Jejum de 100 horas ganha adeptos, mas é arriscado?
Especialistas alertam que a prática pode causar desidratação, riscos neurológicos, cardiovasculares e até levar ao coma
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Prática comum entre quem deseja perder peso, o jejum intermitente ganha a cada dia novos adeptos. Em geral, quem fez uso da ferramenta fica 12h, 24 ou até 48 horas sem ingerir alimentos sólidos, mas há casos de pessoas que vão além e chegam a ficar até 100 horas sem se alimentar.
É o caso do modelo Mateus Verdelho, de 42 anos, que recentemente passou por jejum de 100 horas, ou seja, cerca de quatro dias. No período, perdeu 5 kg, passando de 85,3 para 79,8 quilos.
Embora tenha destacado que consultou profissionais antes do desafio, especialistas alertam sobre os riscos da prática.
O cirurgião-geral e nutrólogo Roger Bongestab alerta que, dependendo da pessoa, o jejum acima de 18 horas pode causar desidratação, desequilíbrio eletrolítico e riscos neurológicos e cardiovasculares.
Ele destaca que, em pacientes doentes, o jejum extremo aumenta o risco de morte, pois o corpo degrada massa muscular para obter energia. “O organismo não consegue queimar somente a gordura estocada e com isso a gente acaba tendo a perda da massa magra também.”
A endocrinologista Sabrina França destaca que em qualquer esquema de jejum prolongado há riscos, e que ele deve ser realizado sempre com acompanhamento médico, independente do objetivo.
“Existem estudos mostrando alguns benefícios do jejum intermitente para controle do diabetes e perda de peso. Essa é uma estratégia alimentar que precisa ser orientada, para que os benefícios superem os riscos”.
Ela ressalta que, ao passar por jejum prolongado, o corpo reduz a produção de hormônios relacionados ao metabolismo, como a insulina. Isso pode levar a uma diminuição da capacidade do organismo de processar os nutrientes de forma eficiente, como a glicose, que é o principal combustível para as células.
A endocrinologista Lusanere Cruz acrescenta que o processo do jejum vai com o tempo acidificar o corpo. “Esse ‘ambiente’ ácido é extremamente prejudicial”. O cérebro passa a não funcionar em sua forma plena, podendo até levar ao coma.
Ela reforça a regra de que o processo deve ser acompanhado por um especialista, que vai indicar a forma correta para cada caso, no entanto, os protocolos de jejum indicados para alguns casos são os de 8h diárias e 24 horas sendo feito três vezes na semana.
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Benefícios
Estudos apontam benefícios do jejum intermitente no controle do diabetes e na perda de peso.
Durante o jejum, o corpo reduz a produção de insulina e passa a utilizar reservas de gordura como fonte de energia, gerando mecanismos alternativos do metabolismo.
Riscos
Jejuns acima de 18 horas podem causar desidratação, desequilíbrio eletrolítico, quedas de pressão e taquicardia, alterações de concentração e raciocínio, alterações mentais e até crises convulsivas.
Além disso, o corpo pode sofrer perda de massa muscular, desequilíbrios hormonais e deficiências nutricionais.
O cérebro também pode ser afetado pela falta de glicose, resultando em fadiga, confusão mental e irritabilidade.
Riscos do jejum extremo (acima de 100 horas)
Jejuns muito longos fazem o corpo recorrer à gordura e, posteriormente, à massa muscular, como fonte de energia, levando à acidificação do organismo, o que pode prejudicar a produção de hormônios e vitaminas.
O cérebro passa a não funcionar em sua forma plena, podendo até levar ao coma.
Quem pode fazer?
Nem todas as pessoas se adaptam ao jejum, e ele não deve ser aplicado indiscriminadamente.
O acompanhamento médico é essencial, especialmente para indivíduos com doenças crônicas, atletas ou pessoas com histórico de transtornos alimentares.
Cuidados
Acompanhamento médico: Essencial para garantir segurança.
Hidratação adequada: Consumo de água.
Atenção aos sinais do corpo: Fadiga, tontura ou confusão mental exigem interrupção.
É importante avisar alguém. Caso a pessoa sinta desconforto, busque ajuda.
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