ES confirma 46 casos de coqueluche e preocupa médicos
Até agora foram registrados 343 casos suspeitos e 46 confirmações da doença, que provoca tosse descontrolada
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Tosse seca que começa leve e, ao longo dos dias, vai evoluindo para severa e descontrolada. Esse é um dos sintomas de uma doença que tem apresentado um aumento de casos este ano e gerado preocupação entre especialistas: a coqueluche.
Somente no Estado, foram registrados 343 casos suspeitos e 46 confirmações da doença. O número é superior a 2023, no mesmo período, quando foram 33 notificações suspeitas e 5 casos confirmados. Não há registro de mortes.
A coordenadora do Programa Estadual de Imunizações e Prevenção das Doenças Imunopreveníveis da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Danielle Grillo, explicou que não só o Brasil, mas também outros países no mundo vivem em surto de coqueluche.
“Uma das questões é que nós ainda não atingimos o patamar mínimo de cobertura vacinal. Além disso, a coqueluche é uma doença cíclica, com aumento de casos a cada três a cinco anos”.
Ela enfatizou que, somado a esses fatores, alguns estudos têm demonstrado uma mutação da Bordetella pertussis – bactéria que causa a coqueluche. “ Isso faz com que a imunização seja ainda mais importante, já que ela previne as formas mais graves da doença”.
Segundo a coordenadora de imunizações, a necessidade de receber a vacina é ainda maior em bebês e grávidas. “Na criança menor de até seis meses de vida, a coqueluche pode ser muito grave e, inclusive, levar à morte”.
Sobre a cobertura vacinal, a pentavalente está aproximadamente em 90%, mas a meta é alcançar 95% do público-alvo. Já com relação à vacinação de mulheres grávidas, com o imunizante dTp acelular, está em torno de 80%, com a meta de 95%.
A pneumologista e especialista em Medicina do Sono Jéssica Polese afirma que o aumento de casos gera uma preocupação, já que indica uma cobertura vacinal que está abaixo do que deveria.
“Os mais atingidos são as crianças pequenas e os imunossuprimidos. No adulto vacinado, a doença pode passar como um resfriado e muitas vezes nem é feito o diagnóstico de coqueluche”.
A pneumologista Carla Bulian explicou que a doença se transmite por gotículas na tosse da pessoa com infecção. “Crianças abaixo de 6 meses e acima de 60 anos com comorbidades – principalmente doenças pulmonares crônicas – estão entre os grupos de risco. Esse aumento de casos preocupa para esses grupos, em que a infecção pode levar a um quadro mais grave”.
PROTEÇÃO
Prestes a dar à luz, a estudante Amanda Chartuni, de 28 anos, já tomou a vacina contra a coqueluche para proteger Clara, seu bebê.
“As vacinas são fundamentais para proteger tanto a mãe quanto o filho de infecções graves. Ao tomar as vacinas, a gente se protege e também passa os anticorpos para nosso bebê”, destaca.
SAIBA MAIS
Coqueluche
> É uma infecção respiratória, transmissível e causada por bactéria (Bordetella pertussis). Está presente em todo o mundo.
> Sua principal característica são crises de tosse seca. Pode atingir, também, traqueia e brônquios.
> Crianças menores de seis meses podem apresentar complicações da coqueluche que, se não tratada corretamente, pode levar à morte.
Transmissão
> Ocorre, principalmente, pelo contato direto do doente com uma pessoa não vacinada por meio de gotículas eliminadas por tosse, espirro ou até mesmo ao falar.
Sintomas
> Fase inicial: Começa como um resfriado comum, com sintomas leves como febre baixa, mal-estar geral, coriza e tosse seca. Gradualmente, a tosse se torna mais intensa.
> Fase de tosse intensa: A tosse se torna forte e incontrolável, com crises súbitas que podem causar vômitos. Durante as crises, a pessoa pode ter dificuldade para inspirar, e, às vezes, pode fazer um som agudo ao inspirar (guincho). A fase pode durar até seis semanas.
> Fase de recuperação: A tosse começa a diminuir em frequência e intensidade, mas pode persistir por até três meses.
Menores de 6 meses
Eles são mais propensos a formas graves da doença, muitas vezes letais, que podem incluir crises de tosse, dificuldade para respirar, sudoreses e vômitos. Também podem ocorrer episódios de apneia, parada respiratória, convulsões e desidratação.
VACINAÇÃO
> A principal forma de prevenção da coqueluche é a vacinação.
Esquema vacinal (crianças)
> O esquema vacinal primário é composto por três doses (aos 2, 4 e 6 meses de vida, com intervalo de 60 dias, mínimo de 30 dias) da vacina pentavalente, que previne contra a difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecções causadas pelo Haemophilus influenzae B).
> As doses são seguidas dos reforços com a vacina DTP, contra difteria, tétano e coqueluche, aos 15 meses e aos quatro anos.
Grávidas
> Uma das formas de proteção contra a coqueluche é a vacinação durante a gravidez, pois ajuda a proteger o bebê por meio da transferência de anticorpos que acontece durante a gravidez.
> A dose da vacina dTpa (versão acelular da vacina contra difteria, tétano e coqueluche) deve ser aplicada, preferencialmente, a partir da 20ª semana de cada gravidez, podendo ser aplicada até 45 dias após o nascimento do bebê (puerpério).
> A vacina dTpa também está disponível para trabalhadores da saúde e de berçários e creches.
Aumento de casos
No Brasil e no mundo
> Dezenas de países da União Europeia registram aumento de casos de coqueluche, assim como alguns países da Ásia e América do Sul.
> No Brasil, o último pico epidêmico de coqueluche ocorreu em 2014, quando foram confirmados 8.614 casos.
> Este ano, alguns estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais já apresentam também aumento do número de casos.
No Espírito Santo
> Neste ano, até a semana epidemiológica 40, foram registrados 343 casos suspeitos e 46 confirmados de coqueluche.
> Em 2023, no mesmo período, foram 33 notificações suspeitas e 5 confirmações. Não há registro de mortes pela doença no Estado.
> A Sesa reforça que em razão do alerta emitido pelo Ministério da Saúde, devido à grande circulação do vírus em todo Brasil, houve aumento no número de notificações nas últimas semanas.
Fonte: Ministério da Saúde e Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
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