Epidemia de sedentarismo atinge mais de 1,6 milhão de pessoas no Espírito Santo
Número do Estado é calculado com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Veja o que dizem os especialistas
Qual foi a última vez que você caminhou por mais de 30 minutos sem que estivesse fazendo uma atividade física? Costuma ir de carro à padaria, ao supermercado ou à farmácia?
Essa falta de movimento – o sedentarismo – tratado por especialistas como uma epidemia silenciosa, atinge mais de 1,6 milhão de crianças, adolescentes e adultos no Espírito Santo.
O número do Estado é calculado com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontam 47% dos brasileiros adultos como sedentários. Entre crianças e adolescentes, de 11 a 17 anos, o número é maior e ainda mais alarmante: 84%, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para a pediatra Bruna de Paula, o sedentarismo infantil acontece como resultado de vários fatores: excesso de telas (que acabam substituindo a brincadeira ativa), rotina familiar corrida (os pais estão cada vez mais cansados, por conta do excesso de trabalho, tendo pouco tempo para oferecer brincadeiras ao ar livre), alimentação inadequada, sono ruim e pais mais sedentários, não servindo como bons exemplos para os filhos.
Além de tudo isso, Bruna destaca também a violência urbana, que, segundo ela, mudou completamente a infância. “Muitas famílias não se sentem seguras para deixar a criança brincar na rua, andar de bicicleta no quarteirão ou ir sozinha à casa de um amigo. O resultado é uma infância mais confinada, entre paredes, telas e horários rígidos”.
A endocrinologista Marina Cunha, professora de Medicina na Ufes e certificada em Medicina do Estilo de Vida, explica que o sedentarismo diz respeito ao tempo gasto em atividades de baixo gasto energético, como assistir à televisão, trabalhar no computador, dirigir ou ler, quando se está acordado.
“É diferente de ser inativo fisicamente. Enquanto a inatividade física se refere à não realização de atividade física suficiente — como academia, esportes, corrida, bicicleta ou outras atividades programadas —, o sedentarismo está relacionado ao excesso de tempo com pouco ou nenhum movimento ao longo do dia, mesmo fora dos momentos de exercício”.
Na avaliação do médico Daniel Morandi, pós-graduado em geriatria, hoje um dos maiores obstáculos para que as famílias sejam mais ativas está no comodismo.
“Há aqueles que acham que não têm mais tempo, que a idade chegou e não tem mais jeito. Precisamos conseguir parar, respirar e nos priorizar. Estamos nos esgotando e nos destruindo aos poucos, e a conta sempre chega no final”, alerta.
Números
- 47% dos brasileiros adultos são sedentários, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
- 1.381.558 adultos seriam sedentários no Estado, considerando a população adulta do Espírito Santo, com base no Censo 2022.
- 81% dos jovens escolarizados entre 11 e 17 anos em todo o mundo são sedentários, de acordo com estudo recentemente divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
- 283.919 crianças e adolescentes são sedentários no Estado, considerando a faixa etária de 11 a 17 anos. O número foi calculado com base no Censo do IBGE de 2022.
- A soma do número de adultos, crianças e adolescentes sedentários no Espírito Santo, levando em conta as porcentagens do IBGE e da OMS, chega a 1.665.477.
Comentários