Pesquisa no ES: mudanças de hábitos previnem diabetes?
Hucam vai avaliar 53 voluntários para descobrir se hábitos ajudam a prevenir doença que atinge mais de 300 mil no ES
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No Espírito Santo, estima-se que mais de 331 mil pessoas sejam portadoras de Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2), que é uma doença crônica caracterizada pela incapacidade do corpo de usar insulina produzida ou por não produzir insulina suficiente para controlar os níveis de glicose no sangue.
O Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, da Universidade Federal do Espírito Santo (Hucam-Ufes), administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), está recrutando 53 voluntários para o Programa de Prevenção de Diabetes (Proven-Dia).
Trata-se de um estudo científico nacional, que será executado simultaneamente em 30 centros no Brasil, sendo o Hucam-Ufes responsável pela pesquisa no Espírito Santo.
A pesquisa é liderada pela professora da Ufes, Luciane Bresciani Salaroli, e conta com a coordenação de Vanezia Gonçalves da Silva, que é doutora em saúde coletiva.
Segundo elas, podem se habilitar pessoas acima de 18 anos que possuem fatores de risco para desenvolver diabetes tipo 2, como estar acima do peso, exames de glicemia alterados, dentre outros fatores.
Os voluntários devem morar em até uma hora de distância do centro de pesquisa, que fica no Hucam, campus Maruípe, na capital.
Elas destacam que o objetivo da pesquisa é avaliar se mudanças em hábitos de vida, como alimentação saudável e prática regular de atividade física, ajudam a prevenir o desenvolvimento do diabetes tipo 2 em pessoas com pré-diabetes, acima do peso ou obesidade.
Além da possibilidade de acrescentar conhecimento ao campo de pesquisa, o projeto será voltado para a oferta de serviço especializado aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Amplia a oferta de serviços de saúde baseados em evidências, promove a prevenção de doenças crônicas e, consequentemente, reduz a demanda futura por atendimentos de maior complexidade”, acrescenta Vanezia Gonçalves da Silva, ao lado das enfermeiras da pesquisa, Lunara Baptista Ferreira e Soraya Conrado Pereira.
Os voluntários elegíveis serão selecionados e distribuídos aleatoriamente em três grupos: Intervenção presencial, Intervenção remota e Grupo controle. A proposta central é avaliar mudanças, especialmente nos hábitos alimentares e prática de atividade física.

Curiosidades
Notificação
A Secretaria da Saúde (Sesa) informou que a diabetes não é de notificação compulsória, portanto, não há registros precisos de pacientes com a doença.
A identificação da diabetes e o tratamento acontecem nas unidades básicas de saúde, onde são disponibilizados medicamentos gratuitos para a doença.
Estimativa
Estima-se que o percentual de adultos acima de 18 anos portadores de diabetes no Espírito Santo é de 9,6%, segundo dados da pesquisa Vigitel, publicada em 2023.
Considerando a população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2023, o Estado possuía em torno de 368.036 adultos portadores de diabetes, sendo 90% (331.232 pessoas) com Diabetes tipo 2 e 10% (36.804) com Diabetes tipo 1.
Maior prevalência
Segundo o International Diabetes Federation (IDF), o Brasil é o terceiro país do mundo com a maior prevalência do tipo 1 em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos, estimado em 92.300 casos.
Desse modo, considerando esta estimativa de prevalência para o Estado, há em torno de 1.725.
Saiba mais
O programa?
O Programa de Prevenção de Diabetes (Proven-Dia) é uma pesquisa que avalia se mudar os hábitos de vida ajuda na prevenção da doença.
O foco é avaliar se mudanças em hábitos de vida, como alimentação saudável e prática regular de atividade física, ajudam a prevenir o desenvolvimento do Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2) em pessoas com pré-diabetes, sobrepeso ou obesidade.
Voluntários
São 53 voluntários por centro. No País, há 30 centros de pesquisas, sendo um no Estado, no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, da Universidade Federal do Espírito Santo (Hucam-Ufes) – administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) – no campus Maruípe, em Vitória.
Acompanhamento
Terá duração de dois a três anos e será feito por meio de avaliações presenciais e por telefone. Os indicadores serão mensurados através de coleta de sangue, para medir glicemia e hemoglobina glicada; acompanhamento de peso corporal; nível de atividade física, e outras análises.
Os dados permitirão verificar a incidência de DM2 ao longo do tempo e avaliar se as intervenções baseadas nessas mudanças foram eficazes em prevenir o aparecimento da doença.
Critérios para se candidatar
O programa foi pensado para o paciente pré-diabético, isso significa que o participante ainda não tem diabetes instalado, mas apresenta risco aumentado e, portanto, pode se beneficiar das orientações e intervenções oferecidas. Critérios abaixo:
Idade
Ter 18 anos ou mais.
Residência
É preciso morar em até uma hora de distância do centro de pesquisa, que fica no Hucam-Ufes, campus Maruípe, em Vitória.
Exame
Ter exame de hemoglobina glicada entre 5,7% e 6,4% ou glicemia 2 horas após teste de tolerância oral à glicose entre 140 e 199mg/dL. Se o exame tiver sido realizado com prazo superior a três meses, os interessados podem ir até o centro de pesquisa e realizar os exames de graça.
Sobrepeso
Ter sobrepeso ou obesidade (IMC entre 25 e 34,9kg/m).
Hábitos
Não estar em acompanhamento individual de alimentação e/ou exercício físico nos últimos seis meses.
Conectado
Ter computador, notebook, tablet ou celular com acesso à internet.
Quem não pode ser voluntário
Não poderá participar da pesquisa as pessoas que tem diagnóstico de diabetes; usar remédio ou insulina para diminuir a glicose (açúcar no sangue); ter doença renal, asma ou Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC); ter sido submetido a cirurgia de estômago, intestino ou fígado; ter sofrido infarto, angina (dor no peito) ou AVC (acidente vascular cerebral).
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