Oficial de Justiça: “Redescobri os prazeres da vida após a bariátrica”
Williams Masters, de 49 anos, chegou a 100 kg e decidiu operar. Ele perdeu 25 kg e adotou novos hábitos
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"O sedentarismo nunca foi um problema para mim. Nunca passei, desde a infância, anos e anos sem fazer nenhuma atividade física. Ainda assim, não fiquei longe da obesidade: quando menos percebi, estava com comorbidades por ter engordado.
Sempre fui uma criança e um adolescente magro. Quando me casei, contudo, fui adquirindo peso em um curto espaço de tempo.
Costumo dizer que, nas duas gestações da minha esposa, eu engravidei junto. Eu cuidava das crianças, e, embora nunca tivesse problemas com a comida, naquele momento, fui adquirindo peso.
Quando vi, eu estava com 100 quilos, sendo um homem de 1,67 metro de altura.
A questão toda é que, de certo modo, não nos percebemos nesse caminho sem volta. Eu me olhava no espelho e achava que estava legal, que tudo estava bem. Como sempre fui muito magro, engordar um pouco não me trouxe sofrimento."
Problemas de saúde
"A verdade é que eu não me percebia como alguém que já sofria com o sobrepeso e a obesidade. Até que aquilo passou a me deixar muito incomodado.
Eu até fazia atividade física, mas sempre de forma errada. Eu começava, saía, voltava, parava de novo… Não era obstinado com os objetivos.
Meu corpo, contudo, não mentia. Ele me dava sinais constantes de problemas de saúde.
Comecei a ter pressão alta, esteatose hepática, refluxo e apneia do sono. Como eu tinha muito refluxo, a inflamação na garganta era recorrente. Eu, claramente, não estava bem.
Eu tinha resistência em fazer a bariátrica porque sentia muito medo. Até hoje, na verdade, não faço muita apologia à cirurgia. Passei pelo procedimento em fevereiro de 2022.
Todos precisam entender que a bariátrica é o início de uma grande caminhada, que construir consciência disso é o segredo para se manter magro após a cirurgia. O pós-cirúrgico não é fácil, por conta da dieta, de tudo aquilo que passamos.
O desejo por viver melhor exige uma transformação em tudo na rotina. Eu me comprometi com um projeto e, junto às pessoas com quem compartilho a vida, lutei por bons resultados. Redescobri os prazeres da vida após fazer a cirurgia bariátrica."
Redescoberta de prazeres
"São prazeres, inclusive, que estão na rotina: a boa alimentação, as respostas do corpo aos treinos, a saúde fortalecida, a disposição para viver e a superação de si mesmo.
A cirurgia bariátrica mudou muito a minha vida, porque consegui desenvolver uma nova perspectiva em termos de fazer atividade física.
Aprendi a ter constância, a encontrar prazer no que faço e a conquistar resultados para a saúde.
Eu não tinha ânimo algum de fazer exercícios físicos, até por conta do peso que eu tinha e das dores que sentia. Costumo dizer que o meu corpo todo doía porque a gordura é inflamada. Hoje, tudo é diferente.
Para qualquer tipo de cirurgia, principalmente para a bariátrica, é necessário ter uma rede de apoio, com pessoas que acreditam no seu potencial e no seu desenvolvimento, que te auxiliem na alimentação e na rotina de treinos.
A família é essencial nessas horas. Sem rede de apoio, a tarefa se torna árdua e distante.
Hoje, eu treino seis dias por semana, mantenho bons hábitos de vida e participo de competições do crossfit. Foi por influência de um amigo, inclusive, que comecei a treinar.
Conto com a companhia da minha esposa na rotina de exercícios físicos, construí amizades e me sinto confortável em compartilhar o ambiente de brincadeiras e bom humor nos treinos. Tudo isso contribuiu para a minha constância."
Perfil
Williams Masters
Aos 49 anos, é psicólogo e oficial de justiça.
Quando se tornou pai, Williams, que tem 1,67 metro de altura, chegou a pesar 100 kg e a adquirir comorbidades em razão do excesso de peso.
Após fazer uma cirurgia bariátrica em fevereiro de 2022, o psicólogo perdeu 25 kg. Ele também adotou novos hábitos e agora diz que redescobriu os prazeres da vida. Hoje ele treina seis dias por semana e compete no crossfit.
O que dizem os especialistas
“Operei bariátrica, e agora?”
“Essa é a pergunta que todos os paciente tratados cirurgicamente com bariátrica devem refletir sobre. Ser operado de bariátrica não quer dizer que foi obtida a cura da obesidade. Esta cura, de fato, não existe. Obesidade é uma doença incurável, embora tratável.
O obeso não tem culpa de portar a doença, mas tem responsabilidade no tratamento. Abolir hábitos como o consumo de bebida alcoólica e tabagismo, controle do sono e cuidado com a saúde mental é fundamental”.
“Obesidade tem base emocional”
“A obesidade é resultado de diversos fatores. Na grande maioria, tem base emocional. A camada de gordura é como uma capa de proteção para sustentar a quantidade de carga que aquela pessoa atravessa, como a dificuldade de dizer 'não', de cuidar muito bem dos outros e não conseguir se cuidar, por exemplo.
Essas demandas interferem na saúde integral do ser humano, criando mecanismos de defesa para lidar com a dor emocional e psíquica gerada”.
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