Peeling de fenol: tratamento de beleza pode afetar coração e rins
Especialistas explicam que o procedimento que deve ser realizado por um médico após avaliação clínica
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O que era para ser algo positivo na vida do empresário Henrique da Silva Chagas, de 27 anos, se tornou um pesadelo fatal. Ele morreu na última segunda-feira (03) ao passar pelo procedimento de peeling de fenol, feito pela esteticista e influencer Natalia Fabiana de Freitas, conhecida na internet como Natalia Becker.
Ocorrido em São Paulo, o caso teve repercussão nacional. Para tirar as dúvidas dos leitores, A Tribuna conversou com especialistas sobre o tratamento de beleza realizado. Seria perigoso para a saúde? Se não for feito corretamente, sim.
Segundo a dermatologista Juliana Drumond, o fenol é uma substância tóxica que, quando aplicada na pele, é absorvida pelo organismo. Ele tem ação cardiotóxica, pode causar arritmia cardíaca e tem potencial nefrotóxico e hepatotóxico, podendo danificar os rins e fígado.
“Por isso é um procedimento que deve ser realizado por médico e deve ser feita uma avaliação clínica antes. O paciente precisa estar em boas condições”, disse, citando a reação alérgica como outro potencial problema.
Já o cirurgião plástico Adriano Batistuta destacou que o risco existente no procedimento está relacionado com a dor aguda.
“O ideal é que se faça com sedação, ela tira a dor e é possível fazer o procedimento sem maiores problemas. Quando se sente dor intensa e aguda, a pressão arterial e a frequência cardíaca podem abaixar. Em casos extremos, há a parada cardíaca”.
A dermatologista Karina Mazzini ainda comentou sobre os possíveis riscos estéticos que podem ser desencadeados.
“Mancha hiperpigmentada severa, difícil de sair depois; manchas brancas em que a pele não volta à cor normal; queloides e infecção. Quando a pessoa está na fase de crosta (pós-peeling), se não tiver muito cuidado pode pegar uma infecção grave”.
Especialização
Já a dermatologista Thaiz Rigoni ressaltou a necessidade do paciente realizar o peeling com um profissional capacitado e especializado.
“Infelizmente, não médicos estão fazendo esse procedimento, e foi exatamente o que aconteceu na tragédia desta semana: pessoas que não têm capacidade de reconhecer e monitorar um paciente e de prestar o devido socorro”, disse.
Fique por dentro
Peeling de fenol
Os peelings químicos existentes podem ser classificados em superficiais, médios e profundos. O peeling de fenol clássico é profundo, pois atinge todas as camadas da pele.
É caracterizado pela aplicação de uma solução cáustica que provoca queimadura e descamação severa da pele. A substância aplicada é o fenol e alguns diluentes.
Aplicado na face, promove um estímulo de produção de colágeno, aumentando a espessura e a qualidade da pele, tratando as rugas médias e profundas, além de clarear manchas e melhorar aspecto de acne.
De acordo com a dermatologista Juliana Drumond, esse peeling é usado há muitos anos e atualmente está em moda por conta das redes sociais. Quando é bem indicado, tem um resultado muito bom, mas é um procedimento difícil de ser feito e que tem um risco razoável de complicações.
É válido ressaltar que também existe o peeling atenuado, com menos concentração de fenol e que têm uma penetração inferior na pele. Ele tem um tempo de recuperação mais curto.
Riscos
O fenol pode causar reação alérgica e também é uma substância tóxica que tem ação cardiotóxica e potencial nefrotóxico e hepatotóxico. Ou seja, pode causar problemas para o coração, rins e fígado, respectivamente. No caso do empresário Henrique da Silva Chagas, o procedimento foi fatal.
Além disso, por ser um procedimento doloroso, a pressão arterial pode baixar, assim como a frequência cardíaca, e, em casos extremos, há a parada cardíaca.
O pós-peeling também merece atenção. Por estar exposta com a descamação, a pele fica mais vulnerável a infecções.
Atenção
Realizar o procedimento com um profissional capacitado, portanto, é fundamental. Médicos dermatologistas e cirurgiões plásticos são indicados.
Para saber a qualificação do profissional, basta fazer uma consulta no portal do Conselho Federal de Medicina (CRM): portal.cfm.org.br.
Fonte: Especialistas consultados.
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