X

Olá! Você atingiu o número máximo de leituras de nossas matérias especiais.

Para ganhar 90 dias de acesso gratuito para ler nosso conteúdo premium, basta preencher os campos abaixo.

Já possui conta?

Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Assine A Tribuna
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Saúde

“Pais precisam aprender a dizer não ao excesso de telas”, afirma neurologista

Especialista explica que os pais devem colocar limites para que crianças e adolescentes utilizem o aparelho sem abusos


O excesso de exposição a telas, como TVs, tablets ou smartphones, pode causar problemas como aumento dos casos de ansiedade, depressão, suicídio, distúrbios de atenção, atrasos no desenvolvimento cognitivo e da linguagem, miopia, sobrepeso e problemas de sono em crianças, principalmente nas mais novas.

Em entrevista ao jornal A Tribuna, o neurologista infantil Marcelo Masruha explicou que existem estudos que mostram como o uso excessivo de telas é capaz de causar lesões cerebrais.

Imagem ilustrativa da imagem “Pais precisam aprender a dizer não ao excesso de telas”, afirma neurologista
Marcelo Masruha diz que os pais devem conversar com os filhos |  Foto: Acervo pessoal

Recentemente, ele esteve na Escola Americana de Vitória e participou de uma conversa com alunos, familiares e convidados sobre o impacto do tempo de tela e das redes sociais no desenvolvimento de crianças e adolescentes.

A Tribuna- Qual o tempo recomendado para que as crianças possam ficar em frente às telas?

Marcelo Masruha- A recomendação atual da Academia Americana de Pediatria, adotada pela Sociedade Brasileira de Pediatria, é que até os dois anos de idade a exposição seja zero. Na fase pré-escolar, até os seis anos, no máximo uma hora de exposição por dia. Dos seis até os 10, duas horas por dia. Na adolescência são três horas por dia.

Por que a exposição às telas é capaz de causar esse tipo de malefício?

O cérebro das crianças não foi feito para passar tempo na frente de um dispositivo plano ali, sendo estimulado passivamente. Estudos feitos com ressonância magnética mostraram a alteração no cérebro com o passar do tempo.

As crianças precisam de estimulação ativa, de outros adultos conversando com elas, de outras crianças conversando com elas, de imaginar, de testar as coisas e não ficarem paradas na frente de um dispositivo. Além disso, a gente sabe da importância do sol para evitar depressão, a gente sabe da importância da atividade física para melhorar o humor, melhorar a saúde de maneira geral, então tudo isso se soma.

Qual a responsabilidade dos pais nesse processo?

Total, porque a criança não tem como, por si só, se regular. Ela precisa de um adulto que a regule. Isso é fundamental. Hoje, os pais, infelizmente, obviamente não são todos, mas estão com muita dificuldade em dizer não. E a criança pede o limite. Existem falácias aí dizendo que você não pode limitar, dizer não, isso é um absurdo. A criança precisa do limite, ela pede por isso. Os pais precisam aprender a dizer não ao excesso de telas.

Como os pais podem limitar o acesso às telas?

É sempre melhor prevenir do que quando o problema já aconteceu. Então, o indicado é que os pais já façam essa introdução do uso desses aparelhos, definindo e limitando horários. Mas quando as crianças já estão viciadas em telas, isso é um problema. Não tem outra maneira. O jeito é realmente colocar limites e regras. Os pais vão ter que estabelecer horários.

Uma conversa explicando os malefícios pode ajudar nesse processo. Dependendo da idade da criança, ela vai ter que ser supervisionada. Eu recomendo que a supervisão vá até a adolescência, inclusive. Existem programas hoje que, além de limitar o acesso, também mostram aos pais o que está sendo acessado.

Podemos pensar em trocas para fazer com que os filhos saiam dos aparelhos?

Nesse caso, é uma ideia interessante, mas você vai estar trocando um problema por outro. Daqui a pouco está virando uma barganha. A solução é o 'não' mesmo, colocar limite nos horários e fazer com que sejam cumpridos. Essa é a dificuldade dessa geração, em que os pais quase nunca dizem não. Todo dia eu falo para os meus filhos que eu os amo muito, mas não tem um dia também que eu não digo um não para eles. E eles sabem que eu estou fazendo isso pelo bem deles.

Como os pais podem identificar que o tempo que os filhos passam em frentes às telas está se excedendo e ultrapassando o limite?

Os horários que informei anteriormente são diretrizes para nortear, mas vamos supor que exista um menino de 10 ou 12 anos que está, três horas por dia, usando aparelhos e tendo acesso a telas, que é mais do que se recomenda para esta idade. Mas, por exemplo, tem dia que ele não usa nenhum desses aparelhos e não fica mal, caso os pais peçam para interromper porque tem que fazer alguma outra atividade.

Além disso, ele também não tem nenhuma crise comportamental. Ele é um menino que consegue estar usando algum aparelho e, de repente, alguém chama para jogar uma bola e ele vai. Estar usando um smartphone ou um tablet não é o mais importante para a vida dele.

Como os pais podem identificar que os filhos estão dependentes desses aparelhos?

A criança tem crise de comportamento se quiser ficar vendo TV, em frente a um notebook, ou tablet, ou até com um celular e não puder. Ela vai ter crise de abstinência ao aparelho, ela não consegue ficar no ócio. Se lembrarmos da nossa infância, quem tem mais idade, nós ficávamos no ócio, tentávamos criar, imaginar coisas. O celular virou uma chupeta, quer dizer, a criança não pode ficar sem fazer nada em nenhum momento que os pais dão o celular para ela.

O que os pais podem fazer para que esse problema não surja?

A primeira coisa é ter consciência de que faz mal e evitar o uso excessivo. Então, estabelecer horários, desde sempre limitar o uso de forma adequada desses aparelhos, porque é uma ferramenta que pode ser extremamente útil se for usada de forma educacional, supervisionada. Além disso, os filhos sempre vão se inspirar nos pais. Então, chamar o filho para fazer algo juntos pode ajudar nesse processo.


Quem é

Marcelo Masruha é neurologista adulto e infantil, diretor do Instituto de Neurociência do Espírito Santo.

É professor livre-docente pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp) e foi presidente da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil.

É especialista em Neurologia pela Academia Brasileira de Neurologia, possui título de área de atuação em Neurologia Pediátrica pela Academia Brasileira de Neurologia e Sociedade Brasileira de Pediatria e título de área de atuação em Neurofisiologia Clínica (Eletroencefalografia) pela Sociedade Brasileira de Neurofisiologia Clínica.

MATÉRIAS RELACIONADAS:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Leia os termos de uso

SUGERIMOS PARA VOCÊ: