importância da doação.
“Gostaria que as pessoas tivessem consciência da situação e pudessem ajudar os que precisam. A oferta de órgãos diminuiu em tempos de pandemia. Quando o assunto é espalhado, mais pessoas ficam sabendo e a oferta costuma aumentar”, explicou.
Segundo o coordenador interino da Central Estadual de Transplantes, Leonardo Del-Fini Santiago, a maior importância da doação de órgãos é retirar o paciente necessitado da fila de espera.
“Muitas vezes o paciente precisa de rapidez, já que a qualidade de vida dele pode estar prejudicada”, comentou.
Ainda de acordo com Leonardo, é fácil se tornar um doador de órgãos.
“A pessoa interessada só precisa conversar sobre o assunto em casa. Informar à família. Geralmente, os familiares não conhecem o desejo do doador”, explicou.
“Doação é ato de empatia”
- A TRIBUNA: Qual o problema em seu fígado?
- Heleno Florindo da Silva: Só descobri meu estado quando minha pele começou a ficar amarelada e as fezes esbranquiçadas. Desenvolvi cirrose por uma falha no funcionamento do fígado.
- O que precisou fazer a partir disso?
Adequar a alimentação. Excluir o máximo de gordura possível da rotina, já que a bile não está funcionando direito, e ela que faz a digestão da gordura do organismo.
- Quais são seus sintomas?
Como a bilirrubina, que deveria ser eliminada do corpo pela urina, permanece no organismo, minha pele fica amarela. A substância vai para a minha pele e coça 24 horas por dia.
- Acha que tem chance de conseguir o novo fígado rapidamente?
Espero que sim. Entrei na fila há pouco tempo, mas preciso muito. A doação é um ato de humanidade e extrema empatia. Proporciona alegria e saúde às pessoas. Nunca poderei agradecer à família do doador o bastante.
- Algum recado para as pessoas que têm dúvidas?
Gostaria de lembrar que um pedaço de quem você ama pode salvar outra pessoa. É a solidariedade mais bonita que pode existir.
Rim lidera fila de espera
No Estado, são realizados transplantes de rim, fígado, coração e córnea. Neste momento, o rim aparece como órgão que possui a maior fila de espera, com 1.213 pacientes.
A tabela segue com 653 pessoas precisando de córnea, 21 de fígado e oito aguardando coração.
Em tempos que a pandemia esteve no auge da contaminação, em 2020, o Espírito Santo chegou a registrar 273 transplantes, número considerado baixo por especialistas.
Já em 2021, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, foram alcançados melhores resultados. O ano passado encerrou com 450 transplantes realizados em terras capixabas. O número para 2022 é promissor.
Somente no primeiro semestre, já foram registradas 200 doações. O número é quase igual ao alcançado em todo o ano de 2020.
Saiba mais
Como posso ser doador?
O transplante só é possível pela autorização dos familiares. É fundamental que o doador informe à família, ainda em vida, do desejo de doar.
Tipos de doadores
Doador vivo: Pessoas saudáveis podem doar um rim, parte do fígado, medula óssea e parte do pulmão.
Doador com morte encefálica: Pacientes em UTI com morte declarada.
Órgãos e tecidos
Podem ser doados coração, pulmão, fígado, pâncreas, rim, córnea, ossos, músculos e pele.
Quem controla?
O diagnóstico é regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina.
Fonte: Secretaria de Estado da Saúde.
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