Aprovado remédio que vai ajudar 30 mil com diabetes no ES
Insulina de aplicação semanal foi liberada no Brasil para utilização no lugar do medicamento de uso diário
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Pacientes adultos com diabetes poderão contar com um novo medicamento para o tratamento da doença: a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a utilização no Brasil da primeira insulina semanal para tratar o diabetes tipo 1 e alguns casos do tipo 2.
O medicamento poderá beneficiar pelo menos 30 mil pacientes no Espírito Santo, considerando apenas os que possuem diabetes tipo 1 – cerca de 10% da população com a doença que fazem uso contínuo de insulina.
Chamado Awiqli (insulina basal icodeca), o remédio foi desenvolvido pela farmacêutica Novo Nordisk, a mesma fabricante do Ozempic, sendo capaz de substituir as aplicações diárias de insulina de ação prolongada.
A aprovação, feita nessa sexta-feira (07), foi baseada em estudos clínicos. A insulina icodeca permitiu, segundo demonstraram os estudos, um controle estável da glicemia ao longo da semana com uma única injeção semanal (sem que os pacientes apresentassem efeitos adversos graves, como hipoglicemias), sendo eficaz em pacientes com diferentes perfis, incluindo aqueles com disfunção renal.
O tratamento habitual para pessoas com diabetes tipo 1 envolve, conforme explica a endocrinologista Sabrina França, o uso de insulina de longa ação (insulina basal), aplicada uma ou duas vezes ao dia, além da insulina de rápida ação, aplicada antes das refeições.
“O que muda é que o paciente, com a nova insulina de longa ação, passará a usá-la uma vez por semana, mas as de rápida ação ele ainda terá de aplicar durante o dia. O novo tratamento vai facilitar a aderência, porque tem muito paciente que não aplica nos mesmos horários todos os dias, esquece de aplicar ou se confunde”.
No caso do diabetes tipo 2, nem todos os pacientes precisam de insulina, mas quando precisam, usam a insulina de longa ação, que é justamente a nova insulina aprovada.
A endocrinologista Renata Avanza destaca que a aderência ao tratamento tende a reduzir as complicações. “Com uma melhor adesão teremos um melhor controle do diabetes, o que reduz os riscos das complicações no médio e no longo prazo”.
Indicação
De acordo com a presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado (SBEM-ES), Maria Amélia Julião, o paciente melhor indicado a esse tipo de insulina é aquele mais estável. “Pacientes que fazem muita hipoglicemia e que não seguem uma regra de alimentação têm de ser melhor avaliados”.
Apesar da autorização da nova insulina, ainda não há data para o medicamento chegar à população.
SAIBA MAIS
Nova insulina
> A Anvisa aprovou ontem o remédio Awiqli (insulina basal icodeca) para tratamento de pacientes adultos com diabetes tipo 1 e alguns casos do tipo 2 no Brasil, sendo a primeira insulina semanal do mundo, segundo a farmacêutica Novo Nordisk.
Estudos
> A aprovação foi baseada em estudos em pacientes com diabetes com administração semanal de icodeca, que demonstrou a eficácia de Awiqli no controle dos níveis de glicose em pacientes com DM1 (diabetes tipo 1), alcançando controle glicêmico comparável ao da insulina basal diária (como Tresiba, insulina degludeca).
> Pacientes que utilizaram icodeca mantiveram níveis adequados de glicemia ao longo da semana com uma única injeção. Os estudos mostraram ainda que a insulina icodeca demonstrou segurança e controle glicêmico eficaz, comparável ao das insulinas basais diárias, em pacientes com DM2 (diabetes tipo 2).
Aprovação
> A insulina semanal icodeca já foi aprovada para adultos com DM1 e DM2 pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e em países como Austrália, Suíça, Alemanha, Japão e Canadá, além da China, para o tratamento de DM2 em adultos. Os pedidos também já foram submetidos ao FDA (agência dos EUA) para avaliação.
Pacientes no Espírito Santo
Uma em cada 10 pessoas tem diabetes no País. No Estado, esse número representa cerca de 300 mil pacientes, com base nos dados do IBGE de 2022, que apontam uma população de 2.938.808 pessoas acima dos 18 anos. Desses pacientes, 10% tem o tipo 1, ou seja, cerca de 30 mil.
Fonte: Novo Nordisk e IBGE.
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