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Saúde

O que é embolia amniótica, condição rara que afetou influenciadora digital

Juliana Perdomo foi internada em estado grave, após passar por uma embolia amniótica durante o parto de seu terceiro filho


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A influenciadora digital Juliana Perdomo, 34, foi internada em estado grave, em Goiânia, após passar por uma embolia amniótica durante o parto de seu terceiro filho, na última sexta-feira (26).

A embolia de líquido amniótico (ELA) ocorre quando o líquido amniótico, que envolve o bebê na placenta e contém elementos fetais, células e tecidos, entra na circulação sanguínea da mãe durante a gravidez, trabalho de parto ou logo após o parto.

A condição provoca uma reação anafilática grave, uma espécie de choque alérgico, por isso também é conhecida como síndrome anafilactóide da gravidez.

As complicações para a mãe incluem parada cardiorrespiratória, queda súbita da pressão e da oxigenação.

"Hoje é a complicação mais grave que pode acometer uma grávida. O tratamento requer recursos avançados de terapia intensiva, que a maioria das pacientes não têm disponíveis no momento do parto", afirma o médico obstetra Lucas Barbosa, membro da comissão especializada em emergências obstétricas da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

O quadro é raro, mas possui uma taxa de mortalidade materna muito alta, com cerca de 80% dos casos resultando em óbito no país, segundo o Ministério da Saúde.

A incidência varia de 1 para cada 12.923 partos nos Estados Unidos e de 1 para cada 50 mil partos no Reino Unido, de acordo com o protocolo de urgências obstétricas da Febrasgo. O Brasil não apresenta dados sobre a incidência nacional.

A família da influenciadora informou pelo Instagram que ela passou a segunda-feira (29) sem apresentar intercorrências.

"A equipe médica está otimista com as evoluções registradas por ela, tanto na parte cardíaca quanto na parte respiratória", diz o comunicado.

O QUE É E O QUE CAUSA A EMBOLIA AMNIÓTICA?

O líquido amniótico é o líquido que envolve o feto dentro da placenta, também conhecido como bolsa d'água. Nele, são encontrados elementos fetais, como células, tecidos e até fios de cabelo do bebê.

A embolia amniótica ocorre quando esse líquido entra na circulação sanguínea da mãe. Isso acontece durante a gravidez, trabalho de parto ou logo após o aporto.

Durante a gravidez, ocorre por meio de curetagem uterina ou na coleta do líquido amniótico para exames. Durante ou após o trabalho de parto, pode ocorrer por meio de feridas na pele ou no canal vaginal na hora da cesariana ou no parto normal.

QUAIS SÃO OS FATORES DE RISCO PARA TER EMBOLIA AMNIÓTICA?

Os fatores de risco para a embolia amniótica incluem o tipo de parto, a idade materna superior a 35 anos, alterações e descolamento de placenta, ruptura do útero, excesso de líquido amniótico (polidrâmnio) e diabetes.

"O registro nacional de casos de embolia amniótica americano mostra que o risco é ligeiramente maior em cesarianas do que em partos normais. Isso ocorre porque a cesariana é uma cirurgia que envolve mais lesões e sangramentos, resultando em maior trauma para a mãe e, consequentemente, um risco aumentado", explica

QUAIS SÃO OS SINTOMAS MAIS FREQUENTES?

O quadro é súbito e imprevisível. Não há indícios ou exames médicos que apontem para o desenvolvimento de embolia amniótica.

Os fatores que apontam para o problema ocorrem durante ou após o parto. Os primeiros sinais são falta de ar em decorrência da baixa oxigenação (hipóxia), confusão mental e queda de pressão (hipotensão).

Nos quadros mais graves ocorre parada cardiorrespiratória e quadro hemorrágico em que o sangue não coagula adequadamente (coagulopatia).

COMO É DIAGNOSTICADA A EMBOLIA AMNIÓTICA?

Não existem testes específicos para prever ou confirmar a condição antes que ela ocorra.

O diagnóstico da embolia amniótica é clínico e feito por suspeição, baseado na observação dos sinais característicos durante o trabalho de parto ou imediatamente após o parto.

QUAIS COMPLICAÇÕES PODEM OCORRER?

As complicações incluem:

- Insuficiência e dificuldade respiratória;

- Parada cardíaca;

- Hemorragia grave devido à coagulopatia;

- Choque anafilático;

- Danos aos órgãos devido à falta de oxigenação.

"Se a parada cardíaca não for revertida, pode ocorrer a morte da mãe. Se for durante o trabalho de parto, após o rompimento da bolsa, o bebê pode ir a óbito", afirma a ginecologista e obstetra Larissa Cassiano, especialista em gestação de alto risco pela USP (Universidade de São Paulo).

A EMBOLIA AMNIÓTICA PODE SER PREVENIDA?

Por ser imprevisível e rara, ainda não existem medidas específicas comprovadas para prevenir a embolia amniótica.

Segundo Cassiano, a melhor forma de prevenção é uma boa assistência médica, além de um ambiente de suporte intensivo.

COMO É TRATADA A EMBOLIA AMNIÓTICA?

O tratamento da embolia amniótica exige intervenções avançadas de terapia intensiva.

"O principal desafio é fazer a mãe chegar viva ao CTI (Centro de Tratamento Intensivo), pois os principais tratamentos são realizados ali dentro, com muito recurso tecnológico", explica Barbosa.

Para reverter a parada cardiorrespiratória é realizada uma ressuscitação cardiopulmonar imediata.

O espasmo da artéria pulmonar é resolvido por meio do uso de drogas vasodilatadoras, como óxido nítrico inalatório, além de ventilação mecânica para ajudar a respiração da mãe.

O controle da coagulopatia é feito por meio de transfusões e outros métodos para estabilizar a coagulação do sangue.

QUAL É A FREQUÊNCIA E QUAL A CHANCE DE SOBREVIVÊNCIA DA EMBOLIA AMNIÓTICA?

A embolia amniótica é extremamente rara, com uma incidência de aproximadamente 1 em 12 mil a 50 mil nascimentos. A mortalidade materna associada a esta condição é alta, com cerca de 80% dos casos resultando em óbito no país, segundo o Ministério da Saúde.

"Infelizmente, a chance de sobrevivência é muito baixa. Por isso é necessário agir o mais rápido possível", afirma Cassiano.

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