OMS libera leite de vaca para bebês de 6 a 11 meses
A orientação é para aqueles que não são amamentados com o leite materno, caso as fórmulas infantis não estejam disponíveis
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A Organização Mundial de Saúde (OMS) produziu um novo guia para alimentação complementar de bebês e crianças de seis a 23 meses de idade, trazendo as principais diretrizes sobre o assunto.
O documento apresenta recomendações para orientar as famílias desde a amamentação, passando pela introdução alimentar até o consumo de diferentes alimentos, como o leite de vaca para bebês de 6 a 11 meses que não são amamentados com o leite materno, caso as fórmulas infantis não estejam disponíveis, e outros alergênicos.
“Existem posicionamentos da Sociedade Brasileira de Pediatria e de outras sociedades médicas evidenciando que a introdução de leite de vaca in natura antes do final do primeiro ano de vida pode desencadear problemas importantes, como maior risco de anemia, sangramentos intestinais e alergia alimentar”, diz o pediatra e nutrólogo Mauro Fisberg, do corpo de orientadores em Pediatria da Universidade Federal de São Paulo.
Um dos principais pontos de repercussão é a introdução alimentar precoce com liberação do pediatra ou nutricionista antes dos seis meses e, pela primeira vez, a OMS publicou um documento recomendando que fórmulas lácteas sejam usadas só até os 12 meses.
Segundo a nutricionista materno-infantil Giselle Guzzo, idealizadora do curso “Bebê bom de prato”, o período dos mil dias de vida (gestação até os 2 anos) é responsável pela formação e desenvolvimento do paladar.
“Por isso, é necessário estimular a oferta de todos os grupos alimentares, variando o máximo possível, ofertando todos os sabores dos alimentos in natura, doces (sem açúcar/adoçantes), azedo, amargo e salgado (sem sal)”.
Fórmula
Ela observa que há casos em que é necessária a alimentação com fórmula, mas que o aleitamento materno é sempre melhor. A especialista destaca que, desde o início da introdução alimentar, o bebê precisa estar em contato com os alimentos e com vários sabores.
A estudante de Nutrição da Ufes Kamilla Boldrini é mãe de Esther, de 3 anos, e Miguel, de 9 meses. Ela começou a introdução alimentar de ambos com 6 meses.
“Nas primeiras três semanas, ele estranhou um pouco. Mas ele só conhecia o leite, então, é supernatural. Graças a Deus, ele se adaptou e hoje come superbem”, conta.
“Ele come de tudo”, diz mãe
Foi com uma frutinha de manhã, na outra semana a fruta mais o almoço, e assim por diante, que aos 6 meses o pequeno Arthur Ayres Silotti, 8 meses, hoje é um apaixonado por comer banana, batata-doce e mamão.
A mamãe, a gerente de Marketing Joanie Silotti, 32 anos, intercala leite ordenhado, amamentação e a comidinha que deixa preparada para o pequeno, pois trabalha fora.
“Ele come de tudo. Tenho a quantidade de acordo com o pratinho dele. Mas tem vezes que ele pede mais. Assim como algumas vezes que recusa. Mas na maioria das vezes, segue a quantidade”.
Saiba mais
1) A amamentação
As principais instituições de saúde defendem que o ideal é que a amamentação seja mantida após a introdução alimentar até, pelo menos, os 2 anos. A OMS chama atenção para seguir essa recomendação.
2) Fórmula e leite de vaca
Pela primeira vez, a OMS publicou um documento oficial recomendando que fórmulas lácteas sejam usadas apenas até os 12 meses de vida. No caso de crianças de 6 a 11 meses que não são amamentadas, tanto fórmulas infantis quanto leite de vaca podem ser utilizados.
3) Introdução alimentar
A introdução de novos alimentos só deve começar depois que o bebê chegar ao sexto mês de vida. O pediatra precisa avaliar a realidade da família e os sinais de prontidão: o bebê deve se interessar pelo alimento dos pais, levar objetos a boca e sentar sem apoio.
Giselle Guzzo diz que, antes desses sinais da idade, aumenta a chance de engasgo.
4) Dieta diversificada
Os bebês de 6 meses às crianças de 2 anos precisam comer alimentos saudáveis e diversificados. No novo guia, a OMS diz que os pais devem se atentar para que diferentes grupos de alimentos estejam presentes na dieta do filho.
“A gente precisa priorizar alimentação colorida e variada, oferecendo os 5 grupos alimentares nas refeições (carboidratos, leguminosas, proteínas, legumes e verduras), desde o sexto mês de vida, no início da introdução alimentar”, diz Giselle.
5) Consumo de suco
A OMS diz que “o consumo de suco 100% da fruta deveria ser limitado”, sem especificar a idade. Por se tratar da faixa etária de 6 meses a 2 anos, essa frase fez com que muita gente entendesse que crianças a partir dos 6 meses também estariam liberadas para tomar suco in natura.
Giselle conta que o suco faz com que chegue na corrente sanguínea uma concentração muito grande de frutose (açúcar das frutas). “Isso pode fazer com que o pâncreas estimule mais insulina e que no futuro nós sejamos pré-diabéticos, diabéticos, obesos. Não recomendo nem o natural, muito menos com açúcar”.
6) Suplementos nutricionais
Segundo a oms, caso o pediatra entenda que é preciso, não há problema em oferecer suplementos para crianças de 6 meses a 2 anos. No Brasil, o Ministério da Saúde indica as suplementações de vitamina D, vitamina K e ferro, por exemplo, para todas as crianças nos primeiros dois anos de vida.
7) Alimentação responsiva
O novo guia da OMS também defende que os sinais de fome e saciedade do bebê sejam respeitados.
“O bebê come a quantidade que quer. Quando está saciado, apresenta os sinais, que são o trava boca ou demonstrar falta de interesse pelo alimento. O pais têm responsabilidade em oferecer alimento de qualidade e variado e os bebês são responsáveis pela quantidade”, diz Giselle.
Fonte: OMS e nutricionista Giselle Guzzo.
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