Pesquisa na educação pública aponta que mais de 41 mil alunos estão acima do peso
Número aponta que cerca de 28% dos alunos da rede pública estadual estão com sobrepeso, obesidade ou obesidade grave
O sobrepeso tem avançado em ritmo acelerado. Em diferentes faixas etárias, os índices aumentam ano após ano, impulsionados por mudanças no estilo de vida, alimentação desequilibrada e crescente sedentarismo. No Espírito Santo, o diagnóstico nutricional dos estudantes da rede pública estadual de ensino revelou que 41 mil estudantes de 10 a 18 anos estão acima do peso.
De acordo com os dados quantitativos apresentados, foram mais de 147 mil estudantes analisados no estudo. Entre os adolescentes, considerados no estudo como aqueles com idades entre 10 e 18 anos, 16,33% estão em sobrepeso, 8,53% com obesidade e 3,30% com obesidade grave.
Se somados, 28,16% (ou cerca de 41,4 mil) estão acima do peso. Os resultados foram obtidos a partir da medição do peso e da altura dos alunos. A coleta de dados para a pesquisa ocorreu em março deste ano.
Especialistas alertam que o problema, antes associado majoritariamente à vida adulta, hoje afeta também crianças e adolescentes, acendendo um sinal de alerta para famílias, escolas e gestores de saúde.
A nutricionista Drielly Kirmse analisa que os jovens estão consumindo cada vez mais alimentos processados e ultraprocessados, que têm um grande teor calórico e baixo teor nutricional.
“Na verdade ocorre uma inversão de interesses, porque, se a gente pensar, o biscoito recheado está pronto, é de fácil acesso. Mas e a fruta? A fruta também está pronta, também é de fácil acesso”.
Vinicius Simões, subsecretário de Estado de Suporte à Educação, acrescenta que esse é um levantamento inédito. “Agora temos o retrato real do número de estudantes com peso ideal, sobrepeso, obesidade e desnutrição de cada município”, afirma.
A Secretaria de Estado da Educação (Sedu) promove a alimentação saudável nas escolas, controlando o cardápio, a qualidade dos alimentos e a adesão ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
Ao todo são 70 nutricionistas que cuidam do cardápio da alimentação que é oferecida nas escolas estaduais do Espírito Santo. A nutricionista Vitória Miguez é uma delas. Ela cuida do cardápio da EEEM Arnulpho Mattos, em Vitória.
“O nosso foco realmente é que, pelo menos na escola, a gente consiga atender esses alunos com uma alimentação variada e equilibrada. Ali eles não estão só se alimentando. É uma questão também de desenvolvimento cognitivo e de melhorar a concentração e a atenção para o aprendizado”.
Saiba Mais
Coleta de dados
Durante a Semana da Nutrição na Escola, que aconteceu em março deste ano, foi realizada a medição da altura e do peso de quase todos os estudantes da rede pública do Espírito Santo.
Ao todo, foram 147.375 estudantes que tiveram os dados coletados.
A pesquisa foi aplicada em alunos de todo o Estado do Espírito Santo.
O painel com o diagnóstico foi finalizado e divulgado no mês de outubro deste ano.
Boa nutrição
A maioria (65,26%) se encaixou na categoria de estudantes que estavam com nutrição adequada.
A pesquisa também analisou e constatou que 17,75% dos estudantes estavam com sobrepeso, 9,5% com obesidade e 3,57% com obesidade grave.
Adolescentes
A análise dividiu os participantes por faixa etária. Assim, foram considerados adolescentes aqueles com idades entre 10 e 18 anos.
Para estes, os dados para quem está acima do peso são 16,33% para sobrepeso, 8,53% para obesidade e 3,30% para obesidade grave. Somados, 28,16% do total está acima do peso (cerca de 41,4 mil).
Magreza
Foram analisados também dados sobre a magreza, magreza acentuada e baixo peso.
Do total, 2,29% dos estudantes apresentaram magreza, 0,87% magreza acentuada e 0,12% baixo peso.
Principais causas do sobrepeso entre adolescentes
Má qualidade alimentar: Jovens estão consumindo mais alimentos processados e ultraprocessados, ricos em calorias e pobres em nutrientes.
Facilidade de acesso aos ultraprocessados: Produtos prontos, como biscoitos recheados, acabam sendo escolhidos pela praticidade — mesmo quando frutas e alimentos naturais também são de fácil consumo.
Falta de educação nutricional: A ausência de estímulo para escolhas saudáveis resulta em hábitos alimentares inadequados desde cedo.
Influência do sedentarismo
Menor gasto calórico: A tecnologia e o tempo excessivo em telas reduzem a prática de atividades físicas.
Efeito combinado: Alta ingestão calórica e pouco movimento resulta em aumento de gordura corporal.
Falta de disposição causada pela má alimentação: Dietas pobres em nutrientes reduzem energia e motivação para atividades físicas e cognitivas.
Importância da família
Ambiente doméstico: Crianças e adolescentes comem o que há em casa.
Exemplo familiar: Hábitos ruins dos pais tendem a ser reproduzidos pelos filhos.
Educação alimentar começa no lar: A construção de bons hábitos depende da rotina estabelecida pela família.
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