Espírito Santo descarta suspeita de intoxicação por metanol
Balanço divulgado pelo Ministério da Saúde ontem indicava um caso suspeito no Espírito Santo, o que foi negado pela Sesa

A Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) divergiu do Ministério da Saúde, na noite de ontem, e descartou um suposto caso de intoxicação por metanol no Estado. No final da tarde, a pasta nacional havia informado que um caso estaria sendo investigado no Espírito Santo.
Por nota, a Sesa informou que não há caso local de intoxicação por metanol. Explicou que o caso informado pelo Ministério da Saúde foi descartado, após a investigação.
O Ministério da Saúde divulgou ontem que o total de notificações de casos suspeitos no País subiu para 195 em 14 estados e no Distrito Federal, totalizando 15 unidades da federação afetadas.
Do total, 14 foram confirmados, todos em São Paulo, que registrou ontem a segunda morte por consumo de bebida adultada. A vítima é um homem de 46 anos, morador da capital paulista, que estava internado após consumir uma bebida suspeita de adulteração.
Até o boletim anterior, divulgado na sexta-feira, o Ministério da Saúde registrava 113 casos suspeitos em seis unidades da federação.
Por conta do aumento no número de casos e após um homem ser preso por suspeita de comercializar bebidas falsificadas para bares e consumidores de Cachoeiro de Itapemirim e Marataízes, a Polícia Civil vai rastrear a venda de gin, vodca e uísque no Estado.
O objetivo é saber se os produtos falsificados também foram comercializados em outros municípios, bem como se há outras pessoas envolvidas na venda desses produtos.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, voltou ontem a pedir para que a população tenha cautela no consumo de bebida destilada.
“Quero dar uma recomendação para a população como um todo, e dou como ministro da Saúde e como médico: neste momento, evite ingerir bebidas destiladas, sobretudo aquelas em que a garrafa é feita com a rosca. Estamos falando de um produto que é de lazer, não é um produto da cesta básica alimentar”, orientou.
O ministro também alertou os comerciantes para que redobrem a atenção com a compra de bebidas de fornecedores, garantindo certificação de origem, mas ressalvou que não há motivo para pânico.
Especialistas explicam efeitos no organismo
Que o metanol é perigoso para a saúde, todo mundo sabe. Mas você faz ideia do porquê? Responsável por funções importantes para o funcionamento do corpo, o fígado tem um enorme papel nessa história.
Segundo a hepatologista Caroline Alcure, ao ser ingerido, o metanol presente nas bebidas alcoólicas adulteradas é absorvido no trato digestivo e vai para o fígado, onde é metabolizado. “Ou seja, enzimas transformam o metanol em formaldeído e, depois, ácido fórmico, que é tóxico ao organismo”.
Médicos apontam que, por conta do ácido fórmico, as mitocôndrias, responsáveis pela geração de energia dentro das células, são prejudicadas, levando (ou gerando) à acidose metabólica.
Sobre os sintomas, ela disse que geralmente aparecem entre 12h e 24h após a ingestão do metanol, e as manifestações iniciais são semelhantes à intoxicação por etanol, como dor abdominal, náuseas, vômitos ou cefaleia, mas podem chegar a convulsões e coma.
Diferentes partes do corpo são afetadas com os desequilíbrios, e o nervo óptico, que permite que os olhos enviem sinais ao cérebro, é um exemplo.
Rinara Angélica Machado, médica toxicologista do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox), disse que alterações visuais são o ponto chave da intoxicação. “Pode começar com um borramento de visão e culminar com uma cegueira parcial ou total”.
Juliano Souza Ribeiro, coordenador do laboratório de Análise de Cervejas e Matérias Primas do Ifes de Vila Velha, disse que o metanol é incolor e inodoro, o que dificulta sua identificação. Explicou que ele é um composto químico usado com matéria-prima na indústria química.

Metanol no corpo
Produto afeta olhos, cérebro, coração, pulmão e fígado
Cérebro - sistema nervoso central sofre com a intoxicação
Olhos - Nervo óptico pode ser lesionado
Coração - podem ocorrer arritmias e perda de força contrátil
Pulmão - pode haver insuficiência respiratória
Fígado - metaboliza metanol em ácido fórmico. Tóxico para o organismo, prejudica as mitocôndrias
Sintomas da intoxicação
- Dor abdominal
- Náuseas
- Vômitos
- Cefaleia
- Visão turva
- Fotofobia (sensibilidade à luz)
- Convulsões
- Alteração do nível de consciência
- Falta de ar
- Coma
Fonte: Pesquisa AT e especialistas consultados.
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