X

Olá! Você atingiu o número máximo de leituras de nossas matérias especiais.

Para ganhar 90 dias de acesso gratuito para ler nosso conteúdo premium, basta preencher os campos abaixo.

Já possui conta?

Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Saúde

Pandemia eleva em 41% diagnósticos de depressão e piora hábitos saudáveis

No caso das mulheres, a prevalência do diagnóstico de depressão saiu de 13,5% para 18,8%. Entre os homens, pulou de 5,4% para 7,8%


Os diagnósticos de depressão na população adulta brasileira cresceram 41% nos dois primeiros anos da pandemia de Covid-19. As mulheres foram as que mais impulsionaram a alta, com mais do que o dobro da prevalência registrada entre os homens.

Na população deprimida, houve uma piora significativa dos hábitos saudáveis de vida, como queda do consumo de verduras e legumes e da prática de atividade física, além de aumento da taxa de tabagismo.

A conclusão é de análise inédita do Covitel, um inquérito telefônico que retratou o impacto da pandemia de coronavírus nos fatores de risco para as doenças crônicas não transmissíveis. Foram analisados dados de antes da Covid-19 e do primeiro trimestre de 2022, período em que a crise sanitária deu uma pequena trégua.

Realizado pela Vital Strategies, organização global de saúde pública, e pela UFPel (Universidade Federal de Pelotas), o levantamento entrevistou 9.000 brasileiros, distribuídos nas capitais e em cidades do interior das cinco regiões do país.

O aumento da depressão foi registrado em todo mundo e a OMS (Organização Mundial da Saúde) vem alertando os governos no sentido de destinarem mais investimentos na prevenção e na assistência dos casos.

No caso das mulheres, a prevalência do diagnóstico de depressão saiu de 13,5% para 18,8%. Entre os homens, pulou de 5,4% para 7,8%.

 

Imagem ilustrativa da imagem Pandemia eleva em 41% diagnósticos de depressão e piora hábitos saudáveis
Na população deprimida, houve uma piora significativa dos hábitos saudáveis de vida, como queda do consumo de verduras e legumes e da prática de atividade física, além de aumento da taxa de tabagismo. |  Foto: Reprodução/Canva.

Há várias hipóteses para explicar a maior taxa da depressão feminina, de fatores genéticos e hormonais até a dupla jornada de trabalho para conciliar carreira e tarefas domésticas.

Mas, para Luciana Vasconcelos Sardinha, assessora técnica de epidemiologia e saúde pública da Vital Strategies, a principal razão é o fato de as mulheres procurarem mais ajuda médica do que os homens. Logo, são as mais diagnosticadas com a doença.

"Em geral, os homens não buscam ajuda, não investem em prevenção e promoção da saúde. Quando eles chegam ao serviço médico, [o estado de saúde] já tá muito agravado."

O inquérito também analisou como a depressão influenciou nos hábitos de vida da população, que são fatores de risco para várias doenças crônicas, como as cardiovasculares e o diabetes.

Para uma alimentação saudável, a recomendação é o consumo de legumes, verduras e frutas cinco vezes ou mais na semana. No primeiro trimestre deste ano, 12% das pessoas deprimidas relataram ter esse hábito. Na população em geral, a taxa foi de 39%, em média.

Entre as mulheres com depressão, essa rotina é pouco mais de um terço (16,9%) da declarada pela população feminina total (42,5%).

As pessoas com diagnóstico de depressão também declararam praticar menos atividades físicas (11,5%) e serem mais tabagistas (19,9%). Na população adulta em geral, as taxas para esses hábitos foram de 30% e de 12,2%, respectivamente.

A prevalência do tabagismo entre as mulheres deprimidas é quase o triplo em relação à população feminina em geral: 25,4% contra 9,9%.

"Era esperado, mas é a primeira vez que a gente consegue comprovar o que de fato aconteceu nesse momento de pandemia", afirma a pesquisadora.

