Gripe já matou três vezes mais que a covid este ano
Especialistas destacam que os idosos são as principais vítimas e que a baixa procura pelas vacinas contribui para o aumento das mortes
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O avanço dos casos de gripe no País – especialmente do vírus influenza A – tem elevado também as internações e mortes por complicações da doença. Este ano, o número de pessoas que morreram por gripe já é três vezes maior que as mortes registradas por covid.
Os dados apontam que neste ano, até o dia 19 deste mês, foram registradas 2.416 mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave no Brasil provocadas pela influenza. Já a covid matou 852 pessoas no País até a 29ª semana epidemiológica.
Os dados fazem parte do Informe Vigilância das Síndromes Gripais, da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, do Ministério da Saúde.
O médico infectologista Lauro Ferreira Pinto afirma que os dados nacionais apontam que, pela primeira vez desde a pandemia, a gripe está matando mais que a covid.
Ele ainda salientou a preocupação maior com as pessoas com mais idade. “O risco de morte principal é nos idosos. As pessoas relaxaram com a vacinação. O idoso precisa entender que ele não gripa por causa da vacina, mas apesar dela. O idoso que se vacina pode pegar gripe – até porque ele tem uma resposta menos eficaz. Mas, com a vacina, o risco de hospitalização e morte cai muito”.
A médica infectologista Rubia Miossi ressalta que a baixa procura pela vacinação vem preocupando nos últimos anos.
“O que assustou bastante este ano, no entanto, é a quantidade de óbitos por influenza A. Em sua maioria, de idosos, e idosos que não tinham tomado vacina da gripe. Vejam, a vacina está disponível há muito tempo, bastando ir a qualquer unidade de saúde. Não faz sentido, diante de um cenário desse, a pessoa não se vacinar”.
Ela atribui a baixa procura também às “fake news” relacionadas à imunização. “Infelizmente, a população que está mais fragilizada é a que acaba sofrendo”.
Estado
A referência técnica do Programa Estadual de Imunizações (PEI), Danielle Grillo, também diz que a população idosa é a que mais sofre com complicações da gripe.
Dos 70 óbitos registrados no Espírito Santo por síndrome respiratória aguda grave causada por influenza até 17 de julho, 49 eram pessoas com mais de 60 anos. As outras 21, segundo ela, eram pessoas entre 18 e 59 anos, principalmente com comorbidades.
SAIBA MAIS
Mortes no País
Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag):
- Causada por influenza: 2.416 (1.573 pessoas com mais de 65 anos de idade).
- Causada por covid: 852 (619 mortes de pessoas com mais de 65 anos de idade).
Mortes no Estado
- 70 pessoas morreram por SRAG causada por vírus influenza.
Mensagem para 70 mil idosos

Como forma de reforçar a imunização do público mais vulnerável a complicações e formas graves da gripe, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) iniciou, nesta semana, o envio de mensagens de texto (SMS) para mais de 70 mil idosos capixabas que ainda não se vacinaram contra a influenza.
A referência técnica do Programa Estadual de Imunizações (PEI), Danielle Grillo, explicou que a mensagem funciona como um alerta. “É mais uma ferramenta para apoiar os municípios, que já fazem busca ativa no território. O objetivo é comunicar diretamente idosos ainda não vacinados”.
Segundo Danielle, o alerta é disparado com base nos dados do sistema estadual “Vacina e Confia”, que reúne informações de mais de 4 milhões de pessoas no Estado.
“A partir desse banco, são identificadas as pessoas com mais de 60 anos que ainda não tomaram a dose da vacina com a cepa de 2025, em aplicação desde fevereiro”.
Para receber os alertas da Sesa, no entanto, Danielle reforçou a necessidade de ter no cadastro o número de celular. “Para quem está com o cadastro sem o telefone no Vacina e Confia, é importante atualizar os dados pelo portal ou mesmo indo até as unidades de saúde”, ressaltou Danielle.
Ela apontou que a campanha de vacinação contra a gripe ainda está longe da meta estipulada pelo Ministério da Saúde, que é de 90% para os grupos prioritários.
No Espírito Santo, entre os idosos, a cobertura está em 52,94%. O grupo de gestantes tem a maior adesão, de 61,4%. Já entre crianças entre 6 meses e menores de 6 anos, o índice é de 52,36%.
Apesar do foco atual estar nos idosos, a vacina está liberada para toda a população a partir dos seis meses de idade.
SAIBA MAIS
Alertas
> A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), por meio do Programa Estadual de Imunizações, começou, nesta semana, a enviar alertas por meio de mensagens SMS para pessoas com mais de 60 anos que ainda não receberam a dose de vacina da influenza em 2025.
> As mensagens orientam sobre a importância de se imunizarem.
> Ao todo, já foram mais de 70 mil mensagens enviadas a esse grupo.
> A medida tem o objetivo de reforçar a estratégia de mobilização de vacinação, assim como ampliar a cobertura desse público.
Metas
> A meta para grupos prioritários – idosos, grávidas e crianças entre 6 meses e 6 anos – é vacinar 90%.
> No entanto, segundo dados do Vacina e Confia (VeC), o Espírito Santo havia alcançado a cobertura de 52,94% no público de idosos com 60 anos ou mais.
> A cobertura total, que considera os grupos de crianças de 6 meses de idade a menores de 6 anos, gestantes e idosos, é de 52,85%.
Fonte: Sesa.


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