Parar de fumar, controlar o estresse: como mudar o estilo de vida curou pacientes
Parar de fumar, controlar o estresse e fazer ajustes na rotina são capazes de fazer com que quadros clínicos entrem em remissão
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Mais de 160 mil pessoas morreram por infarto e acidente vascular cerebral (AVC) no Brasil, em 2024, segundo dados do Portal da Transparência do Registro Civil.
Entre as causas para o infarto e AVC estão obesidade, hipertensão, diabetes e dislipidemia (colesterol alto). Mas mudanças no estilo de vida, segundo médicos, são capazes de curar essas e outras condições, sobretudo em estágios iniciais.
O diabetes tipo 2 é um exemplo, aponta a médica de Família e Comunidade Taynah Repsold, mestre e doutoranda em Doenças Infecciosas pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
“Estudos como o DiRECT Trial (Lancet, 2018) mostraram que intervenções com perda de peso significativa, dieta hipocalórica e suporte contínuo resultaram em remissão da doença em até 46% dos participantes em um ano”.

A esteatose hepática não alcoólica (gordura no fígado) é outra condição, aponta Taynah, em que a perda entre 7% e 10% do peso corporal pode reduzir significativamente a inflamação hepática.
Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia - Espírito Santo (SBC-ES), a cardiologista Daniella Motta ressalta que hábitos saudáveis, como alimentação balanceada, cessação do tabagismo, controle do estresse e atividade física regular, podem ajudar a controlar a pressão arterial, melhorar o perfil lipídico e controlar o diabetes, reduzindo complicações e, em alguns casos, a gravidade da doença.
Bons hábitos de vida têm potencial ainda de auxiliar na cura do câncer. Foi justamente isso que a médica Franciany Dal’Col, de 36 anos, sentiu na própria pele ao descobrir, aos 29 anos, um câncer renal.
“No meu caso, embora não seja possível afirmar com certeza qual foi a causa, eu acredito que o estilo de vida que eu levava antes do diagnóstico — com níveis altos de estresse devido a uma sobrecarga de trabalho exaustiva na qual eu frequentemente fazia 36 horas direto de plantão, com uma alimentação inflamatória e pouca atenção ao equilíbrio do corpo e da mente — pode ter contribuído”.
Na época, ela passou por uma cirurgia para retirada do tumor e adotou um novo estilo de vida, priorizando a prática regular de exercícios, meditação, ioga e mindfulness.
“Melhorei minha alimentação, passei a priorizar e valorizar o sono, a criar espaços de pausa, de silêncio, e a ter ainda mais compromisso com a atividade física”, afirma.
“Sou completamente diferente”

A autônoma Geiza Baloneque, de 36 anos, já teve depressão, associada à compulsão alimentar, distúrbios hormonais e metabólicos como SOP e endometriose. Com todos os fatores, teve obesidade pesando 120 quilos. Associada à obesidade, teve diabetes, dislipidemia, pressão alta, condropatia patelar grau 2 e 3 e adenoma hipofisário (tumor benigno no cérebro).
“Eu estava doente, mas não queria aceitar isso. Até que um dia eu me peguei planejando a minha própria morte. Percebi que precisava de ajuda”, conta.
Geiza passou por uma bariátrica e desde então mudou seus hábitos de vida: faz terapia, pratica atividade física todos os dias, prioriza a alimentação saudável e equilibrada, além de usar suplementos e vitaminas. “Sou completamente diferente. Não tenho mais diabetes, pressão alta e dislipidemia, nem uso medicamento. A endometriose, a SOP e o adenoma estão controlados. Sou apaixonada pelo estilo de vida que aderi”.

“A atividade física me tirou da depressão”

O pastor Daniel da Rocha Silva, de 59 anos, enfrentou uma forte depressão com sintomas como pânico, insônia e tremores. Após passar por três psiquiatras e iniciar tratamento em 2019, foi incentivado por sua esposa a praticar atividade física e isso marcou a virada em sua recuperação.
Mesmo sentindo pânico no início, insistiu nos treinos e passou a sentir o corpo destravar, ganhando confiança. Daniel destaca que a atividade física, somada à medicação e terapia, foi essencial para sua cura. “A atividade física me tirou da depressão. Hoje, não tomo mais nenhuma gota de remédio”, afirma ele que malha na Soulfit Studio Boutique.

Menos remédios

Em 2024, a professora Edileusa de Queiroz, de 58 anos, enfrentava insônia, dores, desânimo e havia recebido indicação de usar medicamentos para hipertensão, colesterol, diabetes e insônia. Ela, que tem hipotireoidismo, procurou por uma nutricionista.
Em 90 dias de acompanhamento nutricional e reeducação alimentar, perdeu 12 kg, reverteu carências nutricionais e reduziu a idade metabólica em 9 anos. Sua tireoide voltou a funcionar melhor e os sintomas desapareceram.
“Tomo apenas o remédio para tireoide; os demais remédios não preciso mais, pois todos os resultados estão dentro da normalidade”.
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