ES inicia troca da vacina da gotinha pela injeção contra poliomielite
Esquema vacinal das crianças será todo com imunizantes injetáveis. Decisão do Ministério da Saúde é baseada em evidências científicas
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O imunizante oral contra poliomielite (VOPb), mais conhecido como “vacina da gotinha”, dará adeus à população a partir de novembro. No lugar dele, a versão inativada (VIP), que é injetável, marcará totalmente o esquema vacinal das crianças.
Conforme o Calendário Nacional de Vacinação, a VIP já é aplicada aos dois, quatro e seis meses de vida do bebê. Aos 15 meses e aos 4 anos, havia o reforço com as gotinhas. Agora, porém, o reforço será com a injetável, que deverá ser aplicada aos 15 meses. A dose aos 4 anos não será mais necessária.
De acordo com o Ministério da Saúde, essa substituição foi baseada em critérios epidemiológicos, evidências científicas sobre a vacina e recomendações internacionais para deixar o esquema vacinal ainda mais seguro. Nações europeias e os Estados Unidos já utilizam esquemas vacinais exclusivos com a VIP, por exemplo.
“A vacina oral é feita de vírus vivo atenuado, e a outra não tem o vírus vivo. A de gotinha, além de dar a proteção para quem recebe, também dissemina esse poliovírus vacinal no ambiente (por meio das fezes) e faz algo chamado de imunidade de rebanho”, explicou Danielle Grillo, coordenadora do Programa Estadual de Imunizações e Vigilância das Doenças Imunopreveníveis da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
“Quando tínhamos as grandes epidemias da poliomielite, na década de 80, essa vacina (VOPb) foi fundamental para chegarmos ao patamar de quase ter a erradicação dessa doença no mundo”, afirmou.
A profissional esclarece que a doença ainda não foi erradicada, mas está desaparecendo do planeta. “Agora, no cenário atual, utilizar uma vacina de vírus vivo atenuado poderá acarretar o risco de uma derivação desse vírus vacinal e ter a chamada poliomielite derivada da vacina. Por esse motivo, o Ministério da Saúde está adotando essa iniciativa de usar o imunizante inativado”, completou.
Na última segunda-feira (30), a Sesa iniciou o recolhimento dos estoques da VOPb em todos os municípios. A ação ocorrerá até 03 de novembro. Durante esse período, os serviços de vacinação do Estado não estarão realizando o reforço da vacina contra a poliomielite em virtude da substituição.
A partir do dia 04 de novembro, os dois reforços com VOPb, que eram realizados para imunização contra a poliomielite aos 15 meses e aos 4 anos, serão realizados unicamente com a VIP aos 15 meses.
Mais segurança
Mãe do pequeno Dante, de 3 anos, e grávida de seis meses de Levi, a enfermeira Thuany Küster, de 35 anos, contou que gostou da substituição das vacinas de poliomielite.
“Ela promoverá mais segurança contra a doença. A Organização Mundial da Saúde (OMS) orientou sobre a importância da vacinação na forma injetável”.
Fique por dentro: substituição de vacinas
Esquema vacinal
A partir de 04 de novembro, com a gotinha deixando de ser utilizada, será necessária apenas uma dose de reforço com a VIP, aos 15 meses de idade, de modo que o esquema vacinal com o referido imunobiológico será: dois meses (primeira dose - D1), quatro meses (D2), seis meses (D3) e 15 meses (dose de reforço).
Antes, a gotinha era usada como dose de reforço aos 15 meses e 4 anos. A partir de agora, a criança que recebeu o esquema básico completo (D1, D2 e D3) e um reforço com a VOP B deverá receber o reforço com a VIP. O intervalo mínimo entre o reforço e a VIP deve ser de 30 dias. Quem tomou o esquema completo e as duas doses de reforço com a VOP não precisa administrar nova dose.
Decisão
De acordo com Danielle Grillo, coordenadora do Programa Estadual de Imunizações e Vigilância das Doenças Imunopreveníveis da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), a substituição tem o objetivo de ser uma decisão definitiva.
Números
Segundo dados do Vacina e Confia, o Espírito Santo apresenta uma cobertura vacinal da poliomielite de 88,67%. Os dados são referentes ao período de janeiro a agosto deste ano. A vacina contra a poliomielite é uma das que possui meta de cobertura definida pelo Ministério da Saúde, de 95%. No ano passado, a cobertura foi de 86,35%.
O ministério da Saúde disse que o Brasil está há 34 anos sem a doença.
Zé gotinha
O Zé Gotinha não deixará de existir. Criado nos anos 1980, ele é uma marca da luta contra a poliomielite, mas também entrou em campo para alertar sobre a prevenção de outras doenças imunopreveníveis, como o sarampo.
Fonte: Ministério da Saúde e Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
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