Médicos tiram dúvidas sobre cirurgia que fez Jojo Todynho perder 50 quilos
Cantora perde 50 kg após cirurgia bariátrica realizada ano passado. Procedimento pode ser feito pelo SUS, mas há fila para agendamento
Escute essa reportagem
A cantora Jojo Todynho, de 27 anos, surpreendeu os fãs ao postar foto em sua rede social exibindo silhueta 50 quilos mais magra. Jojo passou por uma cirurgia bariátrica em agosto do ano passado, quando pesava 140 quilos.
É possível realizar a mesma cirurgia feita pela cantora pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Neste ano, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), foram feitas 280 cirurgias e no ano passado, 915. Até o momento, há 88 pacientes qualificados aguardando a cirurgia ser agendada.
A cirurgia é uma das opções para tratamento da obesidade. O procedimento, muitas vezes, é cercado de dúvidas. Por isso, a reportagem ouviu médicos especialistas que esclareceram os principais pontos para a realização da bariátrica.
Uma das principais dúvidas é quando a cirurgia é indicada.
Segundo a cirurgiã bariátrica Diandria Bertollo, a indicação baseia-se em quatro critérios: idade, índice de massa corpórea (IMC), tempo de doença, e comorbidades.
“Em relação a idade seria indicado entre 18 e 65 anos, porém podemos individualizar os casos”, explica a médica.
É preciso que o paciente tenha o IMC maior ou igual a 40, ou IMC acima de 35 associado a comorbidades comprovadas.
Será que toda cirurgia bariátrica é igual? O cirurgião do aparelho digestivo e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Gustavo Peixoto, explica que a cirurgia mais feita no Brasil é a do bypass gástrico (“Y de Roux”).
“Temos ainda a gastrectomia vertical, também chamada de sleeve. Existe a banda gástrica, que é pouco utilizada atualmente, mas já foi utilizada no passado. Mas a maioria das cirurgias feitas no Brasil é a bypass gástrico ou sleeve”.
O anseio pela perda de peso rápido também está entre as dúvidas. Peixoto explica que em média, no primeiro mês, o paciente perde 8 a 10% do peso original.
Mulheres que se submetem a cirurgia e desejam engravidar, como Jojo já revelou ser seu desejo, precisam de um acompanhamento do endocrinologista e do ginecologista obstetra para avaliar a parte metabólica e controle da reposição de vitaminas e sais minerais, segundo explicou o cirurgião do aparelho digestivo, Felipe Mustafa.
Tira-dúvidas
1- Quem tem indicação para a bariátrica?
A indicação, de acordo com a cirurgiã Diandria Bertollo baseia-se no índice de massa corporal (IMC) acima de 40 kg/m , independentemente da presença de comorbidades.
IMC entre 35 e 40 kg/m na presença de comorbidades. IMC entre 30 e 35 kg/m na presença de comorbidades que tenham obrigatoriamente a classificação “grave” por um médico especialista na respectiva área da doença. É preciso também ter tido insucesso em tratamentos anteriores ou recidiva do peso.
2- Em quais casos, mesmo o paciente sendo obeso, a cirurgia não é indicada?
Pacientes com doenças genéticas, sem suporte familiar adequado não tem indicação, de acordo com Diandria.
Também não é indicada em quadros de transtornos psiquiátricos não controlados, sem acompanhamento de médicos psiquiatras, psicólogo e, nesta condição, incluindo uso continuo de álcool ou drogas ilícitas.
3- Quais tipos de cirurgia bariátrica existem?
A cirurgia mais realizada no Brasil, segundo o cirurgião do aparelho digestivo Gustavo Peixoto, é a do bypass gástrico (“Y de Roux”)- na técnica é feito o grampeamento de parte do estômago, que reduz o espaço para o alimento, e um desvio do intestino inicial.
Outra técnica usada é a gastrectomia vertical, também chamada de sleeve - nela o estômago é transformado em um tubo.
4- Quanto de peso total é possível perder com a cirurgia bariátrica?
Tudo vai depender da técnica empregada, explica Diandria. É possível dizer que houve sucesso cirúrgico se houver a perda de até 85% do excesso de peso. Mas essa perda pode ser até de 100% do excesso. Em média, a perda de peso pode ser de 8% a 12% do peso corporal no primeiro mês de pós operatório.
5- O paciente sente dor pós-cirurgia?
Sim, sendo a dor proporcional ao método, segundo explica Gustavo. Na cirurgia bariátrica aberta, laparotômica, o paciente sente mais dor. Na cirurgia laparoscópica (pequenas incisões onde pinças são introduzidas no abdômen), o paciente sente menos dor e na cirurgia robótica- laparoscópica associada com robô - ele sente ainda menos dor.
6- Quanto tempo depois após a cirurgia o paciente poderá se alimentar?
São orientadas, inicialmente, nas duas primeiras semanas, dietas líquidas, pastosa, evoluindo para sólida após a quarta semana de pós-operatório, explica Diandria. A dieta deve ser seguida pelo paciente de forma rigorosa, para evitar complicações, dando o repouso adequado, no estômago operado.
7- Depois da cirurgia, o paciente pode engordar novamente?
Sim. O médico Gustavo Peixoto explica que é normal que o paciente engorde. O processo envolve perder peso durante, em média, um ano e meio. Depois, tem um efeito platô, um reganho de peso. O ganho normal é de 10% a 20% do peso perdido.
8- A cirurgia cura a obesidade?
A obesidade mórbida não tem cura, destaca Gustavo. A doença tem controle, a cirurgia bariática é o meio mais eficiente de controlar a obesidade mórbida. É preciso ter boa alimentação, atividade física e boa saúde mental.
9- Mulheres podem engravidar após a cirurgia?
A paciente é liberada para engravidar sem riscos, em média, após 15 meses de pós-operatório. Mas, o cirurgião do aparelho digestivo, Felipe Mustafa frisa que é preciso um acompanhamento com endocrinologista e ginecologista obstetra para avaliar a parte metabólica e controle de reposição de vitaminas e sais minerais.
10- É normal haver queda de cabelo após a cirurgia?
Pode acontecer, explica Mustafa. Mas é reversível, tendo que manter níveis de vitaminas.
11- Há tendência à anemia no pós-operatório?
Entre os pacientes, as mulheres têm maior tendência à anemia, por causa da menstruação. Essa situação pode ser minimizada com a ingestão de alimentos ricos em ferro e com a utilização de suplementos vitamínicos.
12- Como fazer a cirurgia pelo SUS?
O paciente deve procurar as unidades de saúde. Quando esgotadas as possibilidades terapêuticas e nos casos indicados, esse paciente pode ser encaminhado aos serviços de alta complexidade hospitalar para o tratamento da obesidade grave, nestes casos, com a cirurgia.
13- Depois da cirurgia, o paciente deve fazer cirurgia plástica?
Nem sempre é necessário fazer cirurgia plástica. Cada caso deve ser avaliado criteriosamente pela equipe responsável pelo tratamento.
14- O paciente pode ter depressão após a cirurgia?
Não existe uma tendência associada à cirurgia.
15- A suplementação deve ocorrer pelo resto da vida do paciente bariátrico?
O acompanhamento tem de ser feito por toda a vida, explica Gustavo, e a suplementação depende da técnica e da alimentação do paciente.
Fonte: Médicos entrevistados, Sesa e Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.
Opiniões
MATÉRIAS RELACIONADAS:
MATÉRIAS RELACIONADAS:
Comentários