Segundo Vasconcelos, o trabalho teve um diferencial de ouvir as mesmas pessoas sobre os seus hábitos antes da pandemia e neste início de ano, quando a crise deu uma trégua.

Ela diz que havia a hipótese de que, nesse período, as pessoas pudessem ter retomado suas rotinas. "Infelizmente continua tudo no mesmo esquema. O nível de atividade física continua como no início da pandemia. As pessoas não voltaram."

Além das mulheres, a prevalência maior da depressão foi observada em pessoas brancas com maior escolaridade (12 anos ou mais de estudo). Mas, de novo, a explicação é que são essas parcelas da população que geralmente têm maior acesso aos serviços de saúde.

Para a pesquisadora, é urgente que o governo brasileiro monitore essa população deprimida e amplie a assistência a ela. Segundo Vasconcelos, ao mesmo tempo que a crise da saúde mental se agrava no país, os serviços públicos existentes, como os Caps (Centros de Atenção Psicossocial), estão muito aquém do necessário.

"São poucas vagas, o número de psiquiatras é insuficiente. Nas regiões Norte e Nordeste, às vezes nem tem psiquiatra para contratar. Concursos são abertos, mas as vagas não são preenchidas."

Além disso, as escolas também precisam ser treinadas para reconhecer os sinais da depressão e encaminhar os casos para uma ajuda especializada.

Uma revisão recente com 29 pesquisas, divulgada pelo Ministério da Saúde, mostrou que os sintomas de ansiedade e depressão entre crianças e adolescentes dobraram após o início da pandemia. Antes da crise sanitária, 12,9% desse grupo relatavam sintomas depressivos. Durante crise do coronavírus, a taxa saltou para 25,2%. Os sintomas de ansiedade, por sua vez, aumentaram de 11,6% para 20,5%.

Uma das contribuições da Vital Strategies nesse enfrentamento das doenças psiquiátricas é o desenvolvimento de um índice de saúde mental, captando não apenas dados da saúde mas também da educação e da segurança pública, entre outras.

O Covitel teve financiamento da Umane e do Instituto Ibirapitanga e apoio da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva). O inquérito têm diferenças em relação ao Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) porque reúne dados das 27 capitais brasileiras e do interior. Já o Vigitel trabalha com amostras só das capitais.

Para o período de pré-pandemia, o novo levantamento considerou dados do último trimestre de 2019 e de janeiro e fevereiro de 2020.

MINISTÉRIO ANUNCIA INICIATIVAS NA SAÚDE MENTAL

O Ministério da Saúde anunciou no último dia 13 de junho investimentos na ordem de R$ 45 milhões para ampliar ações na área da saúde mental.

Entre as iniciativas estão o serviço telefônico 196 (Linha Vida), teleconsultas e linhas de cuidados para organizar o atendimento de pacientes com ansiedade e depressão.

Um projeto-piloto do Linha Vida, segundo o ministério, começará pelo Distrito Federal, por um sistema de atendimento multicanal. A meta é prevenir suicídio e automutilação.

Já o projeto de teleconsulta está sendo feito em parceria com a SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) e é destinado às pessoas com transtornos mentais leves. A proposta é oferecer 12 mil teleconsultas mensais de psicólogos e psiquiatras.

Os atendimentos serão agendados pelas equipes das UBSs (Unidades Básicas de Saúde).

O ministério também lançou uma linha de cuidados com foco em crianças, adolescentes e adultos com transtorno de ansiedade e depressão.

Segundo a pasta, ela funcionará a partir de repasses de recursos federais às equipes multiprofissionais em saúde mental, que podem estar vinculadas a ambulatórios, policlínicas ou unidades hospitalares.

Para a epidemiologista Luciana Vasconcelos Sardinha, que já atuou no Ministério da Saúde, um serviço telefônico e a oferta de teleconsultas estão muito distantes das necessidades atuais em saúde mental.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Leia os termos de uso

SUGERIMOS PARA VOCÊ: