Mais mortes por uso de álcool após os 55 anos
As duas principais causas nesta faixa etária são as doenças no fígado e os transtornos mentais e comportamentais
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Mais da metade (55,5%) das mortes causadas pelo uso do álcool em 2022 foram registradas em pessoas com mais de 55 anos.
O dado é de um levantamento recente do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), que indicou aumento de mortes nesta faixa etária – em 2010, o percentual era de 42,6%.
A análise considera as mortes que podem ser totalmente atribuídos à substância: por doença alcoólica do fígado, transtornos atribuíveis ao uso de álcool, acidentes de trânsito, agressão por meio de disparo de arma de fogo, fibrose e cirrose hepáticas, lesão autoprovocada intencionalmente e hipertensão primária.
“Esta faixa etária foi a única que apresentou aumento em número de mortes. Todas as outras, ou seja, pessoas com menos de 55 anos, tiveram uma tendência de redução das mortes”, analisa Kae Leopoldo, pesquisador do Cisa.
Segundo o estudo, as duas principais causas das mortes nesta faixa etária são doenças no fígado (16%) e transtornos mentais e comportamentais (11%).
Para o pesquisador, os dados apontam que o cenário pode ser explicado através do ponto de vista fisiológico e também psicológico – indicando diferenças nos efeitos do uso de álcool em jovens e adultos com mais de 55 anos.
“Em pessoas mais velhas, muitos processos metabólicos têm capacidade reduzida, e isso inclui o metabolismo do álcool. Este e outros fatores associados ao envelhecimento natural podem explicar, do ponto de vista fisiológico, estas diferenças”, explica o pesquisador.
Quando analisadas as questões psicológicas ligadas ao uso excessivo da substância, o envelhecimento também aparece como um fator de risco.
“A vivência de aspectos como a viuvez, doenças, solidão, perda de amigos e afastamento do trabalho por aposentadoria podem explicar esse dado”, afirma a psiquiatra Nathália Gonring Sandoval.
Sinais
Segundo a médica, é preciso que o grupo esteja atento aos sinais de alerta para o alcoolismo, como compulsão pela bebida, dificuldade de controlar o consumo, tolerância cada vez maior ao álcool, agressividade, mau rendimento e sintomas de abstinência.
Segundo o levantamento, as mortes atribuíveis ao álcool estavam em queda até 2019, ano de menor taxa de mortes em todo o período analisado.
No entanto, a pandemia de covid-19 transformou este cenário: em 2020, as mortes passaram a aumentar até o ano de 2022, quando foram registradas mais de 20 mil relacionadas ao uso de bebida alcoólica.
Fique por dentro
Estudo
O levantamento “Álcool e a saúde dos brasileiros: Panorama” foi publicado pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), organização não governamental que é referência no tema no País.
No levantamento, são analisadas somente as mortes que são totalmente ligadas ao uso da substância, como em casos de doença alcoólica do fígado, transtornos atribuíveis ao uso de álcool, acidentes de trânsito, agressão por meio de disparo de arma de fogo. fibrose e cirrose hepáticas, lesão autoprovocada intencionalmente e hipertensão primária.
- Segundo o estudo, em 2022, a parcela da população com 55 anos ou mais representou 55,5% de todas as mortes atribuíveis ao álcool naquele ano. Em 2010, essa porcentagem era de 42,6%.
Homens com 55 anos ou mais são as principais vítimas de mortes associadas ao uso nocivo de álcool no Brasil.
Dados apontam que, entre os jovens, as principais causas de mortes relacionadas ao uso do álcool são a violência ou acidentes de trânsito.
Já entre a população com mais de 34 anos, destacam-se as doenças hepáticas e transtornos como o alcoolismo e a hipertensão.
O Espírito santo é o segundo estado com maior taxa de mortes devido ao uso de álcool no Brasil, com 39,4 a cada 100 mil habitantes.
- Fatores psicológicos
Para especialistas, o uso excessivo de álcool por pessoas com mais de 55 anos de idade tem relação com questões psicológicas inerentes ao envelhecimento.
Entre esses fatores estão a viuvez, doenças, solidão, perda de amigos e afastamento do trabalho por aposentadoria, por exemplo.
Em 2022, os transtornos psicológicos e comportamentais foram a segunda maior causa de mortes atribuíveis ao álcool (12%).
Segundo psiquiatras, o grupo precisa ficar atento a sinais do uso nocivo da substância, como compulsão pela bebida, dificuldade de controlar o consumo, tolerância cada vez maior à bebida, agressividade, mau rendimento e sintomas de abstinência.
- Pandemia
A pandemia de coronavírus causou o aumento de mortes atribuíveis ao uso do álcool.
Segundo o levantamento, as mortes ligadas ao uso nocivo da substância estavam em queda até o ano de 2019, quando foi registrada a menor taxa de em todo o período analisado.
Em 2020, foi observado aumento dessas mortes, que seguem em crescimento até o ano de 2022.
O estudo, no entanto, não conclui se a tendência se encerra naquele ano ou se continuará no pós-pandemia, já que os dados mais recentes vão até o ano de 2022.
Na série histórica, que teve início em 2010, o ano de 2022 é o que a taxa de mortes totalmente atribuíveis ao álcool foi maior.
Fonte: Estudo “Álcool e a saúde dos brasileiros: Panorama” e especialistas consultados.
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