ES tem nove casos de pacientes com micobactéria
Número se refere a novos registros neste ano após cirurgias. Dois setores de um hospital particular foram interditados
Escute essa reportagem
De tratamento longo e que, muitas vezes, resultam em sequelas para os pacientes, os casos confirmados de infecção por micobactéria após cirurgias chegam a nove este ano no Estado. Na última quinta-feira (22), dois setores de um hospital particular foram interditados pela Vigilância Sanitária Estadual.
As infecções por Micobactéria de Crescimento Rápido (MCR), são conhecidas no Estado, que teve mais de 200 casos confirmados entre 2007 e 2009. Em 2022, foram 25 casos de contaminação, sendo o maior número nos últimos cinco anos.
Leia outras notícias de Saúde aqui
Sobre o tema, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que a Vigilância Sanitária realizou, na última quinta-feira, uma interdição cautelar em dois setores de um hospital privado “por apresentarem risco iminente à saúde”.
De acordo com a Secretaria, nesses serviços, a Vigilância Sanitária identificou um caso positivo e um caso suspeito (que está em análise no Laboratório Central - Lacen), não configurando surto.
A Secretaria esclareceu que não há prazo para concluir a interdição cautelar, e a Vigilância Sanitária deve fazer nova inspeção no local interditado para conferir se todas as adequações foram realizadas. Só depois dessa conferência é que o espaço poder ser reaberto.
A Sesa ainda explicou que o Estado faz vigilância ativa de casos de Micobactéria de Crescimento Rápido (MCR) alinhado ao Sistema Nacional durante todo o ano.
“É um monitoramento contínuo que faz parte das ações de rotina da Vigilância Sanitária Estadual”, afirmou por meio de nota.
Segundo a Secretaria de Saúde, as equipes realizam inspeção e análise de notificações nos estabelecimentos, com monitoramento das práticas de prevenção e controle de infecção, e acompanhamento dos indicadores de resultados.
A atuação das instituições também é acompanhada para que as adequações estabelecidas sejam adotadas.
“É importante ressaltar que, eventualmente, a micobactéria é identificada em infecções cirúrgicas, não só no Estado como em todo o País”.
De acordo com a legislação vigente, a responsabilidade do tratamento e acompanhamento do paciente é do hospital.
Já a Vigilância Sanitária faz a gestão do risco com objetivo de controlar o surto e garantir o restabelecimento da segurança do procedimento, além de cobrar do estabelecimento de saúde o suporte ao paciente.
Tratamentos têm durado de três meses a um ano
Mesmo com avanços, o tratamento dos casos de Micobactéria de Crescimento Rápido ainda é complexo e demanda uma combinação de antibióticos e limpeza cirúrgica nos locais da infecção.
A médica infectologista da referência estadual para controle de tuberculose e micobactérias, Melissa Fonseca Andrade, explicou que o tratamento varia de três meses a um ano. “As micobactérias são resistentes a vários antimicrobianos, mas durante o tratamento ainda podem desenvolver resistência”.
Ela revelou que o tempo de tratamento irá depender da espécie da micobactéria, local da infecção, da profundidade da lesão e de uma boa limpeza cirúrgica do local.
“A maior parte dos casos de micobactéria está relacionado a cirurgias plásticas de mama. As mamas são compostas por 'gordura' e glândulas e este tipo de bactéria tem na gordura um meio ideal para se manter. Também já vemos casos em cosmiatria, com profissionais de diferentes formações usando técnicas de preenchimentos e bioestimuladores”.
O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, regional Espírito Santo, Luiz Fernando Vieira Gomes, destacou que o rigor da esterilização e fiscalização dos materiais aumentou nos últimos anos em todas as especialidades cirúrgicas. “Além disso, todos os profissionais passaram a diagnosticar de forma precoce as infecções, reduzindo as sequelas”.
SAIBA MAIS
Infecções por micobactéria
> A infecção por Micobactéria de Crescimento Rápido (MCR) associada a serviços de saúde é considerada um problema de saúde pública, sendo de notificação compulsória (obrigatória) em todo País.
> Os casos são monitorados pelas Vigilâncias Sanitárias estaduais e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
> A micobactéria, que está em vários ambientes como o solo e a água, pode ser transmitida durante procedimentos e cirurgias de diferentes especialidades. Geralmente, a contaminação se dá por meio de instrumentos e materiais cirúrgicos, após falhas em processos de desinfecção e esterilização.
> Entre as consequências, pacientes relatam uma série de sequelas, como deformidades e dores, além de tratamento longo.
Surto em 2007
> No Espírito Santo, um surto de micobactéria levou à contaminação de mais de 200 pessoas entre 2007 e 2009.
> Neste período, uma série de medidas e reforços em procedimentos foram feitos para conter novos casos.
> Médicos chegaram a ser investigados e indiciados pela Polícia Civil.
Novo surto
> No ano passado, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) confirmou que foram registrados 25 casos de infecção por micobactéria, com número maior que registrado nos últimos anos.
> A Anvisa, em setembro de 2022, confirmou que enviou equipe do Estado para apoiar as inspeções sanitárias em alguns serviços de saúde que realizam cirurgias por causa do surto.
> No ano passado, uma clínica de Vila Velha teve as cirurgias plásticas de mama suspensas após serem registrados 12 casos de infecções por micobactérias.
Caso neste ano
> A Secretaria da Saúde (Sesa) informou na sexta-feira (23) que, na última quinta-feira (22), foi realizada uma interdição cautelar em dois setores de um hospital privado por apresentarem risco iminente à saúde, até que sejam sanados os riscos apontados.
> A Vigilância Sanitária identificou um caso positivo e um caso suspeito (que está em análise no Laboratório Central - Lacen), não configurando surto para este serviço de saúde.
> Ainda não há prazo para concluir a interdição. A Vigilância Sanitária deve fazer nova inspeção no local para conferir se todas as adequações foram realizadas. Só depois dessa conferência é que o local poder ser reaberto.
> O nome do local não foi informado pela Sesa.
Fonte: Pesquisa A Tribuna e Sesa.
LEIA TAMBÉM:
Gel para o sexo é aprovado nos EUA
Ministério conclui compra de insulina e prevê distribuição na próxima semana
Comentários